Quando o amor termina em crime

As estatísticas podem ultrapassar esse número, mas a população sergipana têm acompanhado que de em apenas um mês, três mulheres foram vítimas de crimes por parte de ex-companheiros. Aline de Jesus, de 25 anos; Sandra Costa Ferreira, de 28 e Fabiane Santos da França, de 25 anos, nunca se conheceram, mas juntas carregam histórias de violência e morte. O Portal Infonet ouviu relatos de familiares dessas vítimas da violência doméstica.

Aline

A mãe de Aline de Jesus conta que a filha era uma jovem extrovertida, alegre e bastante amiga, mas após o namoro com Irajá Rodrigues passou a ficar triste. Maria Lurdes de Jesus lembra que o homem que tentou tirar a vida da filha tinha muitos ciúmes e que impedia a jovem de ter vida

A Jovem Aline permanece internada no Huse
social. Após pouco mais de um ano de namoro Aline resolveu terminar o relacionamento.

Irajá não aceitou a decisão e após perseguir a ex-namorada durante cerca de um mês fazendo várias tentativas de retornar com a relação, decidiu se vingar deferindo vários tiros contra Aline. A tentativa de homicídios aconteceu no dia 10 do mês passado.

Aline ficou internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Urgência e Emergência durante 22 dias, mas já foi transferida para a unidade semi-intensiva, onde consegue se comunicar, mesmo com dificuldades.

Irajá Rodrigues cometeu suicídio.

Sandra

A cobradora Sandra Costa Ferreira, de 28 anos, não poderia imaginar que uma relação que durou 11 anos pudesse terminar com tanta agressividade. A irmã de Sandra, Simone Costa, lembra que o ex-marido da irmã, Marcos Vieira dos Santos, apresentava um ciúme excessivo da jovem.

Após 11 anos de relacionamento ex-marido tentou matar Sandra 
Simone diz que após a separação Marcos começou a apresentar um comportamento agressivo ameaçando a ex de morte. Com as constantes ameaças Sandra chegou a prestar um boletim de ocorrência contra o ex-marido, mas preferiu retirar a queixa.

No dia 7 desse mês, Marcos cumpriu as ameaças e desferiu quatro facadas contra a mulher. De acordo com a assessoria de comunicação do Hospital de Urgência e Emergência de Sergipe (Huse) a saúde da cobradora é considerada estável, mas não há previsão de alta médica.

A delegada da Delegacia de Grupos Vulneráveis, Érica Magalhães, está a frente do caso e já representou a prisão de Marcos.

Fabiane

A dona de casa Fabiane Santos da França, de 25 anos, não teve tempo de lutar pela vida. No dia 22 do mês passado Fabiane foi vítima da fúria do ex, Luiz Gustavo Barreto dos Santos, que matou a mulher com vários golpes de punhal e uma faca de cozinha.

A delegada Suirá diz que todas as mulheres devem denunciar
Fabiane faleceu e deixou dois filhos menores que estão sendo cuidados por familiares. Semelhantes aos outros casos Luiz Gustavo chegou a tentar o suicídio, mas foi socorrido e está preso na delegacia de Tobias Barreto.

A delegada que acompanhou o caso, Ana Carolina Machado, afirmou que dias antes do crime Fabiane esteve na delegacia e pediu que os policiais conversassem com o marido porque ela não conseguia conviver com as crises de ciúmes. “Infelizmente muitas mulheres não querem dar andamento ao processo judicial. Temos muita dificuldade em encontrar testemunhas sobre os casos porque as pessoas dizem que não querem se meter”, explica a delegada, salientando que apesar do índice alto de mulheres que desistem dos inquéritos é importante que as vítimas possam denunciar.

“Quando as mulheres denunciam esse processo fica registrado, então temos como saber o histórico de violência”, analisa.

A delegada ressalta a deficiência no tratamento aos casos de violência. “Falta uma rede estruturada com psicólogos para acompanhar cada caso e para que os profissionais que tenham

Delegada diz que Centro de Atendimento acolhe mulheres que sofrem violência
conhecimento possam analisar o perfil psicológico do agressor”, lamenta Ana Carolina.

Maria da Penha

A delegada da mulher do município de Lagarto, Suirá Luiri da Silva Paim, lida diariamente com diversos casos de violência doméstica e diz que a lei Maria da Penha tem ajudado no aumento do número de denúncias. “Antes da lei as situações de violência contra a mulher eram resolvidas com um pagamento de cestas básicas, com a lei pode ser efetuada a prisão em fragrante e além da prisão o homem é afastado do lar”, comemora a delegada.

Suirá Luiri lembra que algumas vítimas de violência envolvendo crimes não denunciam os agressores no primeiro momento. “Na maioria das vezes a mulher acha que a situação vai passar até o momento que fica insustentável”, observa a delegada.

Proteção

A violência precisa ser denunciada Fotos: Portal Infonet
A delegada Érica Magalhães lembra que a denúncia pode salvar a vida da mulher. “A mulher tem que denunciar desde o primeiro momento, é importante que essa mulher que está sofrendo ameaças ou tenha passado por uma situação de agressão procure a delegacia para abertura de inquérito”, afirma à delegada, destacando que o Estado possui uma rede de acolhimento para as mulheres.

“A Delegacia de Grupos Vulneráveis conta com a parceria da Casa Abrigo que acolhe as mulheres, além disso, temos uma rede com psicólogos e assistentes sociais que dão conforto para as vítimas”, diz Érica Magalhães.  

 

Por Kátia Susanna

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais