Quatro imóveis são destruídos em invasão no Bugio

Antonio Rosa: sonhos virando lixo (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Atendendo mandado judicial, mais quatro imóveis foram demolidos no Loteamento Joel Nascimento, no Conjunto Bugio, em Aracaju. A determinação foi assinada pelo juiz Fábio Cordeiro de Lima, da 1ª Vara da Justiça Federal, e cumprida nesta sexta-feira, 17. Os moradores da comunidade protestaram, mas a reação não impediu a demolição. O auxiliar de cozinha Antonio Pinheiro Rosa Neto assistiu toda a ação, que demoliu completamente o imóvel erguido às margens do manguezal, uma obra iniciada há cerca de cinco anos. “A gente vê aí nossos sonhos virando lixo, caçamba cheia”, resumiu Rosa Neto, que preparou a mudança para a casa da mãe, que mora próximo numa casa de aluguel.

Nesta diligência, conforme explicações dos oficiais de justiça que estão cumprindo a determinação judicial, foram listados quatro imóveis. Mas a relação é maior. São 21 imóveis no mandado de destruição de obras irregulares, segundo informações do tenente-coronel Paulo César Paiva, chefe da 5ª Seção da Polícia Militar.

Comunidade se revolta com a ação no loteamento

A relação dos imóveis alvo dos mandados judicial está no processo judicial movido pelo Ibama por se tratar de área de propriedade da União considerada de preservação ambiental. Mas o processo tramita em segredo na justiça federal. Conforme explicações de Romeu Boto, representante do Ibama, são imóveis construídos ou ampliados a partir do embargo decretado no ano de 2010 naquela área. Estão inclusos nos mandados judiciais, qualquer reforma, ampliação ou novas construções tomando como parâmetro o ano de 2010. Os imóveis construídos antes desta data serão preservados, conforme o representante do Ibama.

Insegurança

Mesmo excluídos da relação, os demais moradores se sentem inseguros e lamentam a decisão judicial, em solidariedade àquelas famílias que compraram os lotes, ergueram seus imóveis e agora perderam tudo. “A gente não dorme, todos estamos preocupados com esta situação”, desabafou o aposentado Antonio Pádua Pereira, 51, que reside na área há 17 anos. “Não sabemos o que pode acontecer daqui pra frente. E quem fez o investimento todo, que comprou o terreno e construiu e agora vê tudo perdido, como vai ficar?”, indaga.

Ibama: embargo em 2010

“O mais revoltante é que eles estão agindo achando que estão lidando com bandidos, a gente compreende que eles estão fazendo o trabalho deles. Mas é revoltante esta decisão da justiça”, comentou a dona de casa Lucileide Barbosa, que foi obrigada a deixar o imóvel no ano de 2011. “Tive que sair daqui sem ser notificada e hoje tô morando de favor. Não me deram nenhuma explicação”, revela.

Ela garante que investiu R$ 17 mil e a residência já estava praticamente concluída. “Faltava só cobrir, perdi tudo”, desabafa, conjecturando a possibilidade de alguém estar recebendo propina da pessoa que fez os lotes. “Como eles explicam, se todo mundo comprou os lotes, aqui chega tão de água, de luz, se tem coleta de lixo e, de uma hora pra outra, tem que ser tudo demolido? Aqui todo mundo comprou o terreno e todo mundo tem recibo”, diz.

Equipes da Prefeitura de Aracaju permanecem no local. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas), a prefeitura realizou uma ação prévia, fez o cadastro das famílias e constatou que há pessoas com duplo cadastro no programa de moradia, inclusive com imóveis em outro local. Segundo a assessoria, aqueles que não têm outro imóvel e cadastrados deverão ser assistidos com o ‘aluguel social’.

Conforme o tenente-coronel, uma equipe composta por 40 policiais militares está dando suporte ao cumprimento do mandado judicial, em apoio à Polícia Federal, que também está com equipe acompanhando a demolição dos imóveis. Também estão presentes fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), equipes da Secretaria do Patrimônio da União e da Prefeitura de Aracaju.

Em nota enviada à redação do Portal Infonet, a Semfas informou que as famílias já tinham sido orientadas a não realizar as edificações no local e há morador inscrito no Cadastro Único, que é o instrumento que identifica e caracteriza famílias de baixa renda, assim como constatou que um dos atingidos possui residência fixa em outro Estado.

*A matéria foi alterada às 12h14 para inclusão de informação contida na nota da Semfas

Por Cássia Santana

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