Réus vão a júri por matar e enterrar corpo no Robalo

Julgamento prossegue no Fórum Gumersindo Bessa (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Começou nesta quinta-feira, 21, o julgamento dos sete réus apontados como responsáveis pelo assassinato de José Cláudio Menena, o Cal, que fora enterrado em uma chácara no Robalo, região do povoado Areia Branca, em Aracaju. Um dos réus já está morto. Cal foi sequestrado e assassinado no mês de maio de 2008, crime que teria sido motivado por uma vingança do grupo pela morte do ex-presidiário Antonio Carlos Lima Santos, 24, conhecido como Tonho, executado no mês de abril daquele ano dentro do hospital de Itabaiana.

Estão sentados no banco dos réus Givaldo Santos Góis, conhecido como Zinho, Cristiano Bispo dos Santos, o Cristo, José Pedro dos Santos, Luís Marcos de Jesus, o Cabeça, Jeferson Vieira Santos, conhecido como Chuchu, e Geilson da Silva Santos. Além destes, as investigações da polícia indicaram a participação de George Dantas do Nascimento, o Georginho, também conhecido como Neguinho ou Nego Tchá, que foi assassinado alguns anos depois deste crime.

De acordo com os autos, o grupo teria usado uniformes da polícia civil e sequestrado Cal, levando-o para um local ermo no povoado Areia Branca, onde praticaram o assassinato e enterraram o corpo. Antes de seguir para o cenário do crime, o grupo ainda teria passado na casa de familiares de Cal para informar que ele estaria sendo conduzido preso pelo assassinato do ex-presidiário, que aconteceu dentro do hospital de Itabaiana.

Cristiano, o Cristo, de camisa azul, depõe escoltado por policiais

O julgamento dos réus está sendo conduzido pela juíza Soraia Gonçalves, da 8ª Vara Criminal, com participação de dois promotores de justiça e dos advogados constituídos pelos réus, que incluem dois defensores públicos. Um julgamento considerado complexo.

Duas testemunhas arroladas não foram localizadas e os réus já começaram a ser ouvidos. Até o final da manhã, dois réus prestaram depoimento: Cristiano Bispo, conhecido como Cristo, e Luís Marcos, o Cabeça. Ambos negam envolvimento no crime. Cristiano disse, no depoimento, que todos os acusados foram torturados e, temendo a morte, teriam combinado para confessar o crime na fase do inquérito policial.

O grupo foi preso em julho de 2008, durante operação especial realizada pela polícia civil que ficou conhecida como ‘Operação Toupeira’. A maioria respondeu ao processo em liberdade. Apenas permaneceram presos Cristiano, o Cristo, e Jeferson, o Chuchu, que foram conduzido ao Fórum escoltados por policiais militares.

Tensão

Durante o julgamento, houve também momento de tensão em função do clima de desarmonia entre o promotor de justiça Flaviano Santos e o advogado Evaldo Campos, que atua na defesa de Cristo no processo judicial. O promotor insistia em fazer perguntas e, não ouvindo respostas convincentes, insistia na mesma temática, o que irritou Evaldo Campos. “O Ministério Público está fazendo armadilha”, gritou o advogado. “O senhor está sendo deselegante com o Ministério Público. Repudio veementemente e não aceito que diga que o Ministério Público está armadilha”, reagiu o promotor. Os ânimos foram controlados pela interferência da juíza Soraia Gonçalves, que solicitou ao réu que, no momento em que ele se recusasse a responder às perguntas do Ministério Público, falasse claramente o termo ‘nada a declarar’.

Cabeça também negou envolvimento no crime, disse que teria sido espancado quando foi preso, mas não confirmou que teria ocorrido uma combinação do grupo para confessar o crime durante a fase do inquérito. Cabeça não respondeu à maioria das perguntas formuladas pelos representantes do Ministério Público [Flaviano Santos e Daniela Franco] e chorou. Um dos servidores do Fórum Gumersindo Bessa, que auxilia o júri popular, doou um lenço para ele enxugar as lágrimas e a juíza Soraia Gonçalves pediu para que ele tomasse água.

Nos momentos em que considerava conveniente, Cabeça silenciou. A exemplo do momento em que o promotor o indagou sobre a gravação produzida por interceptação telefônica na qual indica que Cabeça respondia ao questionamento do interlocutor sobre a consumação do crime: “estou aqui fumando um baseado em cima da cova dele”, teria respondido Cabeça. Mas, para o corpo de jurado, o réu optou pelo silêncio, sem confirmar nem também negar que seria dele aquela voz.

O julgamento tem prosseguimento no Fórum Gumersindo Bessa e não há previsão para encerramento.

Por Cássia Santana

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