Policial acusado de envolvimento na Operação Castelo de Cartas

Coletiva aconteceu no auditório da Acadepol (Fotos: André Teixeira)

Como prometido, a Operação Castelo de Cartas, desenvolvida pelo Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), com apoio da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol) e parceria entre a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual, foi detalhada na manhã desta terça-feira, 7, pelas delegadas Danielle Garcia, Katarina Feitoza e Nádia Flausino, pelos delegados da Polícia Federal Marcos Custódio e Carlos Cézar Pereira de Melo e pelos promotores Nilzir Soares e Paulo José.

Após 14 meses de investigações, foram presas 17 pessoas acusadas de fraudes em licitações. Entre elas, um policial militar, Anderson Matias da Silva, e José Thiago de Carvalho, filho do prefeito de Itabaianinha, Joaldo Lima de Carvalho (PSDB). Eles e os outros 15 – Adilson Farias Pardo, Adonias Costa Lisboa, Agenor A B Santos, Alfredo de B da Cruz, André Vieira de Melo, Jurandir Alves Bessa Filho, Michel Anderson Casas, Osvaldo Pardo Casas Neto, Paula Azevedo Aquino, Paulo Cesar O Souza, Sebastião Nabuco D'Ávila filho, José Thiago de Carvalho, Maria Rosenilde Barreto, Cosme Carlos dos Santos, Valdeiton Alves de Jesus e Vanessa Menezes Bigi – estão no Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope).

Delegadas comemoram sucesso da Operação Castelo de Cartas

Segundo a delegada Danielle Garcia, a operação foi desencadeada na manhã de segunda-feira, 6, com a participação de 100 agentes civis e delegados de polícia que cumpriram os mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Canindé do São Francisco, Arauá, Malhador, Itabaianinha, Rosário do Catete e Japaratuba. Um policial militar também foi preso pelo Comando de Operações Especiais (COE) da PM.

“Nessas prefeituras haviam indícios de fraudes nas cartas-convites, por isso foram objetos de investigações. Foram apreendidos vários documentos que servirão para a gente e para a Polícia Federal que fazia uma investigação no mesmo sentido, sendo que cada polícia com a sua atribuição. Descobrimos que estávamos investigando as mesmas pessoas, a Polícia Federal investigando fraudes em verbas federais e nós fraudes em verbas estaduais. Fomos parceiros e o Ministério Público esteve presente desde o início do inquérito até às provas e isso nos deu muita tranqüilidade”, enfatiza a delegada Danielle Garcia.

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Marcos Custódio, delegado da Polícia Federal

O inquérito policial foi instaurado mediante requisição do Ministério Público Estadual da Comarca do município de Japaratuba, distrito da cidade de Pirambu, em virtude da vasta documentação apreendida por ocasião da intervenção ocorrida lá no ano de 2007.

“Na ocasião apreendemos diversos documentos, cartas convites e várias licitações e diante dos indícios de crimes encaminhamos para uma análise mais aprofundada. O inquérito foi instaurado em abril de 2007 e de lá pra cá tudo foi analisado criteriosamente", explicou a diretora do Deotap, Danielle Garcia.

Ainda segundo ela, o inquérito objetivou apurar fraudes em licitações especialmente em cartas convites realizadas inicialmente no município de Pirambu. Como as investigações cresceram e tomaram um rumo maior, a Polícia e o MPE verificaram que há indícios de fraudes em vários municípios sergipanos, algumas vezes com envolvimentos de gestores públicos e outras com envolvimento de comissões e outros gestores.

Articulador

Delegada Danielle Garcia detalha a Operação

Indagada pela imprensa sobre quem era o mentor da ‘quadrilha’, a delegada Danielle Garcia informou: “Não bem um mentor, mas descobrimos que Adilson Farias Pardo era uma das pessoas que articulavam, uma das peças fundamentais”. Quanto à participação do filho do prefeito de Itabaianinha, a delegada ressaltou que ele fazia obras na Prefeitura e que ao ser interrogado, disse que o pai não sabia do envolvimento com licitações.

A superintendente da Polícia Civil, delegada Katarina Feitoza, comemorou a organização e capacitação no sentido de investigar crimes dessa envergadura. “Esse trabalho vem demonstrar o amadurecimento da Polícia Civil, mas especificamente de um departamento que está organizado e com perfeito gabarito que é a Divisão de Inteligência, que mais uma vez demonstra a capacidade dos que ali trabalham. Além de combatermos os crimes comuns  no dia-a-dia, estamos preparados para não descuidar de crimes dessa envergadura, para reprimir crimes de 'colarinho branco', que prejudicam toda a sociedade, desviando recursos que certamente seriam investidos em áreas como a saúde e educação", entende Katarina Feitoza.

MPE

Promotor Nilzir Soares

O promotor Paulo José destacou a sintonia das delegadas com a Polícia Federal e o Ministério Público. “Temos a prova de que todos, desprovidos de vaidades pessoais e munidos  de um senso comum se uniram para proporcionar a Sergipe uma sociedade melhor. Parabéns a todos pela empolgação e sintonia no trabalho de apuração e investigação que culminou com a deflagração dessa operação que foi um sucesso", comemora lembrando que ‘a união faz a força’. O promotor Nilzir Soares foi quem deu o pontapé inicial, quando das investigações que levaram à intervenção da Prefeitura de Pirambu.

“Na ocasião, foi requerida quebra de sigilo e detectamos grande volume de recursos financeiros movimentado em espécie. O Ministério Público teve acesso a uma farta documentação, foi feita auditoria e iniciado inquérito civil. Neste momento, o MP está acompanhando a Operação como fiscal da lei  e titular da ação penal, podendo requerer ao juízo outras medidas até a conclusão do inquérito”, afirma parabenizando o trabalho das delegadas.

"A PF e a SSP vem construindo um grande relacionamento, possibilitando bons trabalhos. Fico feliz, vejo as instituições trabalhando em parceria e com isso o Estado e a população só tem a ganhar. Com relação a esse caso, começamos um trabalho em janeiro de 2011 na cidade de Brejo Grande, quando constatamos que a rede criminosa se estendia por vários municípios", complementa o delegado da Polícia Federal, Marcos Custódio.

Por Aldaci de Souza