Situada às margens do rio Sergipe, no centro de Aracaju, pode ser encontrado um importante marco arquitetônico do estado. A Ponte do Imperador D Pedro II principia o conjunto arquitetônico do Palácio Olímpio Campos, situado na Praça Fausto Cardoso. A história e o turismo podem ser contemplados em um só lugar.
“A Ponte do Imperador D Pedro II se constitui em um importante marco arquitetônico da paisagem aracajuana, sua beleza se sobressai, especialmente pelas esculturas indígenas no alto das colunas, o que garante a quem está de passagem pela cidade a sensação de está em um “museu a céu aberto”, destaca professor do curso de História da Universidade Tiradentes, Rony Rei do Nascimento Silva, doutor em Educação pela Unesp.
“Seu posicionamento estratégico confere beleza à paisagem e através dos tempos a “ponte” foi um dos pontos mais visitados da cidade de Aracaju e hoje, depois de mais algumas reformas continua a ser destaque na vida da capital e ponto obrigatório de visitação para todos aqueles que vêm conhecer a nossa bela capital”, pontua o professor Dr. Rony Rei do Nascimento Silva.
Construída em madeira para o desembarque do Imperador D Pedro II e sua comitiva, em 1860, a ponte pode ser considerada como um “novo tipo de arquitetura portuária”. Na verdade, a ponte é um atracadouro, como caracteriza o professor Rony Silva. “A ponte – na verdade, um atracadouro – foi construída em madeira para o desembarque do imperador Dom Pedro II e sua comitiva em 1860, embora não se saiba se de fato o imperador a utilizou, na administração do engenheiro Manuel da Cunha Galvão”, diz.
O projeto arquitetônico do século XIX, em estilo Colonial, e hoje um dos pontos turísticos da capital, diverge das construções que tinham, à época, por finalidade as operações de carga e descarga pelas catraias nas áreas de praia.
“Sendo assim, não é uma coincidência sua forma se assemelhar à das longas pontes que se proliferavam, tentando vencer o talude da margem do rio, mencionadas no item destinado ao porto”, frisa o professor.
Tendo em vista a precocidade da visita do Imperador consoante à fundação da cidade, considerando que Aracaju foi fundada em 17 de março de 1855, o professor Dr. Rony Rei do Nascimento Silva destaca a probabilidade que, à época, o início da cidade de Aracaju, do ponto de vista formal, compreendia a região que se encontra a ponte.
“Foi através e a partir deste ancoradouro que se quis, pela força dos operadores do poder e confabulações da cultura, descortinar a paisagem. O Imperador visitou algumas localidades como Laranjeiras, Maruim, Propriá e curiosamente a Barra dos Coqueiros. Uma vez que apesar de seu apagamento histórico era justamente na margem oposta à cidade onde se realizava a atividade portuária nas primeiras décadas de Aracaju. Reservados a Aracaju ficavam procedimentos, que mesmo relacionados ao porto, como trâmites burocráticos, eram feitos por pessoas em embarcações de menor porte – catraias – paralelamente à atividade portuária propriamente dita”, relata.
Reformas e Tombamento
Da original construção em madeira para o desembarque do imperador Dom Pedro II e sua comitiva, em 1860, muita coisa mudou. Isso porque, ao longo do tempo, algumas reformas foram feitas. “Em 1867, sob a presidência de José Pereira da Silva Moraes, a ponte, que se encontrava em mau estado de conservação, passou por uma reforma com o objetivo de deixá-la com acabamento em ferro”, esclarece o professor.
A próxima só veio a ocorrer em 1904, quando o presidente do Estado, Josino Menezes, encomendou a construção da ponte metálica, através do engenheiro Heráclito de Faria Lima, por meio da Casa Henry Rogers, da Inglaterra. Mas não parou por aí.
“Em 1919, com novo pensamento urbanístico e com a preocupação de aproveitar a velha estrutura da ponte, Hugo Bozzi ganhou o concurso para construção da ponte, que tinha agora um aspecto de monumento celebrativo ao Centenário de Emancipação Política de Sergipe. Hoje chamada de Ponte do Imperador, a plataforma de desembarque passou por diversas reformas assim como por mudanças de nome que iam de acordo com o regime político de cada época”, acentua o professor Dr. Rony Silva.
Foi só em 2013 que a Ponte do Imperador D Pedro II foi tombada a nível estadual, pelo Decreto nº 29.556/13. Para o professor, o tombamento em nível estadual assegura a necessidade de um cuidado especial. Mas, é preciso ir além. “Quase sempre desejamos demolir o “velho” em detrimento do “novo”. É fácil perceber isso no “ar” degradado e desolador dos centros das grandes cidades e, no caso do município de Aracaju, essa realidade não destoa. Nesse contexto, a ponte do imperador necessita de um cuidado especial, o que inclui a iniciativa do tombamento em nível estadual”, conclui.
Apesar do valor histórico e arquitetônico, a ponte não chegou a ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para o professor, a política do Patrimônio Cultural Material (PPCM), do Iphan, se assenta no princípio da responsabilidade compartilhada.
“Especialmente no Capítulo I: “IV. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o patrimônio cultural material”. Nesse contexto, a Ponte do Imperador D Pedro II não está entre os monumentos e espaços públicos tombados pelo Iphan. Com isso, o tombamento apenas em nível estadual fragiliza administrativamente e politicamente as possibilidades de preservação”, enfatiza.
O caminho defendido pelo professor para a plena preservação da Ponte D Pedro II, e demais construções históricas, é a “construção coletiva de uma mentalidade preservacionista” pelos brasileiros. Essa pode ser uma via para a preservação e valorização da história e do seu patrimônio material.
Fonte: Assessoria de Imprensa Unit
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