O desastre da roda presa – José Carlos Montalvão*

A imprensa tem registrado “diálogos” registrados entre pessoas citadas como integrantes da “Operação Navalha” e que tem deixado muita gente de orelha em pé. O envelope transferido para o carro Corolla, a encomenda entregue na portaria de um suntuoso edifício, o resultado de 12 a 0 no Tribunal, a condenação/absolvição do deputado André Moura, a contratação ou não de auditoria externa nas contas da Deso, são fatos que o tempo, enquanto “Senhor da razão”, dirá se procedentes ou não procedentes. Vivemos num Estado Democrático de Direto, aonde o princípio de ser inocente até que se prove o contrário é assegurado pela Constituição pátria. Condenado é, apenas, quem tenha sentença transitado em julgado, ou seja atingidas as três ou quatro esferas do judiciário. O “condenado” pelo juiz da fase cognitória, deverá receber condenação do Tribunal estadual ou regional (se Federal), do Superior Tribunal de Justiça e em alguns casos, do Supremo Tribunal Federal. São necessárias muitas condenações e, em um país em que recursos judiciais proliferam e fazem com que o julgamento final de uma lide ultrapasse gerações, a assertiva de que “a” ou “b” estão “condenados”, não passa de holofotes midiáticos.

 

Entretanto, quando estes mesmos diálogos trazem informações de que fulano é um “roda presa” ou que sicrana é “um desastre”, mesmo que acrescido de “competente tecnicamente”, poderíamos interpretar como um pleonasmo. Não carece a expressão “competente tecnicamente”. A competência está evidenciada exatamente por ser um “desastre” ou uma “roda presa”. A sociedade haverá de querer “rodas presas” e “desastres”.

 

 

Se de um lado a sociedade açodadamente já condena pessoas que possam estar envolvidas na “Operação Navalha” – jamais comungarei com tal pensamento, pois haverá de prevalecer o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, cláusulas pétreas da nossa Constituição – por outro lado, a mesma sociedade fala amiúde de dois Secretários de Estado um homem e uma mulher, um Oswaldo – roda presa -, uma Lúcia – desastre, que não estão no fio da navalha e as suas orelhas haverão de continuar indefectíveis. Torço que para sempre.

 

“MUDANÇA”

 

Acredito que chegou a hora de mudar a expressão mudança. Todo mundo sabe que se tem um novo Governo e o que é novo, transmuda-se. É a lei natural das coisas. Chegou o tempo de ações e ações que não sejam “mudança” do nome “Vila do Forró” para ”Arraial do Povo”. Afinal, quando o povo não esteve na amada Vila do Forró? Somente agora é que o povo tem acesso? Se assim for, encontrará algo idiossincrático. Encontrará o espaço “Lampião e Maria” logo na entrada. Qual seria a razão de tal denominação? A Maria, outrora Maria Bonita, deixou de ser bonita? O que houve? Nunca me acorre Maria, apenas Maria, como companheira de Lampião. Sempre tenho em mente a Maria Bonita. Maria – politicamente – me lembra a Maria de João, ou seja Maria do Carmo, esposa de João Alves. Tal confusão, deixa-me a dúvida se Lampião é João e se Maria, é Maria Bonita. Que mudança…

 

O determinismo jornalístico me conduziu a colega Verinha Ferreira, neta do Lampião, amante da sua família. “Lampião & Maria”, é uma griffe que a querida Verinha está lançando para manter viva a imagem dos seus avós. Estudiosa, Verinha nos ensina que essa história de Maria Bonita é coisa de livros, de volantes e outras coisas mais. Aduz com a propriedade de filha de Expedita, que é filha de Lampião e Maria, que a sua amada avó, nunca era chamada de Maria Bonita. Intra-muros seu nome era apenas Maria, ou Maria do Capitão, ou Dona Maria. Enquanto neta que é, Verinha vende o marketing Maria, retirando o acréscimo “Bonita”. Resgata a história. Faz o seu trabalho. Agora, se o pessoal da outrora Vila do Forro, hoje Arraial do Povo quer pegar carona da boníssima Verinha a história é outra…

 

VILA DO FORRÓ/TURISMO

 

Assiste-se a presença de muita gente na tradicional Vila do Forró. Remodelado pelas mãos da Lânia, o local sempre foi e será agradável. Críticas existem quanto a programação artística e lembranças do passado são afloradas. Haviam dois Governos, dois pensamentos, uma só briga: ofertar a melhor programação junina de Aracaju. Se a parte artística hoje, não é das melhores, o astral do lugar é convidativo e a visitação é continuada.

 

As secretarias de Governo notadamente Turismo, Trabalho, Inclusão Social e Comunicação, fizeram um bom trabalho. Destacam-se a Hospedaria Sergipense, apelidada de “Casa do Governador”, o Memorial Banese, o Cordel, a TV Aperipê e suas emissoras de rádio (bem que poderiam lembrar-se de Rádio Difusora) e outros espaços a exemplo do Brefaias e Burundangas que acharam na amada Simão Dias, casualmente a mesma terra do nosso Governador. Por certo, uma coincidência ou um reconhecimento (de fato, qualquer tributo a Carvalho Deda sempre será pequeno), nunca um puxa-saquismo.

 

Enquanto ainda profissional da comunicação, um fato me deixou curioso. A Secretaria de Turismo está vestindo o seu pessoal de apoio com uma bela camisa, fundo preto, desenhos das casinhas da Vila. Na assinatura, ao fundo da camisa, a velha marca do turismo sergipano (graças a Deus não aconteceu “mudança”), sem nenhuma alusão ao Governo de Sergipe, quanto mais, à marca do Governo de Sergipe. Por que?  O dinheiro do Turismo não é público? Os gastos públicos não passam pela Central de Compras ou o Turismo tem verba especial, específica e pode usar de acordo com as suas necessidades, na base da dispensa de licitação? E mesmo enquanto “dispensa”, ensina o Direito Administrativo que tudo tem que estar formatado de acordo com a Lei. Estaria havendo um conflito de competência? Não caberia à Comunicação, tudo que diz respeito à comunicação? Camisas  comunicam… Mesmo sem a marca do Estado.

 

No mais, foi muito bom rever o mestre Antônio Carlos, um douto doutor em turismo, seria ele “turismólogo”?  Sempre presente na Casa do Governador, explicou-me detalhadamente a proposta de resgate da cultura regional. 

*Colaboração:
José Carlos Góes Montalvão, jornalista (DRT-Se 414), publicitário (DRT-Se 023) e advogado (OAB-Se 3737). Trabalhou nos principais jornais de Aracaju, foi correspondente do Jornal do Brasil (1972/1979, Rio de Janeiro),  revista Visão (São Paulo), jornal A Tarde (Salvador), free-lancer da The Associated Press (EUA). Como publicitário, a sua agência recebeu prêmios nacionais e internacionais. No campo do direito, é pós-graduado em Direito do Estado (Unit) e em Mediação e Arbitragem Nacional e Internacional (Fase).

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