Obra inacabada e muitos transtornos

Moradores estão expostos a água contaminada (Foto: Kátia Susanna/Portal Infonet)

Invasão do Santa Maria, localizada na zona sul da capital. O cenário de caos e desolação das ruas tem provocado prejuízos aos moradores que investiram nos imóveis e no comércio da área. Os moradores contam que a área foi a primeira a ser habitada na região, no entanto, após mais de 20 anos, lamentam a falta de estrutura do local.

A equipe do Portal Infonet esteve no local e, acompanhada de moradores, percorreu algumas ruas da invasão. Em muitos trechos, o trajeto não pode ser percorrido de carro e, em outros, mesmo a pé, a travessia é arriscada por conta dos buracos e das poças de água de fossa.

Na principal avenida – a Walter Barreto Góis, um riacho de água contaminada por fezes humanas e de animais proporciona um mau cheiro insuportável, além de contaminação para os moradores, que são obrigados, muitas vezes, a colocar os pés na água suja.

A água de fossa traz prejuízos para os comerciantes da área

Cansados de viver no abandono, moradores estão recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado que deverá ser encaminhado à prefeitura. Essa não é a primeira tentativa da comunidade para resolver o problema. De acordo com José Santos, em abril desse ano foi protocolado um documento junto à Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) para que fossem realizados serviços paliativos, principalmente com a proximidade do período chuvoso, mas até o momento nada foi resolvido.

“Estive na Emurb várias vezes e até falei com o então secretário Sérgio Ferrari, pedindo que alguma coisa fosse feita pela gente. A nossa situação não é fácil. Imagine você ter uma casa que toda vez que chove entra água suja. Todos os moradores estão revoltados com essa situação porque não é fácil conviver com sujeira e esse mau cheiro”, lamenta.

Desvalorização

Crianças estão expostas a doenças

O comércio na região é bastante forte e conta com farmácias, bares, panificação, mini-mercados e lojas de peças para bicicletas e motos, mas os prejuízos têm feito com que alguns pensem em abandonar os negócios. “Esse nosso sofrimento vem de anos. Estamos abandonados à própria sorte, infelizmente a prefeitura começou a fazer uma obra e não concluiu. O resultado são os buracos e uma lagoa de água contaminada que invade as casas quando chove. As crianças são obrigadas a ficar em casa trancadas porque não tem espaço de lazer e os adultos ficam doentes constantemente devido à falta de saneamento”, reclama Manoel Messias Siqueira Santos.

O resultado do abandono também pode ser percebido pela desvalorização dos imóveis. “Após anos de muito trabalho estou construindo uma casa, mas infelizmente estou tendo desgosto porque ninguém valoriza uma área como essa. As casas são boas, mas valem menos da metade do valor do mercado”, fala Santos.

Em frente a escola municipal mau cheiro e rua intransitável

Doenças

Há mais de 25 anos morando no local, Manoel Vieira Melo, conhecido como Zulu, relata que a falta de saneamento tem resultado em doenças. “Estou com uma micose horrível na minha perna que não sara, o problema é o mesmo a falta de saneamento dessa área. Gasto por mês mais de R$20 em pomadas, mas o problema não resolve”, observa.

Emurb

Em janeiro desse ano, a Emurb afirmou que as obras de infraestrutura da Invasão do Santa Maria foram iniciadas e paralisadas em março do ano passado porque o lançamento da drenagem depende da conclusão de obras da Deso. A informação é que nessa obra, a prefeitura vai pavimentar 18 ruas e estão sendo investidos R$ 2.280.635,28, com recursos municipais e do Governo Federal.

O assessor de comunicação da Emurb confirmou que o problema permanece o mesmo.

Deso

Em resposta, a assessoria de comunicação da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) explica que existiu um problema no contrato da empresa que foi contratada para executar a obra.

A informação é que atualmente a Deso e a empresa estão se empenhando para resolver a pendência e que caso não retome as obras, a Deso vai reincidir o contrato e fazer nova licitação.

Por Kátia Susanna