O impacto do ‘fim’ das saídas nas pessoas e como suprir essa carência

Bares e restaurantes, pontos comuns de encontros entre amigos, estão fechados por força de decreto (Foto: Pixabay)

13 de março. Pode parecer só uma data, mas para aqueles que costumam aproveitar o fim de semana fora de casa, seja em um barzinho com amigos, em restaurante ou em um encontro para o churrasco na casa do sorteado da vez – esse dia foi o último em que isso aconteceu (para os que estão respeitando o isolamento social, obviamente). Desde então, o famoso ‘sextou’ foi ressignificado para os brasileiros. A partir de 13 de março, bares, restaurantes, comércio, e tantos outros serviços passaram a ficar fechados em escalada, por força de decreto, em razão da pandemia da Covid-19. A data marcou o início de um período de isolamento sem precedentes, que tem alterado rotina, hábitos e as relações entre as pessoas.

Cada qual com sua personalidade tem lidado de maneira diferente com o período de isolamento. A interação social física é uma necessidade do ser humano – isso é unânime. E para cada fase da vida, os encontros físicos têm uma importância indispensável. As crianças, por exemplo, precisam ter esse tipo de contato com o mundo e com outras crianças, para que possam criar um senso de sociedade e se desenvolver. Os jovens, adultos e mais velhos, conseguem se adaptar ao isolamento, mas ainda precisam achar maneiras de suprir a necessidade de interação social. Mas, quais os caminhos para isso?

Saulo explica sinais de que o isolamento pode estar afetando sua saúde mental (Foto: Arquivo Pessoal)

O professor e psicólogo clínico, Saulo Almeida, conta que os sentidos do tato e olfato são os que mais sentem com esse período de isolamento. “Nós estamos acostumados com o toque, com o abraço, com o cheiro dos lugares. Essa necessidade se mantém nesse período, afinal não deixamos de ser humanos. O que a gente precisa é achar estratégias para lidar com pontos específicos”, frisa. “Um caminho é se apegar as pessoas que são importantes para a gente e manter diálogos. Pode ser um familiar dentro de casa, ou amigos, numa conversa remota. Não falar só sobre o coronavírus, mas também de outros assuntos que estimulem o interesse de ambos. As redes sociais e todos os recursos tecnológicos, como videochamadas estão aí para ajudar na saúde mental”, complementa.

Saulo entende que o ideal é fazer uma espécie de checklist de tarefas ao longo do dia, que inclui atividade profissional e a busca pelo prazer, que pode vir em diálogos com essas pessoas importantes. Mas ele faz um alerta. “Cumprir essas tarefas ao longo do dia, vai ser importante. Reservar a hora de falar com os pais, amigos, dar atenção para esposa, filhos. Mas é fundamental também respeitar o espaço do outro, não cobrar demais atenção, não se exceder. É um momento delicado para todos e cada um tem reagido de uma forma”, pontua.

O profissional explica que os primeiros sinais de que a saúde mental da pessoa pode estar sendo afetada pelo isolamento variam desde os sintomas físicos ao de comportamento. “Dores no corpo, dificuldades de alimentação, dormir de mais ou de menos, sudorese, tremores, irritabilidade. É importante observar se esses sintomas perduram. Há também alteração nos sensores de prazer, de sensação de felicidade, de isolamento. Quando isso perdura, é hora de buscar uma ajudar profissional”, indica.

Apesar de ser um momento de dificuldades, o mundo pode tirar lições desse momento de isolamento social – principalmente nas relações pessoais. Saulo vislumbra conexões mais verdadeiras no futuro. “As pessoas vão prezar muito mais as relações que têm, essencialmente as presenciais. Num momento como esse se percebe a necessidade social disso. É como nós aprendemos a viver, com contato, com interação social, e o que temos hoje à disposição (durante isolamento), não supre essa necessidade” analisa.

Por mais dura que seja, a pandemia da Covid-19 abriu os olhos do mundo para as necessidades humanas. É um momento de reflexão da própria vida e do seu significado. Afinal, o que seria da vida se não fossem as pessoas com quem nos importamos?

Por Ícaro Novaes

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