Pesquisador destaca baixa taxa de elucidação de crimes

Daniel Ricardo: "A polícia é parte do problema" (Fotos: Portal Infonet)

“A taxa de elucidação de crimes é barbaramente baixa no Brasil. Não quero fazer generalização e dizer que a polícia não trabalha, é corrupta, mas temos problemas sim e a polícia é parte do problema. Fazer com que o sistema funcione é fundamental”.

Foi o que afirmou na manhã desta segunda-feira, 6, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e doutor em Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, quando da abertura do seminário “Prevenção e Combate à Criminalidade: o papel do Ministério Público”, por meio da Escola Superior do Ministério Público de Sergipe.

Policiais lotaram o auditório do MPE/SE

Segundo ele, é preciso identificar onde a situação é melhor ou pior para ter uma atuação mais incisiva do Ministério Público. “É fundamental saber quem cometeu o delito, desde o trabalho de inteligência, inquéritos mais robustos. Temos o chamado ping-pong em que os inquéritos não saem da polícia, vem para o MP, volta para a polícia e não se sabe o que realmente acontece”, destaca acrescentando que a polícia não está trabalhando adequadamente de acordo com o que prescreve o estado democrático de direito, que vai olhar em primeiro lugar o cidadão.

“O que acontece no Rio de Janeiro hoje em que mataram aquela criança de 10 anos, acontece em quantidade impressionante. Só para ter uma ideia, a polícia do Brasil mata mais de 2 mil pessoas por ano. Trabalhos que deveriam ser feitas para investigar tal situação, ou não são investigados ou parte da presunção de que o malandro mereceu porque é vagabundo. É uma faceta da polícia fora de controle”, enfatiza destacando que as organizações dependem de ter controle interno para enaltecer os trabalho.

Secretário Mendonça Prado e comandante da PMSE, coronel Iunes participaram

Daniel Ricardo disse ainda que já existe a ideia de fortalecer o Ministério Público no combate aos crimes organizados. “Para o controle externo ser efetivo tem que ter independência de recursos e política, tem que ter responsabilização e transparência, indicadores para saber se o trabalho está sendo bem executado ou não. Hoje a gente não tem parâmetros pra isso, a gente não sabe se o Ministério Público está cumprindo esse papel ou não porque não temos informações e não temos como responsabilizar. A sociedade civil tem que ter acesso a saber o que está acontecendo ou não nesse campo. Precisamos sair da reatividade para a proatividade a partir de análises de padrões institucionais e individuais. É preciso fortalecer o Ministério Público junto às organizações de combate aos crimes organizados e devemos estreitar as relações entre as polícias”, entende.

SSP/SE

Mendonça Prado: "Importante esa integração para reduzri taxas de violência"

Polícia como parte do problema

O secretário de Estado da Segurança Pública, Mendonça Prado, participou do seminário. De acordo com ele, “o Ministério Público, Polícias Civil e Militar, estejam integrados discutindo e debatendo o combate à violência e seus aspectos mais importantes. É preciso que haja a mobilização da sociedade com a participação de órgãos como o Ministério Público no intuito de reduzir as taxas de violência”.

De acordo com o Promotor de Justiça e Diretor da ESMP, Newton Silveira Dias Júnior, “os eventos científicos em 2015 estarão focados nos temas relacionados à Segurança Pública e ao combate à criminalidade”.

Por Aldaci de Souza

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