Desde o início da manhã de hoje, as 550 famílias de trabalhadores rurais integrantes do Movimento Sem Terra, que invadiram dois lotes no Projeto Jacarecica II, no município de Malhador, estão cercadas por 120 homens do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Os policiais, juntamente com o procurador do Estado, Osvaldo Rodrigues da Silva, estão cumprindo a Ordem de Reintegração de Posse, emitida ontem pela juíza da Comarca de Riachuelo, Anuska Rocha Souza. No assentamento, a situação está tensa, mas, segundo o assessor de comunicação da Polícia Militar, major Luis Fernando Silveira, tudo está sob controle. “A prioridade do comando da Polícia Militar é sempre negociar, buscar ao diálogo e a saída pacífica. O emprego da tropa é feita somente no caso de resistência a ordem, isto é, em último caso”, diz. Mas as coisas devem mudar de figura. Segundo o coordenador do MST em Sergipe, João Daniel Samariva, os acampados vão resistir. “Nós não vamos sair. Ou o Governo do Estado assume uma negociação democrática, ou agüenta as conseqüências. São 550 famílias, e tudo o que ocorrer de violência aqui, é de responsabilidade do Governo”, afirma. O MST invadiu a área, que pertence a Cohidro e estava cedida a um grupo empresarial para o plantio de cana, desde o último dia 15. Segundo Samariva, a área foi ocupada irregularmente. “Os trabalhadores querem, imediatamente, a readequação do projeto numa perspectiva de assentar as famílias de sem-terra e de pequenos agricultores. Afinal esta se trata de uma obra pública”, afirma. Samariva também explicou que os integrantes do Movimento não descartaram o diálogo. “Nós queremos que o Governo do Estado negocie conosco e que resolvam este problema. O procurador que está aqui, se nega à negociação”, reclama. A procuradora geral do Incra, Gilda Diniz dos Santos, também está no local, participando das negociações. Os Sem-Terra pediram 24 horas para desfazer o acampamento e remontá-lo na rodovia que margeia o Projeto Jacarecica II.
