“Plenário”, por Diógenes Brayner

Déda e Aracaju O prefeito Marcelo Déda, politicamente, ficou maior do que Aracaju. Amigo pessoal e compadre do presidente da República, Lula da Silva, se fosse hoje deputado federal, Marcelo Déda com certeza seria o presidente da Câmara Federal. Há quem veja que o prefeito está meio enfastiado da administração municipal. Talvez sinta que poderia ser muito mais útil, a Sergipe e ao Brasil, em uma função importante no Planalto. Ministro do Desenvolvimento Nacional, por exemplo, não seria mal para um cidadão que já traçou régua e compasso para ser candidato ao Governo do Estado em 2006. Evidente que ser prefeito de uma capital é importante para qualquer político, mas quando se tem intimidade com o poder central, o mandato fica muito pequeno para o tamanho do que ele teria condições de exercer para colaborar com o Governo Lula. Sente-se, inclusive, isso. Um certo fastio, uma falta de tesão para continuar resolvendo problemas como buracos na periferia, ou em busca de recursos para construção de praças. Uma série de problemas minúsculos para quem teria maior força de decisão no comando de uma Pasta importante na Presidência da República. Além disso, Déda ainda é o alvo principal dos vereadores de seu próprio partido… Um deputado influente, amigo pessoal do prefeito Marcelo Déda, um dia lhe confidenciou: “Você é político para grandes salões”. Ele sorriu. De fato, quando deputado federal, Déda teve amplo espaço na mídia, não foi por amizade com repórteres, mas pelas suas posições e pronunciamentos. É tão amigo do presidente, que na intimidade o chama de Lula e é tratado por “Dedinha”. Hoje estaria como um dos homens ouvidos no Governo e peça importante nas reformas que o presidente está propondo ao país. Melhor do que ser xingado por Goeszinho, Francisco Gualberto ou Samarone, sem ter participação mais efetiva no que se decide no Palácio do Planalto. O senador José Eduardo Dutra perdeu as eleições para o Governo do Estado, mas certamente está muito mais feliz como presidente da Petrobrás. O próprio Silvio Santos, que ocupa um cargo na Secretaria Geral do Planalto, está diretamente ligado ao trabalho do Governo Lula da Silva. Marcelo Déda tem projetos mais ousados e, com a habilidade adquirida na vida parlamentar, poderia facilitar o caminho espinhoso para as reformas e até penetrar na parte mais radical do seu partido, em defesa de um projeto maior do presidente Lula. Mas, como prefeito de Aracaju, tem que cuidar dos afazeres da cidade e de suas festas, como o São João… Dentro do próprio Partido dos Trabalhadores nota-se a aflição de Marcelo Déda por não estar no centro das decisões nacionais. Lógico que ele nega isso de pés juntos, mas os seus olhos transmitem brilho diferente quando se fala em Brasília. A militância não tem coragem de apostar em sua candidatura à reeleição, porque será difícil concorrer ao Governo do Estado, em 2006, ficando dois anos sem mandato. Mas digamos que o presidente o chame para ser ministro. Se até lá o presidente Lula da Silva tiver cumprido parte do que prometeu em campanha, é possível que ele, mesmo sendo ministro por 16 meses, consiga alguma coisa em termos eleitorais, desde que a Pasta seja voltada para interesses regionais, como a do Desenvolvimento Nacional, que oferece condições de atuar no Nordeste e prestigiar Sergipe. Se nada disso acontecer, dificilmente o prefeito consiga readquirir a força eleitoral do ano passado e eleja-se numa disputa com o atual governador João Alves Filho, que é um cidadão que sabe se estruturar bem quando está no Poder, porque consegue unir um bom tamanho de lideranças a seu favor. João mexe muito bem com as pedras quando está no comando político do Estado e sabe exercer o poder de decisão. Pela disputa da reeleição, enfrenta-se outro João… Por este ângulo, Déda não será candidato à reeleição, mas terá que fazer um nome que possa sucede-lo e dar continuidade ao comando do Partido dos Trabalhadores na capital. Com certeza o ex-senador José Eduardo Dutra não trocará a Petrobrás pela Prefeitura de Aracaju, mas talvez Silvio Santos seja uma saída, só pelo fato de já estar no Planalto trabalhando no Planalto, ao lado de Lula. Jackson Barreto não será aceito pela militância e João Augusto Gama não parece muito animado com a política. Será difícil encontrar um nome que se destaque, em termos políticos, no secretariado, a não ser a ex-deputada federal Tânia Soares. Embora as opções rareiem Marcelo Déda não entrará em uma nova aventura como prefeito, o que anima o pessoal que lhe faz oposição, disposto a administrar e já começando a trabalhar firme para conquistar a periferia e se manter firme na classe média. As eleições municipais de 2004 podem mudar a fotografia de um momento político que se vive em Aracaju… ENCONTRO O governador João Alves Filho considerou o encontro com o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, proveitoso e adiantou que foi a ele tratar de duas questões: da Emsergás e da Refinaria. João Alves lembrou que discordou da orientação do Governo anterior, em entregar a Emsergás à Petrobrás, para cumprir dívidas com o porto. EXCLUSÃO O governador João Alves Filho disse que Sergipe excluiu a Emsergas como pagamento, com o compromisso do Governo indicar outras formas de sanar a dívida. João acha que a Emsergas será muito importante para Sergipe, porque é de grande utilidade na distribuição de gás, principalmente para grandes indústrias. REFINARIA Com relação à refinaria, o governador João