PF investiga morte de peixe-boi na Atalaia Nova

Espécie está ameaçada de extinção no Brasil (Foto: Fabíola Gomes/acervo FMA)

A Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) lamenta informar o óbito de um peixe-boi-marinho na praia de Atalaia Nova, no município de Barra dos Coqueiros (SE), na Grande Aracaju, no último dia 30. Por se tratar de uma espécie ameaçada de extinção no Brasil, a morte deste animal começou a ser investigada pela Polícia Federal.

O peixe-boi marinho em questão tinha acompanhamento desde 2002 e era carinhosamente chamado de Arani. Ele foi encontrado encalhado às 14h por populares na imediação da praça de eventos da cidade. Em seguida, o monitor e o médico veterinário da base de Pirambu (SE) da FMA se deslocaram ao local do ocorrido e constataram o óbito do animal. A causa de sua morte será confirmada após exames complementares, mas há suspeita que tenha sido decorrente de traumas sofridos pelo animal por provável interação antrópica, seguida de afogamento.

Pesando 398,5kg, com comprimento total de 2,80 m, o peixe-boi marinho foi conduzido pela equipe da FMA ao laboratório de necropsia, localizado no Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli. As equipes da FMA e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA) uniram-se para realizar esta atividade que determinará a causa da morte do peixe-boi marinho.

Na ocasião, a carcaça foi necropsiada e de acordo com o médico veterinário patologista Andrei Brum, o animal apresentou marcas características de interação negativa de atividades humanas. “Uma lesão traumática grave foi detectada na nadadeira esquerda, já em processo cicatricial que, por sua vez, desencadeou a imobilidade do membro e sua quase amputação, bem como o registro de poliartrite como sequela”, avalia o patologista Brum.

Segundo o médico veterinário Gilson Santana, algumas marcas profundas ainda foram encontradas no peixe-boi marinho: “Hematomas na região mandibular e na altura da inserção da nadadeira peitoral direita. Mas diante da presença de múltiplos traumas no animal e líquido intrapulmonar, suspeitamos que seja esse o motivo da morte do peixe-boi marinho, seguido por afogamento”.

Diante destes achados de necropsia, o profissional reforça que o laudo final precisa ser comprovado com os exames laboratoriais.

Curiosidades

O peixe-boi-marinho Arani, foi encontrado em uma praia do litoral cearense no dia 20 de outubro de 2002, tendo sido resgatado pela equipe da Organização AQUASIS. Em seguida foi transferido para Pernambuco dois dias depois, em um avião cedido pelo Governo do Estado do Ceará.

O animal encalhou recém-nascido, chamou a atenção à época por conta de seu tamanho, já que os demais naquela situação apresentavam, em média, de 35 a 40 quilos, o peixe-boi marinho Arani foi encontrado com 47 quilos e 141 centímetros de comprimento. Ele foi encontrado encalhado por um veranista, na praia de Barro Preto, a cerca de 50 quilômetros de Fortaleza. Provavelmente, o animal se perdeu da mãe logo após nascer.

Arani foi reintroduzido em 09 de novembro de 2008, no rio Tatuamunha, município de Porto de Pedras, litoral norte de Alagoas. Após seis anos de reabilitação em cativeiro, foi monitorado pelo sistema de radiotelemetria durante vários anos até o momento da perda dos equipamentos.

O Estado de Sergipe possui uma área de presença histórica de peixe-boi marinho com apenas um animal, também reintroduzido, considerado “residente “, sendo ele o peixe-boi Astro, presente em águas sergipanas desde 1998.

Fonte: FMA

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