“Não querem conteúdo, querem é mídia”

Paulo Dantas é um nome mítico da literatura sergipana e brasileira. Autor de 30 livros, todos eles esgotados e fora do catalógo das editoras, o autor sergipano foi localizado pelo jornal “Gazeta Mercantil” de São Paulo que o entrevistou e editou material especial sobre ele para a edição do “Fim de Semana” de 5ª feira última. Dantas reside na Rua Angelina Santisi, na Vila Mariana, em São Paulo, bem no fundo do Detran da capital paulista. Quando jovem, Paulo Dantas – que não tem a menor relação de parentesco com outro Dantas notável, Francisco, talvez o grande mestre da literatura brasileira atualmente – manteve luta titânica contra a tuberculose. Agora, aos 79 anos, próximo dos 80, ele vive tomando remédios pesados para combater a depressão, que às vezes lhe acode forte. Uma doença pertinaz que, segundo ele, começou depois da morte da mulher.
Em sua modesta casa, Paulo Dantas confessa também um certo amargor com os editores que só pensam em ganhar dinheiro. Não guarda um só dos seus livros. Diz que um sebo da capital paulista lhe telefonou há dias que tinha várias edições dos seus trabalhos, mas ele não se interessou em ir buscar. Parou também de escrever. “Parei por falta de estímulo e por excesso de desencanto. A falta de editores que fomentem o escritor também influencia. O Brasil é um deserto no qual os editores fazem papel de urubus. Não querem conteúdo, querem é mídia. O resultado foi a desaparição dos círculos literários e da discussão de idéias”. Dantas diz que parou “no meio” três projetos, um deles uma nova biografia de Monteiro Lobato, de quem foi amigo pessoal, e que não pretende voltar a eles.

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