Prédio desabado: Pedreiro diz que tragédia era esperada

Na frente dos escombros, pedreiro desabafa e não quer aparecer(Fotos: Portal Infonet)

“Eu tinha medo que isso acontecesse a qualquer momento. O dono se metia em tudo. Até uma medida de massa, tinha que ser do jeito dele. Agora dá para todo mundo ver que foram usados ferros de 10 polegadas. Claro que não tinha como segurar as colunas”. O desabafo foi feito na manhã desta segunda-feira, 21, por um pedreiro da obra que observava de longe a vistoria feita pelo delegado Valter Simas e pelos peritos da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, nos escombros do prédio que desabou na Coroa do Meio.

Pedindo a todo instante para não ser identificado na matéria, o pedreiro estava na manhã desta segunda-feira, 21 nas proximidades da área em que foi erguido o prédio de quatro andares.

O que sobrou do prédio de quatro andares

“Eram quatro andares e a garagem embaixo. Em cada laje tinha seis apartamentos. O maior problema enfrentado por mim e os demais trabalhadores, era essa intromissão de Seu Aldo. Ele chegava aqui cedinho e ficava dando opinião. Como o engenheiro nunca mais apareceu, ele que ficava ensinando e usava o material mais barato. Prova disso é os ferros usados nas colunas. Tá vendo ali que são de 10? Mas, fosse algum de nós dizer que tava errado. O homem se virava”, relata.

O pedreiro disse ainda que a troca de trabalhadores era constante. “Ninguém parava aqui. Além de ganhar apenas R$ 60 por dia e ter que pagar almoço, porque a gente não recebia quentinha, ainda tinha que ouvir que a gente era de Alagoas e não ia voltar porque a ponte caiu, que a gente só ia embora quando entregasse a obra. Agora é agradecer a Deus porque ninguém tava morando ainda e não morreu mais gente e pedir que a Justiça seja feita”, conclui com a voz embargada.

O Portal Infonet não conseguiu localizar o proprietário do prédio. No momento da vistoria feita pelo delegado Valter Simas [responsável pela condução do processo] e pelos peritos criminais, ele não se encontrava na obra e ninguém sabia o contato telefônico. O Portal Infonet continua a disposição para quaisquer esclarecimentos por meio do telefone (79) 2106-8000 ou pelo e-mail jornalismo@infonet.com.br

Por Aldaci de Souza

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