PM mata jovem em show
Mais um caso envolvendo policial militar acaba em morte nesta madrugada. O capitão da Polícia Militar Dênisson Santana, Comandante do Batalhão de Boquim, foi preso em flagrante após disparar três tiros contra o atendente de serviços gerais Rodrigo de Jesus Santos, de 21 anos. O jovem faleceu antes de chegar ao Hospital Nestor Piva. Policiais escondem rosto de outro homem fingindo que era o capitão Denisson (Foto: Portal Infonet)
Informações de familiares da vítima apontam que mais duas pessoas foram atingidas de raspão pelos tiros. Uma foi encaminhada também ao Nestor Piva e já foi liberada; a outra foi para o Hospital São Lucas.
De acordo com o advogado do capitão Dênisson Santana, Igor Valença, o militar estava em uma casa de eventos localizada na avenida Tancredo Neves, onde estava ocorrendo um show de pagode. O advogado conta que o policial estava abraçado com uma menina e notou uma movimentação estranha onde parecia que um homem estava comercializando drogas.
“Até que a vítima abraçou o policial chamando ele de “Alemão”, levantou a camisa e colocou a mão na arma. Ao perceber que o rapaz estava armado com uma ponto 40, o capitão foi mais rápido e deflagrou os tiros”, diz ele, acrescentando que após o ocorrido Dênisson foi espancado pelos colegas da vítima e está bastante machucado. Ele saiu da Delegacia Plantonista por volta de 11h desta manhã para fazer o exame de corpo de delito. Genivaldo Santos, pai da vítima, bastante emocionado (Foto: Portal Infonet)
O pai da vítima, Genivaldo dos Santos, bastante emocionado, disse que o filho não portava armas e que não saberia usar uma. “Meu filho trabalha como serviços gerais em construção civil, nestas empresas grandes, por empreitada. Pelo que sei não foi encontrada arma com ele. Além disto, a casa de shows não tem detector de metais? Como ele entraria armado? “, questiona.
O delegado de plantão, Augusto César Oliveira, informou que irá lavrar a prisão em flagrante por crime doloso e que após o corpo de delito, o capitão será levado para o Comando Geral onde será informado em que local ficará preso, se no Presmil ou no próprio QCG.
“Em depoimento o capitão Denisson informou que adentrou na casa de show por volta das 4h30 e informou que desconhecia a portaria da Secretaria de Segurança Pública [SSP], que determina que policiais que estejam de folga não portem armas em eventos”, explica Augusto César. Augusto César ainda levanta dados do caso (Foto: Portal Infonet)
Em depoimento o militar informou que entrou na casa de show sem ser revistado e não passou por detector de metais. Capitão Denisson contou que estava dançando com uma moça quando viu um rapaz vendendo drogas e logo depois a vítima (Rodrigo) teria lhe abraçado e levantado a camisa mostrando a arma, decorrendo na morte do jovem.
O militar também contou ao delegado que não conhecia nem a vítima e nem a moça com quem dançou. Ele também não apresentou nenhuma testemunha que confirmasse sua versão. “Não foram encontradas nem drogas e nem arma com a vítima. Ainda estamos investigando o caso e iremos ouvir testemunhas. O capitão não poderia estar portando armas dentro do estabelecimento. Vamos agir com imparcialidade, independente do disparo vir de um policial. Vamos entender tudo o que aconteceu e dar uma resposta à sociedade”, diz.
O coronel Magno estava na festa e foi ouvido como condutor pelo delegado. “O coronel informou que ouviu os disparos e viu quando o capitão estava com a arma. Ele relatou a prisão e disse que o capitão confessou o crime”, diz Augusto César. Arma do crime (Foto: Portal Infonet)
Outro depoimento
O delegado Augusto César Oliveira informou que o técnico de Segurança, Puscas Pereira da Silva, 25 anos, que foi atingido na perna por um projétil perdido durante o evento foi ouvido no fim da manhã. A vítima informou que não viu de onde a bala surgiu e logo que foi acertado procurou o ambulatório da Casa de Show onde estabilizou o ferimento que sangrava muito e depois foi encaminhado ao Hospital São Lucas. “Puscas também disse em depoimento que foi revistado e passou no detector de metal quando entrou no show”, completa.
A outra possível vítima seria uma mulher, que também teria recebido um projétil perdido, mas até o momento a polícia não confirmou esta informação e nem a identificou.
Encaminhamentos
Augusto César informa que o local do crime não foi preservado. “Desconfiguraram todo o local e a homicídios não foi chamada. Isto dificulta o nosso trabalho, pois poderíamos encontrar restos de projéteis e outras provas, mas não foi possível”, confessa ele, acrescentando também que o procedimento de atendimento com a vítima também não foi o correto.
Mesmo com estas dificuldades, o delegado já solicitou uma guia de exame para o capitão para saber se o mesmo foi espancado por colegas da vítima como afirmou em seu depoimento e solicitou também uma guia de microcomparação balística da perna de Puscas. “Porque existe a possibilidade de uma das balas ter atravessado o corpo de Rodrigo e tê-lo atingido”, explica o delegado.
Augusto Cesar também consultou a ficha de Rodrigo dos Santos e ele não responde a nenhum processo criminal.
PMs enganam imprensa
O Portal Infonet publicou erroneamente a foto acima (primeira foto) como se o homem vestido de vermelho fosse o capitão Denisson Santana. Isto porque os policiais presentes a Delegacia Plantonista nesta manhã fizeram um teatro para enganar a imprensa que estava presente no local e conseguiram. Enquanto eles fingiam que o homem na foto era o capitão Denisson Santana, o verdadeiro PM saiu por outra porta sem quaisquer problema.
O delegado Augusto Cesar fez questão de ressaltar que não sabia deste episódio e que não compactuava com o mesmo. A equipe do Portal Infonet tentou por todo o dia de hoje falar com a assessoria de comunicação da PM, que tem a sua frente capitão Donato, mas não obteve êxito.
Por Raquel Almeida
Houve acréscimo de informações na matéria às 16h44, após outra entrevista do delegado responsável pelo caso.