“Plenário”, por Diógenes Brayner

Marcado para morrer Os deputados estaduais pastor Mardoqueu Bodano, Adelson Barreto, Antônio das Graças e Joaldo Barbosa estavam marcados para morrer. Todos eles são titulares de mandato que impediam o então suplente Antônio Francisco (PL) assumir a Assembléia Legislativa. O pastor Mardoqueu, por exemplo, foi seguido durante oito dias pelos pistoleiros, que não encontraram oportunidade para eliminá-lo. Adelson Barreto se movimentava muito, sempre acompanhado, e estava viajando no dia marcado para morrer. Antônio das Graças também não se encontrava com facilidade, até que surgiu a idéia da denuncia de corrupção. No domingo, dia 26, véspera do assassinato de Joado Barbosa, ele e o então suplente Antônio Francisco conversaram muito, quando foi abordada a questão de um escândalo que envolvia o Governo João Alves Filho. Os documentos seriam entregues a Joaldo na segunda-feira. No dia do crime, pela manhã, Antonio Francisco e Joaldo voltaram a se encontrar e o então suplente disse ao deputado assassinado que se ele assumisse por seis meses, pagava as dívidas da vítima. Estava tudo pronto para a eliminação… Todo o crime de Joaldo Barbosa foi arquitetado pelo agente penitenciário Carlos Muganga, ainda foragido, e o pistoleiro Brás, preso sexta-feira em Alagoas. No domingo à noite, véspera do crime, é que foram contratados os homens designados para matar o parlamentar: os soldados PM Michael Ernandes dos Santos e Emílio Santos Nascimento, presos no I Batalhão da Polícia Militar. Por sugestão de Michael também foi chamado o pistoleiro Dorgival, conhecido como Compadre, que já tinha prisão decretada pelo assassinato do dono de um parque aquático na Coroa do Meio. Foi exatamente Dorgival quem deu os tiros no deputado Joaldo Barbosa e, como não manuseava bem uma pistola 380, conseguiu disparar apenas seis vezes, ao invés das 19 balas que cabem no pente da arma. No Uno branco ficou o soldado Emílio, enquanto o soldado Michael circulou na região que residia Joaldo Barbosa por mais de duas horas, até vê-lo chegar e, por telefonia celular, dá a ordem de ataque. No mais, tudo ocorreu como já foi publicado: Dorgival chegou na residência de Joaldo, tocou a campainha, foi atendido pelo empregada, disse que tinha um documento para entregar em mãos ao deputado, que imaginou ser a denuncia contra o Governo João, e pôs todo o corpo na mira da pistola 380, sendo assassinado impiedosamente. Dorgival entrou no Uno, foi deixado no centro da cidade e o soldado PM vestiu a farda e foi trabalhar. O crime do deputado Joaldo Barbosa custou apenas R$ 3 mil, mas poderia ter sido mais caro, algo em torno de R$ 7 mil, caso Dorgival soubesse que iria matar um parlamentar. Ele pensava que era uma pessoa comum, um empresário. Somente quando retornou para casa, no bairro São Conrado, foi que o pistoleiro ficou sabendo que havia matado um deputado. Aí já era tarde demais para cobrar a diferença, porque Brás já tinha entregue o dinheiro a Dorgival, acompanhado de uma pasta preta, com uns papeis em branco. Dentro e a pistola 380. A Polícia já tem absoluta certeza que a determinação do crime veio da parte do deputado estadual Antônio Francisco (PL), mas ainda não chegou à conclusão se foi do próprio parlamentar ou do seu filho, vereador Antônio Francisco Junior. Durante o depoimento dos três pistoleiros que executaram o deputado Joaldo Barbosa, há unanimidade entre eles de que tudo partiu de setores do suplente e se falam da seguinte forma: “o velho deputado foi quem comandou tudo e garantiu que depois iria arranjar emprego de segurança, na Assembléia Legislativa, para os dois soldados”. Revelaram, também, que depois do deputado assumir, além do emprego, toda a empreitada seria paga, porque a parte de Brás e do Carlos Muganga teria sido fiado. Até o momento não