Sena em cena

Cearense, mas sergipano de coração, o cantor Sena, hoje com o título de cidadão sergipano, conta com exclusividade ao InfoNet Notícias um pouco de sua história e de seu trabalho em prol do desenvolvimento da cultura musical de Sergipe. Por Neila Santana INFONET NOTICIAS – Conte um pouco de sua história musical em Sergipe. SENA – Quando cheguei aqui, fui morar em uma rua onde o grupo Bandauê ensaiava e, de tanto me verem tocar na porta de casa, me chamaram para fazer parte do grupo deles. Trabalhamos juntos mais ou menos por cinco anos, depois o grupo se desfez porque uns passaram no Vestibular, outros foram embora de Sergipe. Para não perdermos o trabalho de grupo que tínhamos, fundamos a dupla Sena e Sergival, que era formada por dois integrantes do grupo Bandauê. Com a dupla, passamos grande parte do tempo desenvolvendo a música sergipana, participando de festivais e tocando em todos os cantos de nosso Estado e fora dele. Há três anos o parceiro Sergival deixou a dupla para fazer uma carreira independente e eu continuo fazendo o trabalho, ao longo de onze anos, com a música sergipana. INFONET NOTICIAS – Hoje você já tem um CD independente. Quantas cópias já foram vendidas? Só tem composições suas? SENA – Meu primeiro CD é composto por doze composições, nove delas são minhas. Tem também “O Canto dos Pássaros”, que é de composição do meu companheiro João Gomes, que foi integrante do grupo Bandauê. Foi aí que tudo começou no meu trabalho musical. Além disso, tem duas músicas de domínio público: o “ABC do preguiçoso”, gravado primeiramente pelo Xangai, resgatada pelo historiador da Bahia, Fábio Paes e regravada no meu trabalho; e, “Nosso papagaio”, que o Antônio Carlos do Aracaju canta desde menino e agora fiz uma nova versão. Já tenho a tiragem de 5 mil cópias com 4.600 vendidas. INFONET NOTICIAS – Já tem alguma previsão de lançamento para um próximo CD? SENA – Conteúdo eu tenho para mais uns 5 discos e já tenho este trabalho montado. Estou agora em fase de seleção de dois trabalhos paralelos, um deles é uma homenagem ao rei do xote, do chachado e do baião, que é o nosso saudoso, o velho Luiz Gonzaga e ao Trio Nordestino, que também é da mesma época e tem um trabalho voltado para a música nordestina. Estes são projetos que estou fazendo em paralelo ao meu segundo trabalho, que é de composição própria. INFONET NOTICIAS – Conte um pouco de suas passagens pelos festivais e de seu prestígio no Paraná. SENA – O último festival que participei aqui na nossa terra foi o Sescanção, com a música chamada “Sertão e Viola”, classificada no festival e que é uma homenagem que fiz a dois poetas cantadores e repentistas sergipanos: Curió, que me ensinou os primeiros acordes da viola caipira; e, o “Neve Branca”, que fazia parte dessa cantoria de repente. Em nível nacional, temos participado não só de festivais, como de shows montados no sul do país exclusivamente para os artistas do nordeste. Além disso, tivemos fazendo uma temporada em um dos principais espaços culturais do Paraná, na cidade de Maringá, onde eles recebem artistas de todo o Brasil para fazer a divulgação de trabalhos independentes. Todos os anos temos freqüentado este espaço e nosso trabalho tem tido uma receptividade muito boa. Através de um festival que fui participar no Paraná, conheci algumas pessoas de lá que me convidaram para fazer uma apresentação, onde surgiu o interesse em patrocinar meu primeiro disco e, independente deles terem patrocinado meu disco, eles têm me contratado anualmente para fazer a divulgação da nossa música. Nas primeiras duas vezes que fomos, estávamos a convite do proprietário do estabelecimento, agora já somos solicitados pelo público paranaense, que aceitou nosso trabalho. Hoje voltamos ao Paraná não só pelos amigos que nos patrocinaram, mas também pelo público que sempre nos prestigia e que solicita o nosso trabalho. INFONET NOTICIAS – Você acha que o cantor sergipano está mais próximo do mercado local? Quais as maiores dificuldades hoje encontradas? SENA – Pelo fato de não termos uma reprodutora de CD em nosso Estado, tudo se torna mais difícil. O estúdio aqui tem um valor extremamente alto e, independente disso, tem aquela questão que colocam: “é o artista da terra”. Então, tudo o que é de coisa pequena, de coisas menores, se coloca o artista da terra. O artista da terra é considerado – por nossos grandes empresários, nossas Secretarias e por todos aqueles que tentam divulgar nossa cultura – como uma imposição de que somos “artistas da terra”, essa questão. Eu queria dizer que o meu trabalho, particularmente, é bem considero, e não só em nosso estado, mas em qualquer estado do Brasil, pois temos feito nosso trabalho com aplausos de pé pelas platéias por onde passamos e não nos envergonhamos de forma nenhuma de sermos sergipanos – tanto é que, em todos os trabalhos que fazemos, nos apresentamos como artistas sergipanos, mesmo eu não tendo nascido em Aracaju, mas o meu trabalho é de música sergipana. Tenho feito esta divulgação por todo o Brasil e a maior dificuldade é que nossa música aqui não toca, nem ninguém ouve falar nos nossos shows, porque tudo funciona em função da mídia. Se nós tivéssemos a nosso música tocada na mesma escala que é tocada a de terceiros, os artistas de nível nacional, automaticamente o povo sergipano conheceria o nosso trabalho, aprenderia a gostar e nos valorizar. Como nós não temos esse espaço que é aberto para o artista de fora, acredito que isso deva ser pago, porque se não fosse assim a música do artista sergipano também estaria tocando. Quero dizer também que todas as vezes que procuro os meios de comunicação, tenho conseguido apoio e eles têm divulgado nosso trabalho. Infelizmente se a gente não procurar e se não informarmos o que estamos fazendo, raramente a gente é convidado para alguma entrevista ou mostrar um trabalho que se esteja fazendo. INFONET NOTICIAS – Você vê a internet como mais uma porta que se abre para a divulgação dos trabalhos dos artistas? SENA – Temos o apoio da Assaim – Associação Sergipana de Autores e Intérpretes Musicais, que tem seu site hospedado na InfoNet e, que tem mais uma porta de divulgação do nosso trabalho, que é a internet, onde as pessoas têm a oportunidade de conhecer um pouco mais do nosso trabalho, da nossa música. Eu espero que mais adiante possamos colocar no site as nossas músicas em MP3. INFONET NOTICIAS – Calendário de shows? SENA – Todas as sextas-feiras e sábados nas seguintes casas de shows: Casa de Forró Cariri e no Encantos do Mar e Estação Verão. A partir de julho estarei fazendo uma temporada de dois meses e meio em Brasília e, ao retornarmos, estamos com quatro shows marcados na cidade de Recife, onde vamos participar do Congresso Brasileiro de Enfermagem. Depois do dia 15 de outubro, estaremos de volta a Aracaju para darmos continuidade ao nosso trabalho e ao nosso próximo disco, que trará composições minhas, de meu compadre de Fortaleza – o cantador Acauã – e alguns compositores sergipanos, além de duas músicas conhecidas nacionalmente que são “A Flor do Mamulengo” e “Vide Vida Marvada”, além de muito mais coisas.

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