A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE) confirmou nesta sexta-feira, 25, que a Polícia Civil está investigando uma denúncia de racismo durante o Sarauzin, festa realizada no rooftop do Shopping Riomar, no último sábado, 19 de março, em Aracaju. Um boletim de ocorrência foi registrado no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV).
A vítima é Paula Evangelista, securitária, de 36 anos que, em suas redes sociais, relatou todo o ocorrido. Segundo ela, uma outra mulher, que também estava na festa, havia pedido que ela e uma amiga olhassem a sua bolsa para que pudesse ir comprar bebida.
“Ao retornar com a cerveja em mãos, a mulher que havia solicitado à minha amiga e a mim para olharmos as bolsas, se sentou no puff e, antes mesmo de abrir a bebida, pegou a sua bolsa, abriu-a e, constatando que o seu celular não estava, gritou: Pegaram meu celular!”, diz o relato.
Em seguida, a vítima conta que a mulher teria olhado para ela e apontado o dedo, acusando-a de roubo. “Não satisfeita em me acusar, ela empurrou as pessoas que estavam sentadas, inclusive a minha amiga que estava ao lado dela, e de forma agressiva, puxou a minha bolsa à força e começou a revirá-la; abriu o feche e vasculhou tudo à procura do tal celular”.
“Pessoas olhavam para mim já me recriminando, sem qualquer prova ou fundamento, afinal havia outras pessoas próximas à bolsa dela, mas, em momento algum, ela acusou-as; a acusação fora dirigida a mim, e tão somente a mim! Frise-se, eu estava de pé e mais distante do puff, mas eu fui a acusada. E qual era a única coisa que me diferenciava das demais pessoas ali presentes? A minha condição de pessoa NEGRA!”, desabafou.
Paula contou ainda que a mulher se dirigiu aos amigos e continuou com as acusações. “Não bastasse toda aquela situação de humilhação, a referida mulher, não satisfeita, dirigiu-se aos amigos para dizer que eu havia roubado o celular dela, os quais apontando para mim, perguntaram-lhe: Foi a neguinha? Ao que ela balançando a cabeça em sentido positivo, respondeu: Foi a neguinha”.
A vítima relatou ainda, que um amigo da mulher, que estava fazendo as acusações, teria se apresentado e falado que era advogado, momento no qual ela descobriu que a acusadora também era advogada.
O advogado Wesley Santana, que representa Paula Evangelista, revelou que a produção do evento se disponibilizou a fazer contato com a administração do shopping para que cedesse as imagens da câmera de segurança. No entanto, o estabelecimento informou que só poderia atender ao pedido mediante determinação judicial.
Wesley informou também que esteve na Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Sergipe (OAB/SE) e que apresentou à situação à Comissão de Igualdade Racial. A Ordem, conforme informações do advogado, deverá tomar as medidas cabíveis mediante à evolução do caso.
Organização do evento
Em nota divulgada no Instagram, o evento afirmou não tolerar e recriminar preconceito de quaisquer natureza. “Meu Samba é plural, é diverso, feito de amigos, para amigos, e será sempre assim”, finaliza.
OAB/SE
O Portal Infonet entrou em contato coma OAB/SE, que não se pronunciou a respeito do caso.
Investigação
A SSP disse que os autores do crime foram identificados e irão prestar depoimento ao Departamento de Grupos Vulneráveis (DAGV), que está encarregado pela investigação do caso.
Por Luana Maria e Verlane Estácio
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