se percebeu qualquer envolvimento com Ricardo Floro Calheiros, mas a Polícia tem conhecimento de que Calheiros emprestou dinheiro a Antônio Francisco para a campanha, cujo pagamento só poderia ser feito caso ele assumisse, como ficou acertado no sítio de Carlos Muganga. Outra coisa a Polícia também sabe: Brás é homem de confiança do temível Floro. Os policiais responsáveis pelo crime ainda estão esperando a prisão de Carlos Muganga, que poderá ocorrer a qualquer momento, para que seja bem definido se foi o filho do deputado quem arquitetou tudo, sem o conhecimento do pai, ou se os dois estão por trás de toda essa arrumação por uma vaga na Assembléia Legislativa, mesmo que para isso fosse preciso matar um colega. Essa cautela da Polícia é porque duas pessoas é que tiveram contatos com os mandantes: Muganga e Brás – os dois inclusive fizeram a estratégia do assassinato – este último, que já está preso, ainda não abriu o jogo, mas estava sob interrogatório ontem à tarde. O fato principal que levou a Polícia aos assassinos foi exatamente o problema no lacre do Uno, alugado por Muganga a uma locadora em Aracaju e que facilitou a Polícia a saber quem o havia locado. Segundo, foi o retrato falado: o primeiro, que fora divulgado pela imprensa, não tinha nenhum traço com o assassino, mas um outro, guardado em sigilo pela Polícia, revelava traços semelhantes ao rosto de Dorgival, autor dos disparos. Além disso, houve a participação de algumas pessoas que viram o assassino e ajuda decisiva de um cidadão que, se divulgado, colocaria sua vida em risco e sociedade ficaria estarrecida. Quanto ao mandato do deputado Antônio Francisco (PL), caso seja comprovada a sua participação direta, embora já tenha sido provado que tudo partiu de pessoas ligadas a ele, há uma dificuldade. A Assembléia Legislativa não tem Comissão de Ética que possa julgar os atos dos parlamentares e pedir sua cassação. E tem mais, quem assume o seu lugar é o vereador Francisco Glauberto (PT), um dos mais xiitas do partido e isso, politicamente, não é importante para os setores dominantes do Estado, porque Antônio Francisco sempre foi homem de poder e é mais flexível a uma boa conversa de pé de ouvido. Bom: está aí, para perplexidade da sociedade, um crime desvendado através de um trabalho bem organizado da Polícia. Que continue com essa disposição, já que está no embalo, e também desvende o crime de Motinha, ocorrido há mais de ano no Parati, e do vereador Carlos Gato. Com certeza, isso levantaria muito o ego de cidadãos sérios e dignos que existem nas Polícias Civil e Militar, que não concordam com certos conluios para encobrir nomes importantes que comandam a pistolagem e a contravenção em Sergipe e muito menos com a participação de elementos na classe em qualquer tipo de crime. EM DÚVIDA A polícia está com dificuldade em adquirir provas concretas de que tenha sido o deputado Antônio Francisco (PL) ou algum parente seu, que tenha mandado assassinar o deputado. Baseia-se apenas nas declarações dos presos, que falam no velho deputado e que teriam emprego de segurança na Assembléia Legislativa. MUGANGA Segundo uma fonte policial, só quem pode dizer mesmo que o deputado ou algum familiar foi mandante é o foragido Carlos Muganga. Foi ele quem, ao lado de Brás, contratou os pistoleiros e fez todo o serviço. A fonte acrescenta que os assassinos de Joaldo não conheciam o deputado Antônio Francisco. HIPÓTESE A polícia também está jogando na hipótese de que o próprio Floro Calheiros tenha resolvido eliminar Joaldo Barbosa, para Antônio Francisco assumir, sem consultar o deputado. Admite que talvez tenha sido idéia de Carlos Muganga, que teria intermediado o empréstimo ao deputado e estava sendo pressionado. O próprio Muganga teria dado a idéia. FRANCISCO O deputado Antônio Francisco declarou, ontem, que