O Iate Clube de Aracaju abre suas portas hoje para uma festa de arromba, em comemoração aos 90 anos de idade do Sr. Oviedo Teixeira, uma das grandes personalidades sergipanas deste século, na área do comércio. A festa foi organizada por seus filhos e promete levar até lá a nata da sociedade sergipana para cumprimentar o “Sujeito” que, desde que começou a trabalhar há 81 anos, tem sido um inusitado propulsor do desenvolvimento de Sergipe. Não é Oviedo que está em festa – é todo Sergipe que se orgulha deste filho querido e o abraça comovido.
Oviedo nasceu em Itabaiana a 9 de abril de 1910, filho do casal João Teixeira e Maria São Pedro Teixeira, a d. Caçula. Ao todo, foram 14 filhos: Antônio, Sílvio, Manoel, Lourdes, Oviedo, Olívio, José, Albertina, Aderbal, Bernardete, João, Cecília, Hermes e Elpídio – este último foi o seu sócio nas primeiras investidas comerciais. Começou a trabalhar a partir dos 9 anos de idade, o que era comum não só entre os seus familiares, como na própria região de Itabaiana. Na Casa Mesquita, pertencente a Mesquita & Irmão, Oviedo fez de tudo: de 3ª a Sábado, atendia no balcão e na 2ª feira ia vender tecidos na feira de Saco da Ribeira, hoje Ribeirópolis. Era já gerente de compras, quando um desentendimento com a empresa, fez soar a hora de ir embora.
Como já conhecia o comércio profundamente, Oviedo pediu a mãe um dinheiro emprestado para comprar tecidos nas grandes lojas de Aracaju e levá-los a revenda no interior do Estado. A mãe dispunha de uma economia para os momentos de necessidade e não hesitou em emprestar-lhe 2 milhões e 400 mil réis. Com esta importância, Oviedo passou a comprar em Aracaju e viajar para Itabaiana usando os trens da Leste ou os saveiros até Laranjeiras, e, daí para lá, os poucos caminhões existentes. Foi no mesmo Saco da Ribeira que, quando a oportunidade surgiu, alugou uma casa e instalou a Casa Teixeira. Dois anos depois, em 1931, Oviedo trouxe a matriz para Itabaiana e deixou uma filial no povoado. Estava dada a largada. O próximo passo de Oviedo foi juntar-se ao irmão Antônio para a instalação de A Teixeira & Irmão, expandindo o comércio de tecidos.
Como os negócios iam bem, D. Caçula concorda em vender a fazenda Taquari, onde morava e empregar os 34 mil contos de réis no comércio. Oviedo toma uma atitude inédita no comércio sergipano: vai ao Rio e a São Paulo comprar diretamente da fábrica os produtos que aqui chegavam muito lentamente. Depois de casar-se com D. Alda, em 1935, Oviedo instala no número 13 da Rua João Pessoa, onde antes era um depósito de cerveja, a sua Casa Teixeira. Vendendo tecidos finos e os mais variados modelos de chapéu, a Casa Teixeira precisava de mais espaços e já em 1939 instala-se no número 75. Ao longo do tempo, a Casa Teixeira teve filiais em vários municípios e em Aracaju na ruas José do Prado Franco, Laranjeiras, Florentino Menezes. Até 1968 funcionou normalmente, sob a direção de “seu” Oviedo, seu irmão Elpídio e nos últimos tempos, pelo filho Tarcísio.
Muito ligado à família ajudou a todos no que foi possível. Gilza casou-se com José Lauro Menezes Silva, a quem Oviedo estimulou a compra de uma pequena empresa de ônibus, a Bomfim. Em 1962, Oviedo adquire a concessionária Ford e a Saboaria Celeste, que, sob a denominação geral de Cimavel, passou a ser dirigida pelo filho João. Quando Luiz Antônio voltou do Paraná, formado em Engenharia, Oviedo adquire uma pequena construtora, a Sociedade Nordestina de Construções, que passou a ser dirigida por ele e mais Luciano Barreto, casado com a sua filha Maria Celia. Posteriormente, a empresa passou a ser conhecida como Norcon, dirigida pelos irmãos Luiz e Tarcisio e Luciano Barreto foi dirigir a Construtora Celi. Já em 1970, Oviedo monta a Discar, e passa o comando ao irmão Elpídio e a Carlos Lyra, casado com sua filha Ana Maria. Ainda hoje, Oviedo é proprietário da Fazenda Salgado, adquirida em 1942 de Eronides de Carvalho, onde cria gado zebu.
O filho mais velho de Oviedo, José Carlos Teixeira, destacou-se como homem ligado a cultura (dirigiu a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe) e elegeu-se deputado federal. O golpe militar de 1964 teve em José Carlos um decisivo contestador. O parlamentar ativo que honrou a política sergipana foi um dos fundadores do MDB, a “oposição consentida” pelos militares. Para atender aos apelos do filho, “seu” Oviedo foi candidato a Senador em 1966 (derrotado por Leandro Maciel) e em 1970 (derrotado por Lourival Baptista e Augusto Franco). Em 1974, elegeu-se Deputado Estadual, mas a derrota em 1978 fê-lo afastar-se da política. Apesar disso, Oviedo nunca deixou de ser querido de todos os sergipanos. D. Alda morreu em 1979, mas Oviedo prefere lembrar-se dela com alegria e entusiasmo. Os filhos o têm em carinho inusitado. As instituições de classe do comércio sempre ouvem Oviedo com respeito e admiração. 90 anos de uma vida digna e honrada, um exemplo a ser seguido.
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