Contudo, somente por volta da 0h do domingo, 8, as pessoas foram retiradas do canteiro central da Avenida Maranhão, onde esperavam desde a desocupação. A operação da PM, que contou com participação inclusive de helicópteros, iniciou-se por volta das 13h. “Eles chegaram em uns oito carros da [Polícia de] Choque. Fecharam a saída pelo portão e pularam o muro dos fundos”, conta Joselice Barbosa, com o filho nos braços. “Eles já chegaram jogando bombas e xingando a gente”, complementa Elizângela dos Santos. De acordo com o procurador federal Paulo Guedes, a atuação da PM aconteceu de maneira ilegal, pois não dispunha de mandado judicial para agir. “Foi um uso excessivo de força para agir contra indivíduos que não apresentam nenhuma periculosidade. Absolutamente desnecessário”, disse. Guedes explica que entrou em contato com várias autoridades do Governo do Estado, proprietário do terreno, a fim de convencê-los a permitir que as famílias continuassem no local até segunda-feira, 9, mas não obteve sucesso. O Ministério Público Federal deverá entrar com uma representação por abuso de autoridade. Retirada O filho de 5 anos de Jaqueline dos Santos foi um dos seis feridos durante a ação de desocupação Joselice explica que na correria, não puderam retirar seus pertences do kartódromo. Ao serem levadas para os abrigos, à noite, as famílias conseguiram retirar ao menos colchões e algumas roupas. A secretária de Estado da Inclusão Desenvolvimento e Assistência Social, Ana Lúcia, esteve no local. Ela coordenou a retirada das famílias do canteiro da avenida para o galpão e albergue e explicou que no domingo, 8, às 10h, caminhões da Seides farão a retirada dos demais objetos e móveis que ficaram no local. “As famílias ficarão no galpão até que sejam construídas casas para elas”, esclareceu a secretária. Estiveram ainda auxiliando as famílias na saída os presidentes dos Conselhos Estadual e Municipal Histórico Essas pessoas inicialmente haviam ocupado a construção abandonada do Hotel Brisa Mar na Orla de Atalaia. Na quinta, 5, eles deixaram um local após negociação com Polícia Militar para cumprimento de um mandado de reintegração de posse. E na madrugada da sexta-feira, 6, ocuparam o espaço do antigo kartódromo na avenida Maranhão, que agora pertence à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e iria abrigar o Sergipe ParqueTec. Por Gabriela Amorim
Elizângela e Joselice reclamam de atuação da PM
Após uma ação truculenta da Polícia Militar, o espaço do antigo kartódromo de Aracaju foi desocupado por famílias sem-teto, neste sábado, 7. Os desabrigados foram encaminhados para um galpão no bairro Siqueira Campos e as crianças e suas mães, a um albergue.
do terreno. Todos foram ao Instituto Médico Legal (IML) passar por um exame de corpo delito. “Ele se machucou quando jogaram as bombas. Nunca pensei que iria passar por isso”, disse chorando a mãe. Ela conta que tentou correr com os quatro filhos, mas um deles acabou ferido. Crianças dormiram do canteiro até serem encaminhadas a albergue
dos Direitos da Criança e do Adolescente, Thiago Oliveira e Humberto Góes, a presidente do Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Lídia Rego, e os promotores Euza Missano e Iúri Menezes. Atuação da polícia foi criticada por autoridades presentes
Comentários