não tomou dinheiro emprestado a ninguém e que não tem nenhum envolvimento com o crime. Lembrou que era amigo pessoal de Joaldo Barbosa e que jamais faria um plano para mata-lo. Diz que está apelando para que tudo seja esclarecido. COMEÇA O Diretório Nacional do PDT já está começando a cobrar, através de inserções na televisão, uma ação do presidente Lula da Silva, para solução dos problemas mais graves do país. Cobra também alguns compromissos assumidos durante a campanha, que trouxeram tanta esperança e levaram o povo a acreditar nas suas palavras. ALMEIDA Segundo o senador José Almeida Lima (PDT) essa campanha surgiu de uma reunião do partido, da qual participou o senador José Almeida Lima, que fez o seguinte alerta: “Vamos ser aliados do presidente Lula da Silva, mas sem deixar de alertar dos compromissos assumidos em campanha”. JOÃO ADVERTE Circula comentários nos bastidores da política sergipana que o governador João Alves Filho deu um arrocho pesado em um dos seus auxiliares, por considerar que ele não está demonstrando ânimo e capacidade para levar sua Pasta. É o primeiro sinal de que João vai cobrar muito da equipe e que não hesitará em trocar quem não entrar na engrenagem. INDUSTRIA A cervejaria portuguesa Cintra pode construir uma de suas fábricas em Sergipe. O governador João Alves Filho já conversou com o empresário Laurinho Menezes, que representa a cerveja e está batalhando para isso. Ontem, Laurinho viajou a Portugal para tratar do assunto junto à direção da empresa e deve retornar na próxima semana com algum resultado. RESSORT O empresário Laurinho Menezes também está querendo fazer um grande hotel de lazer na praia do Saco. Sábado, ele levou o presidente da Emsetur, Ari Leite, para ver a área, que é muito bonita. Lauro Menezes quer o apoio do Governo para o empreendimento e mostrou que a região é um dos pontos mais bonitos do Estado e propícia a um hotel do tipo. SAÚDE O secretário da Saúde, Eduardo Amorim, está muito animado, porque vai atingir a regionalização do atendimento hospitalar antes de maio. Disse que algumas regiões já tem hospital totalmente equipado e lembrou que durante o carnaval os hospitais regionais atenderam 2.200 pessoas. Apenas 18 foram transferidas para Aracaju. LAGARTO Seis hospitais regionais estarão dando atendimento 24 horas por dia, com centros cirúrgicos e plantonistas e cirurgias. Até o momento só o Hospital Regional de Lagarto está fora porque optou pelo Plano e recebe recursos diretamente do Ministério da Saúde. ESPECIALIDADE Eduardo também vai lançar o Centro de Especialidade, para levar cardiologistas, nefrologistas, oftalmologistas para atendimento no interior. Além disso, já está funcionando um Centro de Hemodiálise em Itabaiana e outros dois serão abertos em Estância e Nossa Senhora do Socorro. CANDIDATO Há uma certa dúvida, dentro da oposição, quanto à candidatura do prefeito Marcelo Déda (PT) à reeleição. A maioria acha que ele partirá para algum cargo importante em Brasília. Até o momento Marcelo Déda não tem revelado muita coisa, até porque está evitando conversar sobre um pleito que ainda falta muito tempo. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) deve fazer pronunciamento na Câmara sobre o abandono da BR-101. Vai mostrar que está parada há quatro anos e que houve o Tribunal de Consta da União detectou possibilidade de superfaturamento, mas nada foi feito. MARCÉLIO O vereador Marcélio Bomfim (PMN) diz que as águas de março estão chegando e elas sempre trazem grandes novidades. Diz que no momento a política está em silêncio, mas que tem muita gente se movendo: “Jackson Barreto, por exemplo, para onde vai?”, pergunta. Marcélio acha que nos bastidores as conversas são crescentes. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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