Rebelião acaba e familiares de presos são liberados

Rebelião acabou às 10h da manhã do sábado; familiares foram liberados em seguida (Foto: Portal Infonet)

Após quase 24 horas de negociações, a rebelião dos presos de um dos pavilhões do presídio do Complexo Penitenciário Antônio Jacinto Filho (Compajaf), localizado no bairro Santa Maria foi encerrada. Familiares, entre idosos, crianças e gestantes, foram mantidos dentro da unidade pelos próprios detentos desde a última sexta-feira, 20.

Foram aproximadamente 70 internos envolvidos no motim, causado pelas revistas supostamente vexatórias às mulheres. O procedimento é praxe antes das visitas aos presos. Várias delas preferiram não se identificar, e alegaram que houve tratamento abusivo por parte dos funcionários da empresa. “Muitas mães foram tocadas e testadas sem motivo algum, não estavam com drogas. Se o raio-x (scanner corporal) apontou que havia coisa errada, porque não chamaram a polícia para levar para a delegacia? Em vez disso, obrigaram a tirar a roupa e passar por essa humilhação”, afirmou a esposa de um dos presos.

Crislaine Santos mostra marca de tiro de bala de borracha e as cápsulas (Foto: Portal Infonet)

“Aqui não sabem lidar com os visitantes. Ordenaram que eu ficasse nua, e não estava com nada ilegal. Me obrigaram a fazer exame de lâmina, colocaram uma lanterna no meu canal vaginal. Vou procurar meus direitos. Não queremos que retirem os aparelhos de raio-x, e sim que nos tratem com dignidade”, reclamou outra esposa.

Além das reclamações de excessos durante as revistas, houve revolta dos familiares também de comportamento violento da Polícia Militar (PM) e dos agentes da firma terceirizada Reviver, responsável pela segurança da unidade prisional. Uma das visitantes apresentava uma marca roxa na perna, segundo ela, causada por tiros de bala de borracha. “Houve muito abuso, não respeitaram ninguém, nem as crianças. Idosos passaram mal, tinha gestantes, e passamos muito tempo sem comer e beber água. Tomei um tiro na perna, as pessoas aqui não têm competência para lidar com essa situação, jogaram bombas de gás de pimenta”, protestou Crislane Santos.

Motim foi iniciado no Compajaf na última sexta-feira, 20 (Foto: Portal Infonet)

A assessoria de Comunicação Secretaria de Estado da Justiça (Sejuc) informou que os procedimentos adotados tinham a intenção de conter a rebelião, eram direcionados aos próprios presos, e desconhece os casos de tratamento abusivo relatados pelos familiares dos internos. O secretário Cristiano Barreto preferiu não conversar com a imprensa. Comandante do policiamento da capital, o tenente-coronel Vivaldy Cabral afirmou que a intervenção foi um sucesso e que os tiros tinham a intenção apenas de conter o grupo. "Não tiveram feridos, tudo foi bem sucedido". Não houve registro de fugas ou mortes.

Por Victor Siqueira

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