“Plenário”, por Diógenes Brayner

Primeiras análises Segmentos políticos vinculados ao governador João Alves Filho (PFL), já estão começando a avaliar qual seria o melhor nome para disputar a Prefeitura de Aracaju. Fala-se na deputada Susana Azevedo (PPS) e no atual secretário de turismo, Pedrinho Valadares (sem partido). Um político influente, entretanto, citou a primeira dama Maria do Carmo Alves. Lembrado do impedimento por ser a primeira dama, refutou: “D. Caçula, mãe do senador Antônio Carlos Valadares, elegeu-se prefeita por Simão Dias, quando ele estava à frente do Governo em 1988”. E emendou: “os municípios não têm diferença, tanto faz ser Itabaiana, como Aracaju. É a mesma coisa”. Lógico que é uma questão que merece consulta ao TSE, embora uma grande maioria admita que seria muito difícil o governador eleger a primeira dama prefeita da capital. São os primeiros passos para uma sucessão que ainda faltam mais de 18 meses para se acontecer, mas que o candidato tem que ser preparado imediatamente. Na oposição também se pensa em sucessão municipal, mais já se discute a vontade do prefeito Marcelo Déda (PT) em disputar a reeleição. É quase unânime, e até serviu de comentário em um encontro de personalidades da política sergipana, durante o carnaval, que Marcelo Déda perdeu o tesão pela administração municipal, principalmente depois da eleição do compadre Lula da Silva para presidente da República. Se tivesse continuado com o seu mandato parlamentar, Déda poderia ser hoje o presidente da Câmara Federal. No mínimo um ministro de Estado. Mas é exatamente ai que se detecta outro pensamento: Marcelo Déda acha que poderá disputar o governo do Estado em 2006, desde que não dispute a reeleição e assuma um Ministério como o de Desenvolvimento Regional. Um dos seus aliados disse que é mais fácil Déda chegar ao governo passando dois anos à frente de um Ministério que se volte para o Nordeste, do que reeleito e desincompatibilizado da Prefeitura de Aracaju. Também se fortalece um pensamento dentro do Partido dos Trabalhadores, de que o governador João Alves Filho não tentará a reeleição em 2006. Mas tudo isso depende muito do comportamento do Governo Federal. Segmentos fortes do Partido dos Trabalhadores acham que o presidente Lula está começando a frustrar setores importantes da sociedade e que a política econômica está tomando rumos que podem levar o país a ultrapassar o fundo do poço. Um grupo de deputados federais vinculados ao Governo está preparando documento amplo, para ser entregue ao presidente Lula da Silva, mostrando todos os erros que são cometidos e que podem levar o modelo a ser muito mais perverso do que o aplicado pelo seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Será um documento amplo, em que os parlamentares sugerem uma maior participação da sociedade e que se faça a reforma necessárias para servir melhor ao cidadão, sem beneficiar exclusivamente as elites. Hoje já se reconhece que Lula não tinha conhecimento amplo do modelo que criticava e que não deveria ter feito uma campanha de soluções imediatistas, para um país prenhe de reformas profundas e estruturais, que têm que ser feitas em longo prazo. O erro foi encher o eleitor de esperanças para ganhar o pleito. E o povo não aceita mais frustrações, principalmente de um cidadão que sempre lutou pela verdade e está se passando como um mercador de ilusões… Está exatamente nessa dificuldade de deslanche do Governo Federal, que vem mantendo ligações com os segmentos conservadores da política nacional, que pode colocar o prefeito Marcelo Déda numa situação complicada. Se conseguir ser ministro de um modelo que dê certo, há possibilidade de reconquistar a popularidade total. Mas se a esperança se despedaçar, tudo estará perdido. O governador João Alves Filho é um político hábil, que maneja bem as pedras nesse tabuleiro da política sergipana e, até o momento, não dá sinais de que deixará de disputar as eleições. Ainda não houve tempo para isso. Mas, se por acaso acontecer, com certeza vai preparar uma liderança capaz de manter sua estrutura no Poder. Entretanto, nestes primeiros 60 dias, o Governo Estadual também está em ritmo de cágado, e se não der a volta por cima, pode se complicar. A oposição está se fortalecendo e pode ser obstáculo em 1996. João também anunciou várias reformas e um Governo dinâmico e reciclado. Até o momento deu passos largos na questão da fome, mas falhou na reciclagem propalada, em razão de compromissos assumidos no segundo turno. Como falta muito tempo, ninguém pode fazer avaliações, mas sobre o prefeito Marcelo Déda fica claro que a Prefeitura de Aracaju não parece mais ser a menina dos seus olhos negros. Sente que, para conquistar o Governo, tem que chegar bem acima disso e ter influência ao nível do Planalto… MACHADO O deputado estadual José Carlos Machado (PFL) reconhece que, para penetrar nas decisões da Câmara e se destacar em plenário, é preciso ficar entrosado com as lideranças da Casa. Machado acha que um parlamentar que está chegando agora, leva no mínimo um ano para se movimentar bem na Câmara e aparecer entre os poucos que comandam. PROJETO José Carlos Machado também acha que o presidente Lula da Silva está sem uma definição administrativa e o Governo ainda não tem um rumo. Lembrou que o Funrural, um projeto da ditadura, funcionou com muito mais eficiência, e abrangência, junto ao homem do campo, do que o projeto Fome Zero. DELEGADO O novo delegado do Trabalho de Sergipe é