L A N Ç A M E N T O

Cantor: MARCUS VINÍCIUS

CD: “O VERBO”

Gravadora: SOM LIVRE

Para quem já não lembra, Marcus Vinícius foi o ganhador da 2ª edição do “Fama”, levado ao ar pela Rede Globo. Depois de um tempo considerável do final do referido programa, somente agora o garoto está lançando o seu prometido CD através da gravadora Som Livre. São onze faixas, a maioria delas de autoria do próprio Marcus, revestidas com tratamento que remetem ao pop moderno.

Embora facilmente constatável a produção frouxa do trabalho, vez que previsível e sem quaisquer arroubos de ousadia, é incontestável que o rapaz canta bem, apesar de, por vezes, exagerar em certos maneirismos vocais, os quais (totalmente dispensáveis) se fazem utilizados por quase 100% dos jovens intérpretes nacionais.

O problema maior do disco, todavia, reside no fato de que o que falta nele é mesmo música de boa qualidade. É certo que arranjos bem estruturados, uma produção caprichada e um intérprete sensível podem fazer crescer uma canção apenas mediana, mas aqui ocorre que nem em novela. Pode-se ter um renomado diretor, um elenco de peso e se gastar grandes quantias com locações estrangeiras e belos cenários, mas se a história não for boa (leia-se: se o autor não for criativo o suficiente para saber conduzir com destreza o enredar de suas tramas), o púbico não acompanha e, conseqüentemente, a audiência não deslancha.

É isso o que também acontece no mundo da música. Uma boa canção é fundamental, daí porque se faz de importância ímpar o trabalho do compositor. É ele o nascedouro de tudo, é da inspiração dele que surge a base de um trabalho que venha a valer a pena.

Mas voltando para o CD ora em análise: não é que o trabalho autoral de Marcus Vinícius seja de todo ruim. E nem se pode julgar o rapaz apenas por este primeiro trabalho. Há até canções bem bacanas, como, por exemplo: “Negras Perucas” (em que se chega a ouvir ecos de Djavan) e as calminhas “Encarte” e “Pro Meu Futuro”, mas não há como negar que as demais se tornam totalmente descartáveis. Não é à toa que os melhores momentos do disco ficam com as duas regravações escolhidas: “Tempo Rei” e “Me Abraça e Me Beija” (de Lazzo e Gileno Félix), ambas devidamente adaptadas à roupagem pop do trabalho. Na primeira, uma inspirada criação de Gilberto Gil, a nova divisão adotada mostra que Marcus é inteligente o bastante para ousar vôos mais altos.

Como faz parte do cast da gravadora que pertence às Organizações Globo, pode até ser que, se incluída uma de suas músicas na trilha sonora de alguma novela, Marcus venha a obter relativo sucesso com este CD inaugural. Caso contrário, é uma pena, mas vai ser difícil emplacar com um trabalho assim tão raso…

N O V I D A D E S

·                     Enquanto vivo, o violonista, produtor e professor de música Almir Chediak fundou a gravadora Lumiar Discos e por ela lançou os songbooks de Noel Rosa, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Carlos Lyra, Edu Lobo, Ari Barroso, Tom Jobim, Djavan, Marcos Valle, João Donato, Braguinha, João Bosco e Chico Buarque. Com a sua ida para o andar de cima, cabe agora ao irmão, Jesus Chediak, continuar a tocar tais projetos. Assim é que, dentro em breve, deverão estar concluídos os trabalhos referentes a mais dois songbooks: o de Ivan Lins e o de Caetano Veloso (um sonho acalentado há tempos pelo próprio Almir). Para este, uma das idéias é que Maria Bethânia cante músicas que ficaram conhecidas na voz de Gal Costa e vice-versa. Desta forma, Gal já registrou “Mel” e “Ela e Eu”; Bethânia, por sua vez, já pôs sua voz em “Dom de Iludir” (aquela que contém o precioso verso: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”), composta por Caetano para a cantora Maria Creuza que a gravou originalmente em 1975 no disco “Meia-Noite”. Já para o songbook de Ivan Lins, a mesma Gal Costa regravou “Vitoriosa”, música lançada originalmente em 1985  (que fez parte da trilha sonora da novela “Roque Santeiro”) e Alcione ficou com “Madalena”, um dos maiores sucessos do compositor.

