Programa de Recuperação de Barragens tem êxito no sertão

Agrovila Serra Azul teve barragem reformada, mas chuvas não foram suficientes na localidade (Foto: Fernando Augusto Cohidro)

No Alto Sertão Sergipano, foram sete barragens públicas que passaram este ano por obras do Programa de Recuperação de Barragens do Governo do Estado, executado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro).

Todas captaram água, graças às chuvas que caíram a partir de abril e, na maioria dos casos, atingiram a capacidade total de armazenamento e até verteram. Em outros municípios fora dessa microrregião e que, de igual forma, decretaram situação de emergência devido à seca em 2016, a Empresa reformou seis reservatórios de médio porte.

Segundo o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola, o Programa vem sendo possível a partir de convênio com a Secretaria de Estado da Mulher, da Inclusão e Assistência Social, do trabalho, dos Direitos Humanos e Juventude (Seidh). “Neste ano, a Empresa contou com R$ 2 milhões do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep). Isso permitiu recuperar 12 barragens públicas em todo Estado, a perfuração de 20 poços comunitários e a instalação de quatro sistemas de abastecimento de água em povoações rurais de Lagarto e Simão Dias”. Mas o diretor completa que essas obras também ocorreram em anos anteriores. “A parceria vem desde 2012 e já reformou quase 2 mil aguadas rurais, 33 delas públicas e de médio porte”.

Diretor de Infraestrutura da Cohidro, Paulo Henrique Machado Sobral explica que as barragens recuperadas têm como função principal a dessedentação animal. “ São pequenas aguadas em propriedades de pequenos criadores, ou reservatórios maiores de acesso coletivo, como é o caso de todas as que foram limpas e ampliadas agora, neste ano. Em todos casos, usamos máquinas para retirar o excesso de sedimentos, aumentar sua a extensão e reforçar as barreiras de contenção”, disse, reforçando que sempre que a benfeitoria for em terreno particular, o proprietário da área assina um termo de concessão pública da água, para atender os demais moradores.

No Assentamento Paulo Freire, em Porto da Folha, a obra de recuperação já alcançou o seu objetivo por completo. A chuva, com maior intensidade neste município sertanejo do que em outros, fez a barragem chegar ao ápice e até verteu. Assentados, como Eronildes Antônio da Silva, levam o gado para beber no reservatório ou carregam a água até os criatórios. “Crio duas vacas, uso para levar água, para botar aqui, a gente bebe daqui, para botar no tanque, no terreno, que diga”, contou.

Os assentados do Paulo Freire comemoram, acreditam que agora, com a barragem ampliada e cheia, a reserva vá durar por mais de um ano. “Foi boa, foi um projeto bom para nós, porque tem muita água para nós, para os bichos beber. Estava aterrada com muita lama, quando ‘os cabras’ vieram não tinha mais água não, agora tem muita água graças a Deus”, agradece Eronildes.

Poço Redondo
Na Comunidade Serra da Guia o Programa recuperou o reservatório que estava completamente vazio e que depois das chuvas deste inverno, está agora inteiramente cheio. A localidade existe como território quilombola oficializado desde a sua demarcação, em 2004. Em seus 2.310 hectares de terra produzem, de forma coletiva, 200 agro-famílias e a principal atividade é a criação de gado leiteiro.

José Sandro dos Santos é presidente da Associação Quilombola Manoel Rozendo da Guia. Produtor agrícola local, ele relata que agora que está cheia, a á água acumulada pode durar até 2 anos, principalmente por que ali não é permitido a captação da água que não seja para o uso da própria comunidade. “Essa obra da barragem chegou em uma boa ora, graças a Deus! A barragem existe há mais de 30 anos e usamos a água tanto para dar ao gado como para a lavagem de roupas”, relata.

