A turma que adora o botox provavelmente vai aplaudir a novidade. A indústria cosmética está colocando no mercado produtos que prometem o mesmo efeito da festejada toxina botulínica – a suavização das rugas e linhas de expressão –, mas sem oferecer o desconforto das agulhadas necessárias à aplicação da substância. Lancôme, Helena Rubinstein, Givenchy e pelo menos uma empresa brasileira lançaram cremes batizados de botox like, ou seja, os artigos se parecem e atuam de forma semelhante à toxina, mas não são botox. O objetivo dos cosméticos é atenuar as consequências causadas pelas contrações musculares, que deixam na pele as marcas de expressão. Ao contrário da toxina botulínica, que atua na contração das fibras dos músculos, com efeito paralisador, dois dos produtos – o Expressionist, da Helena Rubinstein, e o Résolution, da Lancôme – agem sobre a contração das fibras da derme (camada da pele onde estão presentes os fibroblastos, células responsáveis pela produção de colágeno e elastina, compostos que dão firmeza e elasticidade à cútis). Ao menos, segundo o fabricante. Já o No Surgetics, da Givenchy, vem com a proposta de relaxar os músculos da face, deixando a pele mais distendida e lisa. Esses três produtos já caíram no gosto dos consumidores. O No Surgetics, por exemplo, arrebatou as japonesas: em um mês, foram vendidas cerca de 100 mil unidades. Por aqui, o brasileiro Botoderm foi lançado na semana passada durante o XI Congresso Científico de Estética, no Rio de Janeiro. A emulsão pretende diminuir a força de contração dos músculos faciais. “É um produto eficiente sobretudo para as marcas da testa e os pés de galinha”, garante a farmacêutica Áurea Cavalcanti, professora da Universidade de Vila Velha, no Espírito Santo. De acordo com ela, responsável pelo desenvolvimento científico do Botoderm, o efeito é mais natural e suave do que o do botox. No entanto, como acontece com toda novidade na área da cosmética, diversos profissionais desconfiam dos efeitos anunciados pelas empresas. É o caso da dermatologista Maria Victoria Campos de Souza, professora da Faculdade Souza Marques, no Rio. “A toxina penetra diretamente no músculo. Nenhum creme tem esse poder. Eles podem ser bons hidratantes, o que também ajuda a suavizar as linhas de expressão, mas não agem como o botox”, afirma a especialista. A pesquisadora Patrícia Campos, professora de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto, aguarda mais evidências. “É preciso ainda a realização de estudos que comprovem cientificamente os efeitos observados clinicamente e que possam esclarecer o mecanismo de ação no tecido cutâneo”, diz. A dermatologista Ana Lúcia Recio, de São Paulo, também prefere ser cautelosa. “Do ponto de vista médico, ainda não há na literatura nada que comente este tipo de cosmecêutico. Particularmente, não acredito no poder botox desses ativos”, afirma. Confira as novidades do canal SAÚDE SERGIPE.