Povoados de Aquidabã estão sem água

Jucelino mostra as contas de água que chegam (Fotos: Portal Infonet)
É muito bom chegar em casa após uma intensa rotina de trabalho e tomar um revigorante banho de chuveiro. Mas para a comunidade de alguns povoado do município de Aquidabã, a 92km de Aracaju, esse ‘privilégio’ não é praticado a algum tempo. Há aproximadamente dois meses, moradores sofrem com a falta de abastecimento de água em suas residências.

 

“Eu não lembro a última vez que a gente tomou banho no chuveiro. Parece que esqueceram da gente aqui. Quer dizer, esqueceram não porque todo mês chega a conta de água. Teve tempo que chegava conta de até R$280 reais aqui, sem a gente usar água nenhuma”, relata o aposentado Juscelino de Lima, morador do povoado Saco de Areia.

 

Edson tem de pegar água nos tóneis em uma cisterna na localidade
Segundo o morador, essas contas chegam com o valor de R$17,50, correspondente  à taxa de esgoto pelo serviço de abastecimento de água da Deso.

 

Edson Vicente, de 22 anos, também morador do povoado Saco de Areia, diz que a alternativa mais viável para burlar a situação é sair para pegar água em cisternas pelas redondezas. “Como ninguém da prefeitura aparece aqui para resolver esse problema, a gente tem que usar água das cisternas mesmo.

 

Seguindo para o povoado Segredo, não foi difícil encontrar moradores carregando garrafões com água em carrinhos de mão pela estrada de terra batida. Foi o caso dos irmãos Weberson

Os irmãos Weberson e Luiz Otávio carregam água pela estrada
Silva, de 12 anos, e Luiz Otávio Silva, de 9 anos. Sem ter o fornecimento de água em casa, os dois passam à tarde para conseguir a maior quantidade de água possível.

 

“A gente consegue água em uma cisterna aqui perto. Não tem água na torneira, então a gente tem que sair para buscar mesmo”, conta Weberson.

 

Para Gilson dos Santos e Regis Adriano dos Santos, pai e filho, a rotina não é diferente. “Todo o dia a gente tem que sair para encher os baldes com água. Com ela a gente tem que tomar banho, beber água e lavar roupa.  Acho que estamos assim, há quase três meses, e ninguém aparece pra explicar o que está acontecendo”, explica Gilson.

 

Povoado Segredo

 

Aldemira diz que a situação já é de muito tempo
“Aqui não tem uma gota de água e isso não é de agora”, afirma a moradora do povoado Segredo, também em Aquidabã, Adelmira Ferreira Santos, de 44 anos. Ela conta que há cinco meses o período de fornecimento de água começou a diminuir, até a suspensão total da água durante o dia.

 

“Às vezes pela noite chega um pouco de água e a gente tem que correr para encher as vasilhas e baldes, mas ainda é muito pouco diante o tempo que estamos sem água decente e pelas necessidades que temos de fazer”, relata a moradora.

 

Segundo ela, uma vez por semana passa um carro pipa pelo povoado, e quem não chegar a tempo fica sem água.

 

As portas das casas estão cheias de tonéis a espera do carro pipa
Carro pipa

 

Irandir Teles do Rosário, dona de casa que mora há mais de 24 anos no povoado, diz que a água que chega no carro pipa, além de ser limitada, chega sem condições de ser utilizada. “A água chega aqui amarela e há quem diga que ela é retirada de uns poços aqui por perto, onde muita gente toma banho e acaba ficando suja. Mas temos que pegar senão ficamos sem água”, diz Irandir.

 

Segundo a dona de casa, o que mais aborrece os moradores é que as contas de água nunca deixam de chegar às residências. “E se a gente não pagar, nem o carro pipa e nem á água que chega de vez quando pela madrugada a gente vai ter. O pessoal do carro pipa ainda nos fala que não

Edna pega água em um poço próximo à sua casa
podemos encher os tóneis para lavar roupa. Ou seja, ficamos só esperando a boa vontade do povo”, denuncia Irandir.

 

A rotina da moradora Maria Edna dos Santos, 26 anos, tem sido de muitas idas a um poço próximo a sua residência, ainda no povoado Segredo. “O carro pipa demora muito e não dá para ficar esperando, principalmente porque tenho criança. O jeito é vir pra o poço e usar essa água mesmo”, observa.

 

Enquanto a situação da falta de água torna-se cada vez pior em povoados no município de Aquidabã, os moradores pedem que medidas urgentes sejam tomadas pelo Poder Público local.

 

Responsabilidade

 

O Portal Infonet entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Aquidabã e foi 

Irandir diz que água de carro pipa não é limpa.
informada que a responsabilidade pelo abastecimento de água na região não compete à mesma, e sim à Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso).

 

A assessoria de Comunicação da Deso reconhece a falta de água nos povoados Saco de Areia, Segredo e povoados circunvizinhos como um problema técnico. Segundo a Deso, a região conta com duas bombas de abastacimento, sendo que uma delas está com defeito.

 

Desta forma, a água chega com muita dificuldade nas residências do povoado. A Deso garante que até em até 10 dias a situação estará regularizada.

 

 

Por Victor Hugo e Raquel Almeida

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