Alves Filho quis saber de José Eduardo Dutra as dimensões reais do poço de petróleo encontrado no litoral sergipano. José Eduardo informou a João Alves que vai ter um levantamento de toda área até o fim do semestre, quando será revelado as dimensões do novo poço. CONDIÇÕES João Alves Filho fez ver que Sergipe tinha duas condições para propor a refinaria: uma na situação atual e outra com o resultado do levantamento do novo poço, que vai extrair o melhor petróleo do Brasil. O governador perguntou ao presidente da Petrobrás se poderia apresentar a proposta só depois do resultado do levantamento. José Eduardo concordou e disse que não haveria prejuízo para o Estado. JERÔNIMO O ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis (PTB), desmente que o partido tenha sido entregue ao secretário para Assuntos Parlamentares, Clóvis Silveira. Clovis, entretanto, exibe documentos avisando que foi indicado, dia 3 de fevereiro, para dirigir a nova Comissão Provisória do PTB e já o encaminhou ao TRE. JACKSON Jerônimo disse que ofereceu o PTB ao deputado federal Jackson Barreto (PMN), mas ele não quis porque o ex-prefeito João Augusto Gama botou na cabeça que vão retomar o PMDB. Os pemedebistas acham muito difícil uma retomada do partido por parte de Jackson, porque a maioria está elegendo o deputado federal Jorge Alberto para presidente. PETRÓLEO Os deputados José Carlos Machado e João Alberto aprovaram requerimento para que o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra e o diretor da Agência Nacional de Petróleo fossem ouvidos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. O diretor da CVM e a ministra das Minas e Energia também vão. Todos devem falar sobre a questão dessa descoberta de Petróleo em Sergipe, porque está havendo controvérsias. VOLUME Segundo José Carlos Machado, a Agência Nacional de Petróleo diz que o manancial é de 2 bilhões de tonéis de petróleo. A Petrobrás anuncia que não é bem assim. Mas, por conta disso, as ações da estatal aumentaram 5%: “alguém está lucrando com isso”, argumenta. COMPANHIA José Carlos Machado também integra a sub-comissão que vai investigar o não pagamento de royalties por empresas de extração mineral nos Estados. Já foi constatado que a Vale do Rio Doce deve milhões de reais ao Estado do Paraná. Como a empresa também explora minério em Sergipe, será investigada aqui. RENATO O ex-candidato ao Senado Ricardo Sampaio (PRP) disse ontem que vai deixar o partido e ingressar em outro maior, para evitar problemas com a Lei de Barreira. Renato ainda não escolheu seu novo partido, mas acha que com a votação que teve em Aracaju ( 46 mil) pode se sair bem nas próximas eleições. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PMN) fez pronunciamento, ontem, na Comissão de Relações Exteriores, protestando contra a guerra do Iraque. Jackson liderou um grupo de deputados para integrar um documento na Embaixada americana, mas ninguém foi recebido, porque havia um movimento em frente. VIGÍLIA Quarta-feira à tarde, durante reunião da Comissão de Relações Exteriores, Jackson Barreto também fez um pronunciamento de protesto contra a guerra do Iraque. À noite, com a presença do embaixador do Iraque no Brasil, a Comissão Mista de Relações Exteriores fez uma vigília no Congresso Nacional. INSANIDADE O governador João Alves Filho (PFL) disse ontem que o presidente dos EUA, Richard Bush, está praticando um ato de insanidade ao enterrar a ONU e bombardear o Iraque. Acha que Bush está fazendo renascer o ante-americanismo no mundo, que o presidente Bill Clinton conseguiu amenizar. Os EUA estão querendo fazer o papel de grande juiz do mundo. Notas DIÁLOGO O governador João Alves Filho (PFL) declarou ontem que está querendo abrir o diálogo com todos os segmentos políticos do Estado e lembrou que “essa história de campanha já acabou, o objetivo agora é fazer um trabalho maior por Sergipe”. O governador acrescentou que deseja somar em beneficio do Estado e de sua gente. Lembrou que ao ser eleito fez uma visita ao prefeito Marcelo Déda (PT) para abrir as portas para um entendimento administrativo e mostrou que manteve a discrição no debate aberto em favor da refinaria. Acha que é uma questão de todos. HÁBEAS O advogado José Cláudio entrou, ontem, no final da tarde, com um pedido de hábeas corpus em favor do vereador Antônio Francisco Garcez Júnior. Espera a concessão para ainda hoje. O prazo para encerramento do inquérito policial se encerra na próxima quinta-feira, quando o delegado Arquimedes apresentará o resultado final da apuração policial. Isso não impede que a Polícia continue nas investigações para prender Marcos Munganga, “que está vivo e não fugiu para a Colômbia”, como brincou, ontem, uma fonte policial. A informação é de que outras pessoas estão envolvidas no crime de Joaldo. DEPOIMENTO Acompanhado por dois deputados, o vereador Antônio Francisco Garcez Junior prestou depoimento, ontem, à Polícia, sobre o assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa. Apesar das provas concretas que os policiais exibiam, Junior negava qualquer participação no crime. Na avaliação da polícia, o interrogatório chegaria à madrugada. É possível que hoje o vereador tenha a primeira acareação com os outros presos sob acusação de ter participado do plano e execução do deputado Joaldo Barbosa. Amanhã poderá ocorrer outra acareação, para que a Polícia conclua o seu relatório final. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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