Na rápida conversa que teve com os jornalistas, o presidente também falou sobre o projeto de transposição do São Francisco, que insistiu em denominar de “revitalização”. Sobre o assunto, o petista afirmou que o projeto levará água para mais de 12 milhões de pessoas e que a revitalização dependerá vitalmente da diminuição do desmatamento e da poluição causada pelos mais de 200 municípios ribeirinhos. Na última quarta-feira, o presidente anunciou a licitação para obras do projeto de integração das águas do Velho Chico com as bacias do Nordeste Setentrional. O assunto, que tem causado polêmica entre os Estados nordestinos, não foi discutido entre o presidente e o governador do Estado, João Alves Filho (PFL) que já se posicionou publicamente contra a idéia. Durante o encontro com o presidente, o governador explicou que a visita de cortesia à Aracaju não era um momento conveniente para se discutir a proposta. “O presidente já está cansado de saber qual é a minha posição. Não sou contra a transposição. Sou contra este projeto que deverá ser executado”, garantiu o pefelista, que, durante a visita do presidente, fez alguns pedidos. MANIFESTAÇÕES MINGUADAS – Apesar de alguns parlamentares sergipanos soltarem notas informando que estariam realizando manifestações contra a presença do presidente no Estado, nenhum deles compareceu ou organizou nenhum ato enquanto Lula esteve em Aracaju. Durante a visita, era possível ver apenas um pequeno grupo de sindicalistas e militantes de partidos, como PSTU e PSOL, portando faixas e entoando palavras de ordem. Entre eles, estava a sindicalista Vera Lúcia Pereira, ex-candidata a prefeita de Aracaju pelo PSTU. Segundo ela, a manifestação era uma forma de denunciar a traição de Lula ao Nordeste e à classe trabalhadora. “Ele foge de discussões importantes, de nos encarar. Há um grande descontentamento com a traição de Lula”, acusou a sindicalista. Em sua passagem por Aracaju, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que nos próximos dois meses as obras de duplicação da BR -101 deverão ser iniciadas. Segundo ele, as obras, que deveriam ter iniciado agora em março, não começaram porque o Tribunal de Contas da União (TCU) verificou irregularidades. Lula também disse que deputados e senadores da bancada nordestina mantiveram conversações com o Tribunal para que a obra fosse continuada.
“Eu solicitei a ajuda do presidente para que parte das sobras do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar no Estado (Pronaf) seja direcionada para o nosso Banco do Estado”, explicou o governador. Segundo ele, como o Banese possui 90 agências em Sergipe, além de diversas unidades volantes, o dinheiro do Programa poderá ser distribuído de forma mais efetiva junto aos agricultores. João Alves Filho também falou com o presidente a respeito do projeto de modernização do Aeroporto de Aracaju. “Ele prometeu nos ajudar e eu acredito na palavra do presidente”, afirmou.Mais tarde, enquanto recebia uma das medalhas de ouro comemorativa do sesquicentenário da capital, o presidente falou sobre os índices de crescimento do país registrados durante estes dois primeiros anos de governo. Ele frisou que os acordos comerciais com os países da América Latina garantiram o aumento de 82% nas exportações do Brasil para esta região. O presidente comemorou o resultado alfinetando os governos anteriores. “Antes eles achavam que só deveriam fechar negócios com os Estados Unidos e a União Européia, porque o restante era pobre. Mas nós haveremos de mudar a geografia do mundo se pudermos fazer mais parcerias com países visionários como o Brasil”, relatou.
E, conforme o dia passava, mais minguada ia ficando a manifestação. Já no último compromisso do presidente na cidade, quando inaugurou as últimas etapas da avenida São Paulo, os manifestantes mal conseguiam gritar “traidor, traidor”. Alguns estudantes, liderados pelo frei franciscano João Paulo, tentaram entrar com faixas de protesto no local onde o presidente estava discursando, mas foram barrados pelos seguranças.
Indiferente aos protestos, Lula afirmou que ainda não alcançou as metas que sonhou como líder político. “Ainda estamos longe de fazer o que nos motivou a entrar na vida política. Mas posso garantir a vocês que estamos trabalhando para construir algo realmente duradouro neste país. Principalmente para o Nordeste. Quero mudar esta imagem de região que exporta pobres. Vamos mostrar, ao mundo, que o Nordeste não deve nada a ninguém neste país. Nem na vontade de trabalhar, nem na inteligência de seu povo’”, declarou ufanista.Durante a visita o presidente, através do ministro das Cidades e do Planejamento, Olívio Dutra, celebrou convênios para a regularização de imóveis da União, que deve facilitar a execução do “Projeto Orla”, além de convênios para a realização da drenagem nas ruas do bairro Atalaia, controle de invasões a terrenos do Governo Federal, assistência técnica aos municípios para obras de saneamento básico e cessão à Prefeitura do antigo prédio da Receita Federal (na praça General Valadão), que será transformado no Museu da Cidade. O presidente também prometeu intermediar um entendimento entre as Forças Armadas e a Prefeitura de Aracaju para a aquisição de um terreno de 2,2 milhões de metros quadrados, conhecido como Cabo do Revólver, e que está situado entre o bairro Santa Maria e a avenida Melício Machado. “Neste local iremos construir mais casas para a população pobre de Aracaju”, garantiu Lula.
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