Nerds mudam costumes e se tornam mais acessíveis

Miniaturas dos personagens de games: preferência dos geeks (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook)

Nerd, geek, gamer… Em qual destas nomenclaturas o internauta se autodefine? Eis a questão. Difícil encontrar um jovem com tanta disposição para assumir a condição nerd, o novo rótulo para aqueles fissurados no desconhecido e apaixonados pelos livros, embalados pelo espírito da curiosidade. Dominados pela fome de conhecer, estes jovens optaram por viver reservados, conhecidos, anteriormente, como CDF – crânio de ferro, na tradução popular, com dedicação exclusiva aos livros e objetivo claro de conquistar excelente desempenho escolar.

Mas isso é coisa do passado. Esta figura parece em extinção. O CDF saiu da toca, passou pela filosofia nerd e, empurrado pelos jogos eletrônicos, diversificou suas preferências, assumindo nova roupagem para se classificar em um novo adjetivo: geek. Na tradução dos próprios jovens, o geek é de fato o nerd que se tornou mais acessível ou, como conceitua o analista de sistema Giordano Santos, 24, assumidamente geek, “se desvirtuou no meio do caminho e foi para a festa da faculdade”.

Para Giordano, “o nerd é mais ligado ao conhecimento, com maior dedicação às pesquisas, e o geek à tecnologia”. O irmão, Dellano Oliveira, um agente local de inovação, segue o mesmo caminho. “Nem todo nerd é geek, mas todo geek é nerd. O geek é um nerd com um componente a mais, é mais vidrado em tecnologia”, conceitua.

Dellano: "nem todo nerd é geek (Foto: Arquivo Pessoal)

Eles acompanham as novas tecnologias, continuam muito inteligentes, permanecem conhecidos como nerds entre os familiares, mas não têm um desempenho tão elevado no currículo escolar, como os próprios personagens entrevistados pelo Portal Infonet confessam. “Nunca fui muito estudioso, mas estou dentro destes que apreciam a ficção científica”, reage o publicitário Gabriel Seabra, 24, o Panda como é conhecido entre os amigos no mundo geek.

“Todo nerd é gamer, mas um gamer nunca vira nerd porque é difícil associar games com estudos”, avalia Antonio Neto, o PK, 20, estudante do curso de ciência da computação. “Sou gamer desde pequenininho, induzido por meu tio, nunca fui destaque na escola, estudava só para passar. Mas gostava muito de matemática e física”, confessa PK.

O estudante Vinícius Souza, 22, do curso de estatística, já viveu momentos nerd, mas hoje também trilha pelo conceito geek. “Há um tempo atrás me chamavam de nerd e eu me considerava nerd. Também não se tinha as facilidades que se tem hoje, não tinha acesso a festas e a gente acabava ficando preso, mas o nerd terminou crescendo e vira geek, começando a entender que o mundo não é só aquilo e hoje o pessoal que ando são pessoas normais com gosto variado”, observa.

Socialização

Gama: nerd, sem rótulos (Foto: Arquivo Pessoal)

Nerd, geek ou gamer… Em comum, eles têm a paixão pela teconologia, pelos números, pelas ciências exatas… pelos jogos eletrônicos, especialmente. E, ao contrário do que muitos pensam, buscam uma convivência interpessoal, mas naqueles ambientes propícios nos quais os jogos eletrônicos e as camisetas temáticas [sempre voltadas para os personagens dos quadrinhos/mangás, animes e séries prediletos] estão presentes, seja nas prateleiras disponíveis para a comercialização ou estampadas no próprio peitoral.

“Sou nerd, punk, pai, filho, amante, amado, trabalhador, curioso, brasileiro, sergipano, baiano, humano”, admite, no primeiro momento, o analista de suporte, infraestrutura e segurança Anderson Gama, 34, o Smash, para os ‘íntimos’, nascido em Itororó, na Bahia, e criado em Aracaju, onde chegou aos seis anos de idade. Mas logo, reverte o conceito para a autodefinição. “Muitas palavras, mas nenhuma me define, pois vou ser quem quiser, quando quiser”, resume.

PK: estudo só para passar (Foto: Cássia Santana/Portal Infonet)

E, para justificar a autodefinição, Smash se atém aos conceitos. “Cada geração atribui de forma estereotipada um termo para os indivíduos tidos como inteligentes ou estudiosos”, diz. “No Brasil, temos o CDF, que nada mais é do que alguém que fica horas focado nos estudos escolares. Já o nerd, seria alguém não muito popular e mais introspectivo voltado para as atividades intelectuais incomuns para sua idade. Quanto ao geek, é uma nova roupagem para o nerd de ontem, ampliando suas possibilidades para tecnologia, quadrinhos/mangás, livros, filmes/animes e séries”, analisa.

O servidor público João Paes é uma exceção. Não está ligado às ciências exatas, é aluno dos cursos de sociologia e também no de gestão em recursos humanos. Mas é apaixonado por jogos eletrônicos, frequentador assíduo do ambiente geek. “Associar leitura a jogos se torna a diversão perfeita”, comenta. “Mas é algo muito complicado fazer esta classificação. Há cultura em comum, que as pessoas bebem destas referências e se diluem para os vários grupos culturais”, conceitua.

João Paes: referências diluídas para outros grupos

E quem conviveu com esta turma, mas não se enquadra neste contexto, observa que os novos nerds são bem mais ousados, continuam desprovidos do modismo, e permanecem amantes de uma gastronomia, com predominância para as refeições rápidas, regadas principalmente a sanduíches e sucos. “Eles gostam muito de se divertir, gostam dos jogos, mas os geeks são mais ousados, namoram mais, conhecem mais pessoas, se relacionam mais e os nerds são mais tímidos”, observa a estudante Rebeca Ribeiro, do curso de design gráfico, que já trabalhou em empresa que promove campeonatos dos jogos preferidos do público nerd/geek.

Por Cássia Santana

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