·                     Em seu terceiro CD intitulado “Fora de Esquadro”, o carioca Rodrigo Lessa (integrante do excelente grupo “Nó Em Pingo D’Água”) apresenta uma dúzia de músicas inéditas, todas elas em parceria com o poeta Mauro Aguiar, num bem conceituado trabalho em que dez sambas se unem ao choro-funk “Pagode Jazz Sardinha’s Club” e à canção “Pimenta na Pupila”, inspirada no estilo musical do Cabo Verde e que também está presente no disco instrumental “No Bangalô da Bandola” que o artista lança paralelamente. A influência de João Bosco e de João Nogueira é nítida nas melodias, assim como a de Aldir Blanc na maioria das letras, o que só qualifica o trabalho que tem como pontos altos as faixas “Sossega Leão” e “Café Requentado”, esta contando com a participação especial da competente cantora Clarisse Grova nos vocais.

·                     Já está sendo gravado o novo CD de Jorge Vercilo, o sexto de sua carreira, que se caracterizará como um trabalho eminentemente de músicas inéditas. Além da canção intitulada “Signo de Ar” (que será a provável “música de trabalho” do disco), já está garantida também a inclusão de “Ultraleve”, parceria do cantor com Ana Carolina. A produção do CD ficará dividida: enquanto o DJ Memê será o responsável pelas faixas dançantes, o guitarrista Torquato Mariano cuidará das lentas.

·                     Depois de vários anos sem compor juntos (uma de suas raras parcerias é a bela e pulsante “Paula e Bebeto”), Caetano Veloso e Milton Nascimento voltarão a se unir através das canções. É que os dois serão os responsáveis pela trilha sonora de “O Coronel e o Lobisomem”, filme com estréia prevista para setembro e que terá como diretor o premiadíssimo Guel Arraes. Vale a pena esperar!

·                     Em homenagem aos quarenta anos de uma carreira inatacável, finalmente entrou no ar o site oficial da cantora Maria Bethânia. Dentre curiosidades várias, podemos encontrar frases fantásticas ditas pela baiana, como a seguinte preciosidade: “Só canto o que quero, com quem quero, como quero e quando quero. Nunca entendi nenhum movimento porque não tenho paciência. Não posso jamais ser uma cantora de bossa nova, uma cantora de protesto, uma cantora tropicalista. Como cada dia eu quero uma coisa, prefiro não me ligar à moda e a ninguém para poder cantar o que meu coração mandar.” Sábia essa danada, heim? Quem quiser conferir mais, basta acessar o endereço eletrônico www.mariabethania.com.br

L E M B R E T E     E S P E C I A L

É hoje, pessoal! Não vá faltar, heim? Porque senão você pode se arrepender para o resto da vida! Anota aí: às 21 horas, em comemoração aos cinqüenta e um anos do Teatro Atheneu, estará se apresentando naquele abençoado palco a cantora Ithamara Koorax, devidamente acompanhada de banda.

Para quem não sabe, Ithamara é carioca e iniciou a sua carreira de cantora, no final da década de 80, tendo Elizeth Cardoso como madrinha. Em 1990, teve a canção “Iluminada” incluída na minissérie global “Riacho Doce” e despontou para o sucesso. Em 1994, ganhou o prêmio Sharp na categoria “Revelação MPB” com o disco “Ao Vivo”. Seu trabalho é super bem recebido no exterior, principalmente no Japão, onde seus discos têm expressivas vendagens. Participou de trilhas para cinema e esteve na Inglaterra, país em que suas músicas fazem sucesso no universo do acid jazz. Desenvolveu trabalhos ao lado do baterista Dom Um Romão e do violonista Luiz Bonfá e participou de diversas coletâneas de música brasileira e de bossa nova voltadas para o mercado externo. É considerada atualmente uma das quatro melhores cantoras de jazz do mundo.

E saca essa! A entrada é franca e o espetáculo mais que especial será precedido por apresentação de artista da terra. Não dá para marcar bobeira, não é mesmo? A gente se encontra por lá, viu?

Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br