L A N Ç A M E N T O

Cantor: LULA QUEIROGA

CD: “AZUL INVISÍVEL, VERMELHO CRUEL”

Gravadora: INDEPENDENTE

É marcante e inquestionável a influência que o trabalho do pernambucano Lenine exerce sobre o do compositor e cantor Lula Queiroga, seu conterrâneo, seja na forma de compor, seja no jeito de cantar, seja na maneira de executar os arranjos. Soaria suspeito se ambos não tivessem praticamente começado as suas carreiras na mesma época. Mas o primeiro disco deles, que saiu em 1983 e se intitulou “Baque Solto”, foi em conjunto, e ali a parceria entre os dois, que permanece com fluidez até hoje, começou a se concretizar através da canção “Trem Fantasma”.

Depois do ótimo CD “Aboiando a Vaca Mecânica”, lançado em 2001 e do qual constam as excelentes canções “O Habitat da Felicidade”, “Noite Severina” e “Rosebud”, Lula está colocando no mercado, de maneira independente, o seu mais novo trabalho que recebeu o título de “Azul Invisível, Vermelho Cruel”. Samplers e complementos eletrônicos povoam quase todas as faixas do disco que conta com as participações especiais de Lenine em “Discovery” e “Loa da Lagoa” (abrindo e fechando o CD), além de Pedro Luís em “A Telefonista na Floresta Predial” e de Silvério Pessoa em “Olhando o Movimento”.

É fato que não se trata de um álbum tão bom quanto o anterior, mas há de se ressaltar que Lula, inobstante o já ressaltado no primeiro parágrafo deste texto, continua buscando o seu próprio lugar ao sol. E o faz com talento e competência, tentando equilibrar as diversidades e adversidades. Prova disso é a beleza de faixas como “O Mistério do Fundo do Olho”, “Duvidez”, “Conceição dos Coqueiros” e “Atirador”, estas duas últimas, de longe, as melhores do CD. Vale a pena!

N O V I D A D E S

·                     Depois de anos vivendo em Minas Gerais, o compositor e cantor Jorge Dissonância está temporariamente de volta a Aracaju. Aqui, nos dias 15 e 16 deste mês, sempre às 21 horas, estará apresentando o show “Beijo-In” no palco do Espaço Cultural Yázigi, situado à Rua Vereador João Calazans, nº 494, Bairro 13 de Julho. Imperdível para quem aprecia música de qualidade!

·                     Antes do final do ano, deverá ficar pronto o novo CD de Chico Buarque. O artista já voltou a compor e deverá incluir, além de “Renata Maria” (parceria com Ivan Lins que vai entrar no próximo CD de Leila Pinheiro) e de “Fora de Hora” (parceria com Dori Caymmi que constará do próximo trabalho de Joyce), as inéditas “Por Que Era Ela, Por Que Era Eu”, tema composto para o filme “A Máquina” a partir de frase do filósofo Montaigne, e “As Atrizes”, inspirada nas divas do cinema e composta em recente viagem feita à França para o lançamento do seu livro “Budapeste”. Também é dada como certa no repertório do esperado CD de Chico uma parceria com José Miguel Wisnik, esta ainda sem título definitivo mas que sairá antes no disco que Gal Costa grava atualmente nos estúdios da Trama.

·                     Já nas lojas o novo disco do compositor e cantor Zé Ricardo que tem o seu trabalho voltado para a chamada soul music. O CD (que sai também em DVD) foi gravado ao vivo e tem vários convidados especiais como Djavan, Sandra de Sá, Toni Garrido e Ed Motta. Há releituras de sucessos de Jorge Ben Jor (“Mas que Nada”) e de Tim Maia (“Bom Senso”).

·                     A gravadora Som Livre (que de boba não tem nada) irá lançar um CD especial para a trilha da novela “América” que substituirá “Senhora do Destino” a partir do próximo dia 14 deste mês. O projeto objetiva regravações de clássicos da MPB por artistas renomados da atualidade. Assim, dentre outros, o goiano Leonardo cantará “Nervos de Aço”, clássico da lavra de Lupicínio Rodrigues, a baiana Ivete Sangalo revisitará, em ritmo de salsa, “Soy Loco por Ti América”, parceria tropicalista de Gilberto Gil e Capinam, e o carioca Martinho da Vila interpretará “Feitiço da Vila”, uma das obras-primas de Noel Rosa.

·                     Pela Niterói Discos, está sendo lançado o primeiro CD de Gisele Peçanha, cantora carioca de voz firme e grave. A bela, que lembra fisicamente a Ângela Ro Ro de uns vinte anos atrás, também compõe e o faz com delicadeza e inteligência. De sua lavra, os destaques são “Cantiguinha”, “Souvenir” e “Dezembro”. Mas há também boas releituras para canções consagradas, como é o caso de “Cantiga por Luciana” (de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), “Tintim por Tintim” (de Haroldo Barbosa) e “Lendas Brasileiras” (de Guinga e Aldir Blanc), esta já registrada anteriormente com maestria tanto por Chico Buarque quanto por Ithamara Koorax. O disco ainda conta com a participação de Altay Velloso em “Renascer”, canção imortalizada por Zizi Possi. Uma boa estréia para uma artista que promete!

·                     A baiana Carla Visi foi, por um bom tempo, vocalista da banda Cheiro de Amor. A sua primeira experiência em carreira solo se deu em 2001 com o lançamento do ótimo CD “Só Chamei Porque Te Amo – Carla Visita Gilberto Gil”, quando reuniu diversas músicas do atual Ministro da Cultura, chegando até a ganhar dele uma canção inédita e garantir participação especial do próprio naquele trabalho, além da do maranhense Zeca Baleiro. Pois bem! Carla acaba de lançar o seu segundo CD intitulado “Por Todo Canto” e, para não negar as suas origens, nele incluiu axé (“África Mulher” e “Êta Vida Muito Louca”) e samba-reggae (“Intensamente” e “Claro”). Mas o disco não se resume a tais ritmos percussivos e a faixa-título, por exemplo, é uma balada daquelas bem caprichadas que a cantora ganhou do compositor paulista Guilherme Arantes, ora radicado em terras soteropolitanas. Esqueça-se a marcante influência de Daniela Mercury no seu canto e leve-se em conta que Carla tem voz bonita e interpreta muito bem, além do que há canções bastante interessantes, tais como o belo batuque “Cigano”, o reggae “Santa Fé” e o afoxé “Salvador Salvador”. Ah! E tem ainda a esplêndida releitura do sucesso “Jeito Faceiro”, registrada somente com teclados e percussão, o que por si só já valeria o disco. Corra e conheça!

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