Padre Pedro: moradores insatisfeitos com serviços

Lixo e fezes se acumulam no canal (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Há um verdadeiro clima de insatisfação entre os moradores do Conjunto Padre Pedro, no bairro Santa Maria, quanto às obras de pavimentação, drenagem e esgotamento sanitário prometidas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal de Aracaju. De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Conjunto Padre Pedro, Renato Peixinho, a comunidade está totalmente desprovida de saneamento básico e todos temem que os esgotos de outras unidades habitacionais construídas no bairro Santa Maria deságuem no canal que corta a avenida Maria Francisca, a principal daquele núcleo habitacional.

Os moradores não suportam mais o mau cheiro e a grande quantidade de mosquitos existentes na região devido à falta de saneamento básico. O presidente do Conselho de Segurança do bairro Santa Maria, Edir Alves Sobrinho, denuncia que a equipe técnica responsável pela execução das obras de pavimentação que estão sendo realizadas pela Prefeitura de Aracaju informa que toda a pavimentação será feita sem, contudo, serem realizadas as obras de esgotamento sanitário. “A primeira obra que deveria ser feita era a contensão do Morro do Avião, depois o saneamento para então se fazer a pavimentação, mas já estamos vendo as máquinas aqui e toda a equipe diz que a pavimentação será feita sem o esgotamento sanitário e sem drenagem”, diz o presidente do Conselho de Segurança do Santa Maria.

Edir Sobrinho: falta segurança e saneamento

Na próxima quarta-feira, 25, os moradores farão uma manifestação e vão interromper o trânsito nas avenidas principais do bairro Santa Maria. A manifestação será uma reação aos problemas que os moradores vivenciam no bairro. “Tem quatro anos que eles iniciaram uma obra de pavimentação deste canal e até hoje a gente sofre”, diz Edir Sobrinho. “Este canal só tem fezes, ninguém suporta o mau cheiro e os mosquitos”, diz.

A Assessoria de Comunicação da Empresa Municipal de Urbanismo (Emurb) informou ao Portal Infonet que as informações transmitidas pelas lideranças comunitárias são improcedentes. Segundo a Assessoria de Comunicação, as obras de pavimentação estão sendo realizadas nos locais onde a Companhia de Saneamento do Estado (Deso) já concluiu a drenagem e as obras de saneamento básico.

A Assessoria da Emurb observa que o cronograma das obras de pavimentação está em atraso justamente pela morosidade do Deso e garantiu que nenhuma obra de pavimentação em todo o bairro Santa Maria será executada sem, antes, haver a conclusão de obras de drenagem e de esgotamento sanitário, que é de responsabilidade do Deso.

Animais pastam às margens de canais

O coordenador de obras da Emurb, Paulo Cardozo, informou que as obras no Santa Maria estão sendo executadas por meio de parceria firmada entre o Governo Federal e a Prefeitura de Aracaju, com investimentos na ordem de R$ 9,4 milhões para a realização de obras de terraplenagem e pavimentação dos conjuntos Padre Pedro e Governador Antônio Carlos Valadares, no bairro Santa Maria. No Padre Pedro, serão pavimentadas 24 ruas e 14 travessas e no Valadares serão pavimentadas  39 ruas e 32 travessas.

A Assessoria de Comunicação da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) confirmou as informações da Emurb. De acordo com a Assessoria da Deso, em muitas ruas as obras de saneamento básico já foram concluídas e liberadas para a Emurb realizar a pavimentação. Nas demais vias, segundo a Assessoria de Comunicação da Deso, as obras deverão ser concluídas, em sua totalidade, em 60 dias.

Sem segurança

As lideranças comunitárias também reclamam da falta de segurança no bairro. De acordo com o presidente do Conselho de Segurança do bairro Santa Maria, Edir Alves Sobrinho, o policiamento ostensivo é deficiente. Segundo revelou, às noites e nos fins de semana, o complexo da segurança pública, que aglutina o Batalhão da Polícia Militar e a Delegacia de Polícia Civil, está fechado. “Queremos que o Governo adote medidas para regularizar as viaturas, que estão com licenciamento vencido, e coloque o posto policial para funcionar”, diz Edir.

Renato Peixinho: medo do escuro das ruas

O capitão Charles Vitor, da PM5 responsável pela Comunicação Social da Polícia Militar, desmente o líder comunitário. Ele informa que nenhum posto do Batalhão da Polícia Militar fecha nos fins de semana. O que pode ter ocorrido, segundo o capitão, foi o fechamento temporário do Posto de Atendimento ao Cidadão em função de falta de efetivo. “O que pode ocorrer é que, com a ausência de policial, nenhum policial deixa um outro sozinho no posto. Então, o posto fecha quando aparece alguma ocorrência que necessite de atendimento imediato e, para não ficar apenas um policial, o posto é fechado temporariamente, mas em seguida é reaberto”, comenta o capitão. “Mas isto eventualmente acontece”, adverte.

A falta de segurança é ainda maior na comunidade instalada nas proximidades do Morro do Avião, segundo as lideranças comunitárias. Ali, a grande maioria das lâmpadas está quebrada ou queimadas, o que deixa toda a área no escuro. “Eu não tenho coragem de andar por ali à noite”, comenta Peixinho, presidente da Associação dos Moradores. “Está acontecendo muitos crimes por causa disso: é estupro e assalto a toda hora. De noite ninguém sai de casa, quero saber como vai ficar a situação quando as aulas começarem. Como vão ficar os alunos que estudam à noite?”, questiona Edir Sobrinho, do Conselho de Segurança.

O jornalista Augusto Aranha, assessor da Energisa, informou que na próxima segunda-feira a empresa enviará ao local uma equipe de iluminação pública para fazer um levantamento completo da situação para substituir as lâmpadas danificadas. “Não temos condições de enviar hoje por causa do Pré-Caju”, explica Aranha.

Por Cássia Santana