Políticas culturais e afins ou como vender meu peixe?

A polêmica levantada nesta semana sobre a cessão das salas externas do teatro Atheneu já está dando o que falar desde a sinalização do interesse da Petrobras em ocupá-las. Agora, chegando às cargas do público, o que se pergunta é: o que é melhor para a cultura sergipana? Abrigar, de boca – diga-se de passagem -, entidades de direito privado sem nenhum dinheiro ou uma instituição “bancada”? Por aí se vão mil e uma considerações, desde o que tem sido feito por estas entidades e pelo próprio governo a favor do bem cultural de seu povo. Acredito que o governo, seja ele qual for, tem obrigação de garantir acesso a esses bens, mas não a título de favor aos artistas ou à população. A falta de políticas culturais – no plural mesmo, já que Sergipe carece de todas – prova que a força da grana sempre é mais importante do que o desejo de “artistas da porralouquice” em realizar seu trabalho e contribuir como cidadãos para o crescimento crítico de sua sociedade. E é justamente neste patamar que estamos. Nossa cultura se resume a Pré-Caju e São João, pelo menos no calendário de eventos, mas onde ficam todas as outras riquezas que possuímos? Danças e folguedos, música, tradição histórica, sem falar no teatro e artes plásticas, de ontem e de hoje. Sim, porque cultura é passado, mas também é presente, é inovação. Se existe uma entidade interessada em melhorar o Teatro Atheneu, por que não fazer também em conjunto com os artistas sergipanos? Por que excluí-los mais uma vez destes processos? O lobby que se tem feito vem pressionar para que se ceda as salas, que haja reformas. Novamente a pergunta não quer calar: é só? Conservar a cultura e estimulá-la é reformar prédios? Quais as propostas culturais a que se propõe? Por que ter dinheiro para investir é importante, mas igualmente válido é dizer a que veio. Algumas entidades, que hoje ocupam o agora disputado espaço, não ainda tem estofo para se manter, o que lhes resta é ficar sob as asas públicas do Estado, como um filhote que não consegue alçar vôos, porque nunca lhes foi dado asas de verdade para seguir seu caminho. Tirá-los apenas das salas, em nada vai lhes acrescentar, até por que algumas delas continuam peregrinando sem fim. Que tal aproveitar essa polêmica toda, parar de apoiar cegamente quem tem o poder, e discutir de verdade a política cultural de Sergipe? Por Alan Cardoso Repórter de Cultura da Revista Aracaju Magazine

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