O rapaz participava pela segunda vez do curso e acredita que esse teria sido o motivo da agressão exagerada. “Fiz esse curso há seis anos, e voltei para reciclar o aprendizado. Eles podem achar que eu queria alguma espécie de ‘doutorado’ no COE. Aí no dia de troca de chefia de turma, três instrutores me abordaram e começaram a me bater com facão e pedaços de pau”, declara. Fraturas e decepção Ao passar pelo exame pericial no Instituto Médico Legal (IML), a médica que o consultou disse que, em 16 anos de carreira, nunca havia visto lesões como aquelas, diz o cabo. Ele está com fortes hematomas nas pernas, braços, cabeça e principalmente na região das nádegas, onde há um corte profundo. O PM conta que pensou duas vezes antes de fazer a denúncia, mas percebeu que falar sobre o caso dificultaria novos sofrimentos como este na instituição. “Estou decepcionado com a PM. Dediquei 16 anos de minha vida a ela”, cita. Ele não descarta pedir indenização por danos morais e não faz idéia de qual será seu futuro na instituição. A Polícia Militar (PM/SE) recebeu com surpresa as denúncias de maus tratos e humilhação feitas pelo cabo ao MPE, OAB e imprensa. “Vai ser instaurado o inquérito e em um prazo máximo de 30 dias poderemos dizer se houve ou não exageros”, conta o coronel Pedroso. Mas o coronel revela a existência de um vídeo gravado durante o curso, no qual o próprio denunciante pede para sair do programa de aperfeiçoamento, agradecendo a oportunidade dada pela polícia. O cabo assumiu a atitude. “Não quis criar uma situação desconfortável no momento”, justifica. Repercussão O corregedor da PM, coronel Ramos, estará à frente das investigações. Quando o inquérito for concluído, a cúpula da Polícia irá explicar à sociedade o que, de fato, aconteceu. O presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, diz que vai esperar o relatório da Comissão de Direitos Humanos para se manifestar sobre o assunto. O governador Marcelo Déda declarou que qualquer caso de tortura, em sua administração, deve ser punido. Já o promotor Deijaniro Jonas não foi localizado para comentar o assunto. O curso de aperfeiçoamento do COE consiste no treinamento físico e tático que foca ocorrências especiais, como incêndios, seqüestros e buscas em mata fechada. Para isso, o teste físico é rigorosíssimo, lembrando as cenas do filme ‘Tropa de Elite’. Porém, espancamentos gratuitos e humilhações não são permitidos. Em Sergipe, tal curso é realizado em uma área militar conhecida como Feijão, na região metropolitana de Aracaju. Dele, saem policiais prontos para enfrentar situações como a busca pelo Carlos Eduardo, mentor do assalto que resultou na morte de dois sargentos em 2 de novembro, e pelo Pipita, menor de idade que aterrorizou o centro-sul do Estado no início de 2008 Por Glauco Vinícius e Carla Sousa
O cabo da Polícia Militar (PM) de inicial W, que acusa alguns instrutores do curso de formação do Centro de Operações Especiais (COE) de espancamento e humilhação, vai entregar as provas da agressão na tarde de hoje, 18, à Comissão de Direitos Humanos da OAB. As mesmas provas já foram entregues ao Ministério Público Estadual. Cabo está com hematomas por todo o corpo
Polícia se manifesta Coronel Pedroso explica posicionamento da PM perante o caso
O curso Costas, pernas e nádegas foram as regiões mais atingidas
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