“O sagrado e o profano”, por Cássia Santana

De um lado os evangélicos e de outro as vítimas de um preconceito que ainda insiste em persuadir a mente humana: os homossexuais. É nesta adversidade que Aracaju sediará este mês a Cruzada Internacional dos Milagres, que começa nesta terça-feira organizada pela União dos Ministros Evangélicos do Estado de Sergipe – Umese – e se estenderá até o dia 19, sábado próximo. E, pelo lado profano, acontece a Segunda Parada Gay, movimento liderado por gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e simpatizantes da liberdade sexual que será realizado no próximo dia 27 na Praia de Atalaia. Enquanto os mais liberais tentam conscientizar a massa que todo ser humano é igual perante a lei – a dos homens e, inclusive, a de Deus, é claro – os mais preconceituosos tentam sufocar o grito de liberdade apregoando trechos bíblicos, que certamente cativam a população tão carente de desejos, vítima de uma discriminação maior, que é a desigualdade social. Mas tudo é uma questão de fé. O que deve ser combatido mesmo é a falta de respeito às diferenças e os falsos profetas que aparecem por aí de montão, a exemplo do Bispo Edir Macedo, dono do império Igreja Universal do Reio de Deus, acusado de ludibriar seguidores ingênuos (ele até responde a processo por estelionato, curanderismo e charlatanismo no Rio de Janeiro). Condenável também são as práticas do bispo Heleno Teixeira dos Santos, presidente do Centro Socyal Benefycente Mylytar do Brasyl (isso mesmo a letra “y” substituindo o nosso nacional “i”) em Realengo, no Rio de Janeiro, que enganou seis mil pessoas que se cadastraram na instituição pagando R$ 0,30, cada uma, pensando que receberiam auxílios do Programa Fome Zero. Para inscrever-se no falso programa do Bispo, o candidato seria obrigado a comprar por R$ 0,15 um formulário numa livraria específica instalada próximo ao Centro Socyal e ainda teria que desembolsar outros R$ 0,15 para efetivamente o cadastro. Quando o golpe foi descoberto, a livraria amanheceu fechada e o Bispo desaparecido. Que os fiéis fiquem de olho em todas estas manobras milagreiras e abram mais seus corações para compreender as diferenças e que a Parada Gay não comece com aquela melodia preconceituosa “Vale Tudo”, que ganhou fama na voz do inesquecível Tim Maia, a exemplo do que aconteceu no ano passado neste mesmo evento. Afinal, a música fala que vale tudo menos dançar homem com homem e mulher com mulher. Ora, que parada contra o preconceito seria esta? * Cássia Santana é jornalista. Este texto foi publicado na coluna “Informe Estado”, do jornal “O Estado de Sergipe” – edição desta semana)

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