Primeiro passo

O almoço-reunião que ocorreu quarta-feira passada, no restaurante de um hotel, na praia de Atalaia, entre o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), e membros de partidos aliados ao ex-governador Albano Franco, que se uniram ao Partido dos Trabalhadores na tentativa de eleger José Eduardo Dutra (PT), ao Governo do Estado, no segundo turno, não foi uma simples brincadeira e nem coincidência. Tudo estava programa. O pessoal não está dando tempo ao momento eleitoral. Quer formar as bases de um entendimento, para não ter problemas de rejeição dentro de mais um ano, quando se iniciam os primeiros movimentos para as eleições municipais de 2004. A dificuldade não é o pessoal que vem de partidos à direita, mas de possíveis reações petistas. Alguns segmentos terão dificuldade em engolir uma composição sólida e a formação de um grupo definitivo, para dividir a hegemonia política de Aracaju, com previsões de chegar ao governo do Estado. Hoje um dos membros do Partido dos Trabalhadores, Silvio Santos, considerou que a iniciativa é natural, dentro dessa abertura política que o PT pretende expandir, para conquistar espaços importantes também nos Estados. Mas adverte que a militância petista, os grupos que formam as facções, discute todas as propostas e possibilidades, mas não aceita que o fato consumado. E ele tem razão. Todas as vezes que aconteceu um episódio como esse, aumentaram as divergências internas dentro do partido, o que culminou em prejuízo eleitoral. É verdade que o prefeito Marcelo Déda e o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, são as lideranças mais expressivas. Mas isso não conta muito ponto nas raízes petistas, porque o pessoal está habituado a levar em discussão todos os temas de interesse da cúpula, principalmente quando se trata de uma decisão que envolve partidos, como é o caso do PSDB, que o PT combateu durante oito anos. Embora hoje tudo isso já foi colocado nos arquivos da história de um partido fechado e sectário. O governador João Alves Filho (PFL), que é uma águia política e não cruza os braços diante de uma disputa eleitoral, também deve começar a colocar em campo os seus estrategistas políticos. É que os chamados históricos do PPS de Sergipe pensam diferente dos socialistas que integram hoje o Governo do Estado. Os históricos defendem – e querem – o ingresso do deputado federal Jackson Barreto no PPS e um entendimento político amplo em Sergipe, se estendendo até o prefeito Marcelo Déda e a outros segmentos mais avançados do Estado. Isso é a mais pura utopia. Ou algum sonho de noite de verão. Mas a intenção é real. O PPS que apóia o Governo não tem hoje grande representação parlamentar em Sergipe. O maior destaque é a deputada estadual Susana Azevedo, a vice-governadora Marilia Mandarino e o prefeito de Itaporanga, César Mandarino. Conta com alguns outros prefeitos e um grupo que segue orientação do secretário da Administração, Ivan Paixão. A nível federal, que é o que interessa ao presidente Lula da Silva, o PPS sergipano não tem representação e, evidente, não conta pontos. A ex-primeira dama Leonor Franco, que vai reunir o seu pessoal na próxima semana, para tomar uma posição, não pretende deixar o PPS e vai lutar por ele. Na sua ala tem um deputado estadual, Fabiano Oliveira, e pelo menos dois prefeitos. Ela defende uma composição com o Partido dos Trabalhadores e abriu o jogo no segundo turno das eleições estaduais, ficando na linha de frente da campanha de José Eduardo Dutra. Leonor pode ter um trunfo: convencer o deputado federal Bosco Costa a filiar-se ao PPS e passaria a ter um parlamenta em Brasília, o que seria importante para o Planalto. Não se pode esquecer que Leonor é audaciosa. Evidente que toda essa preocupação na antecipação dos movimentos eleitorais, é porque a oposição sabe que tem à frente do Executivo um político como João Alves Filho, muito hábil, persistente e que sabe comandar como poucos, principalmente quando está com o poder nas mãos. Se não houver uma estrutura, se a oposição ficar retraída, João avança como um trator e disputará a Prefeitura de Aracaju, com chances de chegar lá… Agora, é preciso ter cuidado para enfrentar o vendaval… Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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