Mesmo sendo no mesmo município, no Povoado Queimadas a chuva foi em menor intensidade do que na Serra da Guia, resultando em uma barragem recuperada que não encheu em sua totalidade, alcançando cerca de 50% da capacidade. Engenheiro Civil da Cohidro responsável pela obra, Valdi Aragão Porto explica que do reservatório foi retirada muita lama, sedimentos depositados no fundo. O que aumentou bastante a sua capacidade de reservamento de água.

Osman Vieira Aragão, pequeno criador de gado vizinho à Barragem, contou o seu uso da água da barragem é para o consumo residencial e para o gado, principalmente. “Mais gente usa, a redondeza aqui usa. A esperança é ver ela cheia, que é para todo mundo ficar alegre”. Ele ficou satisfeito com a reforma, comparando com a sua situação anterior. “Rapaz, já tem muito tempo, nós morávamos aqui já, tem mais de 10 anos que vieram fazer essa barragem e agora tem mais volume de água. Estamos satisfeitos, ficou melhor, muito maior e ela demora mais tempo para secar”, completa.

Canindé de São Francisco

O acúmulo de água na obra do Programa de Recuperação de Barragens em Canindé ainda é tímido. As chuvas não caíram em volume suficiente para encher o reservatório reformado na localidade. Mas o morador da Agrovila Serra Azul, no Assentamento João Pedro Teixeira, João Vieira de Lima (mais conhecido por Gaspar) acredita que sem a intervenção da Cohidro na barragem, que secou há bastante tempo, nem estaria apresentando a atual reserva. Também é expectativa deles, que a água alcance um volume bem maior quando chegarem as chuvas de trovoadas, no final para o início do novo ano. Mais ou menos quando secarem os pequenos tanques que cada pequeno criador assentado tem em seu lote, e daí se fará necessário o uso desta maior.

“Satisfeitos nós estamos né? Porque se não tivesse feito a limpeza, ela não estaria apresentando a água que tem hoje, porque ali todinha tinha lama. Então, provavelmente a água ia ficar por baixo da lama. Ruim é como ela estava, mas hoje graças a Deus! Há uns três ou quatro anos ela estava seca, sem água nenhuma. Com essa chuva que teve é um pouco, mas um pouco que está agradando todo mundo com essa água. Nós estamos tendo água para os animais, tanto na barragem grande comunitária que foi limpa, como nas barragens pequenas, que não estamos mais dependendo do carro pipa, para estar abastecendo as comunidades”, comemora Gaspar. 

Rildo Joaquim Carvalho, secretário Municipal de Agricultura em Canindé, considera de grande importância o Programa e espera que ação se repita, nos próximos anos, aproveitando o grande volume de chuva que ocorre no inverno. “A importância das obras que a Cohidro vem realizando, a nível de Estado, é exatamente você aproveitar as águas da chuva e reter elas. E a gente ficar com um volume de água, não jogado fora e sim, para que seja servido as comunidades. A comunidade estava necessitando, todo Sertão, não só da Serra Azul. Esperamos que esse programa venha cada vez mais crescendo e o Governador se sensibilize com as ‘chuvadas’ que estão acontecendo”, direcionou.

Outros municípios sertanejos

O Governador inaugurou a barragem no Povoado Aningas, em Nossa Senhora da Glória, no dia 22 de maio. Esta foi recuperada também nessa edição do Programa e na época já estava cheia, pela ação das chuvas ainda do comecinho do inverno. “São benefícios importantes para o homem do campo e o produtor rural neste momento em que levamos medidas ao Sertão para enfrentar a estiagem”, afirmou Jackson Barreto.

Da mesma forma ocorreu em Nossa Senhora de Lourdes, com o reservatório próximo à sede municipal completamente cheio. Em Gararu, no Povoado Lagoa de Dentro, a reforma obteve êxito por ter acúmulo da água na barragem que, mesmo não chegando à sua capacidade total, já serve de alento à comunidade que depende da reserva hídrica para dar de beber ao gado.

Fonte e foto: Cohidro

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