Ocupantes estão construindo barracos (Fotos: Portal Infonet)
A dona de casa Janete Cléia Lima que é mãe de Gabriel, de 7 anos, afirma que paga um aluguel de R$170 para morar em uma casa de apenas um cômodo, localizada no Albano Franco, em Nossa Senhora do Socorro, e encontrou na ocupação de um terreno, a esperança de conseguir uma casa própria.
“Moro em um local que não tem saneamento básico, uma casa que fica quase na beira de uma maré e mesmo assim pago um aluguel caro, fora a conta de água e energia. Quando fiquei sabendo que poderia ter a esperança de lutar pela minha moradia, não pensei duas vezes e estou aqui”, conta Janete, que quer unir a família.
“Meu marido trabalha como pedreiro, mas estava desempregado e não conseguia nada aqui, até
que recebeu uma proposta de trabalho e foi embora para a Bahia, ele só volta de 15 em 15 dias. Fico sozinha com o meu filho, mas se a gente ganhar essa casa meu marido vai poder voltar e batalhar por aqui”, espera. A dona de casa Janete Cléia Lima e o filho Gabriel
Oportunidade, também é o que impulsiona o jovem Isaias de Lima que após trabalhar durante quatro anos em uma grande rede de supermercados, ficou desempregado e há três anos luta por moradia e uma oportunidade no mercado de trabalho. “Quando a gente fica desempregado é muito difícil arrumar outro emprego, minha esposa está grávida de três meses e estamos morando na casa da minha mãe, por isso, estamos aqui tentando adquirir essa oportunidade”, conta.
Especulação imobiliária
O defensor de táxi lotação, Vanacleto da Silva e a esposa Maria Neide dos Santos, afirmam que a especulação imobiliária do município de Socorro aumentou o valor dos imóveis e subiu o aluguel. “Pagamos R$ 350 de aluguel, fora as contas de água, energia, telefone, alimentação e despesas com os três filhos. A luta é diária porque trabalhamos muito para tentar sustentar todos os filhos”, diz Maria. Vanacleto da Silva e a esposa Maria Neide dos Santos
O representante do Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu), Fernando Luiz Prado Carvalho Júnior, explica que o movimento coordenou a ocupação de apenas um terreno e que a população resolveu demarcar outras áreas. Fernando Luiz diz ainda que a especulação imobiliária da região tem feito com que muitas famílias passem a procurar o Motu. “Já temos 1540 inscritos e a todo o momento chegam mais pessoas que desejam lutar pela moradia”, diz.
Sobre a possibilidade de pessoas se aproveitarem da situação e mesmo com casas próprias
demarcarem os terrenos, o representante do Motu lembra que para participar do movimento tem que necessitar bastante porque as famílias recebem a orientação de ocupar os seus barracos. Sinfra afirma que terrenos já tem destinação
“Nós temos realizado várias assembléias e a nossa orientação é que as pessoas que estão construindo os barracos deixem algum familiar tomando conta, quem não estiver fazendo isso e chegar outra família precisando vamos colocar no lugar, só fica no movimento quem realmente precisa porque é uma vida sofrida e de luta”, argumenta.
Seinfra
A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), explicou que a Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas (Cehop), é vinculada a secretaria. De acordo com a Seinfra o pedido para reintegração de posse do terreno foi feito na manhã desta terça-feira, 11.
A informação da assessoria é que o governo está aberto a negociações, mas que os terrenos ocupados já possuem destinação. De acordo com postagem feita no twitter da Seinfra parte da área ocupada já tem data para ser leiloada.
Por Kátia Susanna