Personalidades se unem em ato contra a transposição

Parte do Centro de Aracaju foi tomada na tarde desta sexta-feira, 20, por uma manifestação contra a transposição do rio São Francisco, uma espécie de luto pela obra. A iniciativa partiu da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Sergipe (OAB/SE), com o apoio de diversas entidades, a exemplo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Conselho de Leigos da Arquidiocese de Aracaju (Conal) e estudantes secundaristas e universitários.

Além da presença de diversos representantes destas entidades, autoridades políticas participaram do ato e demonstraram claramente a posição contrária à transposição do rio. Quem também esteve no protesto foi Luís Carlos Fontes, um dos nomes mais lembrados quando se discute o assunto em Sergipe.

Concentração em frente à OAB/SE
Membro do Fórum em Defesa do São Francisco, Fontes diz que a mobilização social é determinante para que o projeto saia do papel ou não. “Nós queremos que o Governo substitua o projeto de muita água para poucos por um projeto de muita água para todos. Para todo o semi-árido brasileiro”, reforça. A concentração aconteceu na rua onde fica a sede da OAB/SE. Lá, os manifestantes receberam camisas pretas, símbolo do luto, e partiram para outras ruas do Centro, de onde seguiram para a Assembléia Legislativa.

Confira depoimentos de autoridades sobre o tema:

Luís Carlos Fontes
Presidente do Fórum em Defesa do São Francisco

Luís Carlos Fontes
”A quem pode interessar um projeto que vai levar água para os grandes empresários e coloca em risco a população ribeirinha? Não vai minimizar a sede de quem realmente tem sede, ignora o sofrimento do rio São Francisco e não se abre um diálogo entre o Governo Federal e a população. É uma imposição. Não podemos tirar a fonte de vida das pessoas para favorecer empresários. Somente a mobilização social poderá dar uma esperança de salvação ao rio São Francisco.”

Henri Clay
Presidente da OAB/SE

Henri Clay
“Nós pretendemos com esse ato público de Sergipe criar um impacto político necessário para que se possa abrir um canal para o diálogo. Queremos um debate nacional, no Congresso Nacional, diante da imprensa nacional. Se um só homem no ano passado, o Frei Cappio, conseguiu abalar as estruturas do poder, fazendo com que o governo recuasse no projeto em um ato corajoso de greve de fome, por que o povo sergipano não pode criar um impacto político de relevância? A transposição sem revitalização é um erro e a OAB não vai deixar de se manifestar sobre o assunto”.

João Alves
Ex-governador do Estado

João Alves
”Essa questão do São Francisco é algo acima das questões partidárias, ideológicas. É uma questão de salvação do nosso Estado, eu diria até do Nordeste. O São Francisco está na UTI. A ONU chegou à conclusão unânime de que o Brasil será muito afetado pelas mudanças climáticas. A situação é pior ainda para o Nordeste, onde deverá haver o desaparecimento de rios. O Nordeste vai deixar de ser semi-árido para ser árido, com um clima aproximado das regiões desérticas. O São Francisco está ameaçadíssimo de morte. Fazer a transposição neste momento é, no mínimo, irresponsabilidade. É querer secar o rio. A transposição hoje só interessa a duas categorias: aos empreiteiros e aos apaziguados desses empreiteiros.”

Cezar Britto:
Presidente da OAB Nacional

Cezar Britto
”No sistema federativo é preciso que a federação seja ouvida. No caso da transposição existe um conflito de interesses de alguns Estados. Esse conflito só pode ser resolvido por meio de leis. Não poderia o projeto ser iniciado sem a discussão do Congresso Nacional. Uma outra exigência do Congresso Nacional é porque o projeto atinge terras indígenas. Só se pode construir em terras indígenas com autorização legislativa. Esses são dois dos pontos que justificariam a ilegalidade do projeto. As experiências que nós vemos pelo mundo sobre transposição sem revitalização resultaram na morte dos rios, principalmente em sua foz. É preciso revitalizar. A Ordem compreende que o projeto é ilegal e que não há segurança de que o rio não sofrerá os prejuízos ambientais causados pela transposição. Desta forma, a expectativa de uma manifestação como essa é muito boa, pois existem muitas maneiras de se tentar modificar as ações dos executivos, e a manifestação popular é uma delas.”

Antônio Passos
Deputado e líder da oposição na Assembléia Legislativa

Antônio Passos
”Precisamos despertar a consciência da população sergipana para lutar pela preservação do rio São Francisco. Tem que se pensar antes de tudo em revitalização, depois se existe potencial para isso, lembrando que em todo o mundo estudos comprovam que apenas 20% dos projetos de transposição deram certo. No entanto, se o governo quiser o projeto sai. É por isso que é necessário sensibilizar o presidente da República e ressaltar a importância da revitalização do rio para toda a população nordestina.”

Francisco Gualberto
Líder do Governo na Assembléia Legislativa

Francisco Gualberto
”Queremos reafirmar nossa posição contra a transposição e dizer que, mesmo sendo do mesmo partido do presidente da República, discordamos completamente desse projeto. Lula insiste em fazer uma obra às pressas e contra a vontade da população sergipana, é contra todos os estudos e contra a vontade de sergipanos, baianos e alagoanos. Essa obra sequer resolve os problemas a que se propõe solucionar. Temos que defender a revitalização com todos os recursos que temos, daí a importância das manifestações”.

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