a auditora Lourdes Correa, funcionária de carreira e que foi escolhida pelos colegas. Sua nomeação saiu ontem no Diário Oficial da União. Lourdes Correa também foi referendada por entidades de classe e aceita pelos deputados João Fontes (PT), Heleno Silva (PL) e Jackson Barreto (PMN). CORREIOS O novo diretor dos Correios e Telégrafos de Sergipe ainda não foi nomeado, mas está escolhido. Será Alexandre da Silva, também indicado pelas entidades e referendado pela bancada. A direção dos Correios é de responsabilidade do PDT, mas o senador Almeida Lima não quis interferir na escolha do diretor de Sergipe. MORDOMIA O diretor interino dos Correios, Alan Roque Hack, que viria definitivamente, mora em um hotel cinco estrelas, em Aracaju, e ganha adicional de transferência. Além disso, tem direito a duas passagens aéreas semanais para visitar a família, que ficou em Salvador. São gastos dignos de um Governo que não deveria ser o do presidente Lula. AUDIÊNCIA O deputado federal Jackson Barreto (PMN) está viajando hoje ao Rio, para uma audiência com o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT). Vai conversar sobre a instalação da refinaria de petróleo e analisar as reportagens que a TV Globo vem fazendo sobre os Estados em condições de recebe-la. PARCERIA Jackson Barreto acha que a instalação da refinaria vai depender da parceria privada para se integrar à Petrobrás, além da análise de viabilidade. O deputado admite que ganhará quem oferecer a melhor parceria: “o Ceará já tem um grupo árabe interessado”. Jackson acha que há necessidade do engajamento dos governadores e das lideranças políticas nessa luta”. ASFALTO Jackson Barreto também está levando para José Eduardo Dutra alguns pequenos projetos para melhorar municípios onde a Petrobrás atua em Sergipe. Quer asfaltar, por exemplo, Siriri a Divina Pastora e Rosário do Catete a General Maynard. As duas últimas cidades têm cinco quilômetros de distância. GILMAR O deputado estadual Gilmar Carvalho (PDT) enviou e-mail a Plenário informando que está bem no PDT, onde mantém “bom relacionamento com o senador Almeida Lima (PDT), seu presidente”. Gilmar Carvalho, entretanto, ponderou: “só há uma possibilidade de deixar o PDT: participar diretamente da construção de um novo projeto – antigo sonho”. CONVERSA Gilmar disse ainda que “não estou negociando nada e nada farei sem conversar com Almeida Lima e com a senadora licenciada Maria do Carmo (PFL), por quem tenho um sentimento enorme de gratidão, por tudo que tem feito por mim”. A correspondência de Gilmar a Plenário foi em decorrência de informação de que ele estaria discutindo a possibilidade de filiar-se ao Partido Verde. SUSANA A presidente do Diretório Municipal do PPS, Susana Azevedo, deve promover nova reunião do partido nesta próxima semana, para discutir uma ação maior em Aracaju. Susana defende a unidade partidária e vai lutar para que o PPS não deixe de ter em seus quadros pessoas que façam crescer o partido. ESCUTA É possível que o grampo feito pela Polícia baiana a telefones em Aracaju, facilite a se chegar aos assassinos do deputado estadual Joaldo Barbosa (PL). Circulou informação de que a polícia sergipana já tem alguns dados telefônicos que levam ao autor e mandante do crime. OPOSIÇÃO A partir de 15 de março setores da oposição vão começar a trabalhar na cobrança direta de ações do Governo em vários segmentos da Administração. O pessoal já está querendo saber sobre o aumento do funcionalismo e a rigidez no setor da segurança, hoje mais vulnerável aos bandidos. Notas CONVOCAÇÃO O secretário da Segurança Pública, Luiz Mendonça será convidado a fazer um relato sobre o que a Polícia vem fazendo para chegar aos mandante e assassino do deputado estadual Joaldo Barbosa e para reduzir a criminalidade que, segundo os deputados de oposição, vem aumentando de forma assustadora em Sergipe e provocando intranqüilidade às famílias. O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) entende que não adianta ser instalada uma CPI da Pistolagem, se não houver condição de apurações concretas. Mesmo assim, o parlamentar não é contra qualquer instrumento para apurar o aumento da violência. NÃO REVELA Caso seja convocado para uma exposição na Assembléia legislativa, o secretário da Segurança, Luiz Mendonça, vai comparecer sem nenhum problema, entretanto não entrará em detalhes sobre o que a polícia está fazendo para chegar aos envolvidos no crime, porque seria entregar toda estratégia aos bandidos. Só será revelado o que não será prejudicial à apuração. Os deputados estaduais estão absolutamente conscientes disso e nem têm interesse em complicar o trabalho da Polícia, mas estão querendo tomar conhecimento do que vem sendo feito, para que o crime de Joaldo não vá para os arquivos de insolúveis. INFERNO Foi um verdadeiro inferno a travessia Araçá-Barra dos Coqueiros pelas balsas. Centenas de carros faziam filas gigantes para chegar ao outro lado e os veículos nunca passavam menos de três horas para utilizar os cinco minutos para atravessar o rio. Na maioria das vezes a empresa responsável usou apenas uma lancha, alegando que a outra estava quebrada. É exatamente em razão desse grave problema, que a empresa responsável pelas balsas não pode se colocar contra a construção da ponte que liga Aracaju a Barra. A cada evento ou feriado prolongado, fica comprovada a morosidade das balsas. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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