“Ninguém leva um coquetel de HIV por um beijo na boca”

Advogado da adolescente e SSP comentam nota dos pais de Daniel (Foto: Rede Social)

Após divulgação de uma nota dos pais do jovem Daniel Manuleke, de 18 anos, suspeito de estupro, o advogado da adolescente, de 12 anos, Máximo Selen, falou ao Portal Infonet e disse que entende a posição dos pais, mas discorda sobre a inocência de Manuleke.

Preconceito

Um dos trechos da nota encaminhada a Infonet enfatiza “Lamentamos a dureza do preconceito que se expos com este episódio e do qual Daniel também é vítima”. Máximo retruca. “Entendo a posição dos pais, é difícil para eles. Também me coloco na posição de pai, mas a família da menina em nenhum momento ofendeu ou foi preconceituosa. Em momento algum tratamos a questão do HIV com preconceito, pelo contrário. A questão do HIV é um agravante para uma pessoa que pratica sexo com outra pessoa sabendo que tem o vírus e ainda mais para uma pessoa que comete o estupro”, fala.

Demora

"Ninguém empurraria um coquetel de HIV por um beijo na boca"

Sobre a afirmação dos pais quanto a denúncia ser falaciosa e o fato da demora em procurar a polícia, creditando a retardação a interesses de caráter ético reprovável, Selem é taxativo.

“Na questão do prazo de 10 dias parte da culpa na demora em a família ter procurado a polícia é dos pais do Daniel. Os pais chegaram à casa da menina e empurraram um coquetel do HIV para três dias, dizendo que no quarto dia voltaria na casa da menina para levar o restante da medicação. Eles foram procurar os pais da menina um dia após o fato, somente com isso eles ganharam cinco dias”, explica o advogado ressaltando que os pais da menina ficaram em estado de choque com a notícia de que a filha tinha sido abusada e que poderia ter o vírus. “Eles aguardaram os médicos [que são os pais do suspeito] voltarem e entregarem o restante da medicação”.

Ética

Sobre a questão levantada em relação a um suposto crime de extorsão, o advogado confronta os pais de Daniel Manuleke.

“Essa negociação foi proposta na esfera cível, mas já que eles têm tanta certeza de que não houve um crime porque no primeiro momento. E os pais foram os primeiros e terem conhecimento da relação sexual, tanto que levaram o coquetel para a menina. Porque neste momento, o casal de médicos não pegou a menina e levaram para o IML para fazer um exame detalhado”, questiona Selem que acrescenta a tentativa dos pais de Manuleke em esconder o crime.

“Eles como médicos esclarecidos poderiam ter pego a menina e levado para a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e para o IML para que fosse esclarecido o estupro. Eles não fizeram. Com medo do filho ser enrolado com a polícia, os pais esconderam Daniel até hoje. Agora eles querem inverter o quadro e creditar uma culpa a família da vítima, uma menina de 12 anos que a SSP já comprovou por meio de provas periciais que houve estupro”, acrescenta.

“Eles não tomaram a atitude na hora certa e agora querem desqualificar as provas que foram colhidas pela Polícia, tentado desqualificar uma equipe experiente de policiais e até mesmo do próprio juiz que decretou a prisão”, observa Selem que aponta.

“Com todo respeito ao pai e a mãe, mas este é um crime hediondo e o mais absurdo é tentar colocar uma menina de 12 anos como uma vilã. É uma estratégia desonesta, pois tudo que ocorreu está provado nos altos. Além do mais ninguém empurraria um coquetel de HIV por um beijo na boca, sendo os pais de Daniel médicos e conhecedores das reações que pode provocar”, conclui.

SSP

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) por meio do sua assessoria de comunicação também comentou a nota enviada pelos pais de Daniel. O assessor Lucas Rosário ressaltou que as provas são convincentes e que para a SSP não resta dúvida sobre o abuso sexual.

“A posição da SSP é baseada com provas convincentes que constam nos autos do inquérito de que houve o abuso. Tudo ficou comprovado com base nos laudos periciais, depoimentos colhidos com psicólogas da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e depoimentos da própria família de Daniel que comprovam o crime. Tudo será esclarecido pela polícia no momento oportuno”, garante o assessor.

Rosário reafirma a posição da SSP com um trabalho imparcial, sem influência de nenhuma das partes. “Entendemos que essa é uma tentativa de desqualificar o inquérito, no entanto a SSP não trabalha beneficiando um lado em detrimento de outro. Tanto que o juiz observou as provas e concedeu o pedido de prisão preventiva que não foi revogado. Repito, não estamos nos baseando em achismo, mas em provas robustas e o inquérito será finalizado no prazo”, diz.

Estupro

Sobre a informação do advogado Aurélio Belém de que não houve estupro, o assessor lembra que desde 2009, todo ato de cunho sexual praticado com menor de 14 anos, mesmo com consentimento, é considerado crime de estupro de vulnerável.

Prisão

Lucas Rosário lembra ainda que Daniel Manuleke é foragido e pode ser preso a qualquer momento. O assessor ressalta que os pais e o advogado de Manuleke podem entrar em contato com a SSP para apresentar o suspeito, a fim de que o mandado seja cumprido.

Por Kátia Susanna

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