Ser gay não é ser promíscuo

Naldo: gays procuram novas formas de se expressar
Ser gay está longe de ser promíscuo, garante Reginaldo Batista de Souza, mais conhecido como “Naldo”. Ativista e presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe (Adhons), ele diz que os homossexuais conseguiram conquistar vários direitos, entretanto, isso não vem sendo prova de respeito à classe. “Ser gay, hoje em dia, é ser político”, diz ele, afirmando que a questão perpassa pela regularização de direitos essenciais como, por exemplo, o de ir e vir.

 

“Gay só é respeitado se for rico, artista ou inteligente. Por isso eu digo: tem que estudar, se profissionalizar. Nós vivemos em um sistema capitalista, é uma pena que seja dessa forma, mas…”, explica Naldo. Para ele, o homossexual tem que conquistar sua posição dentro da sociedade e mostrar que é muito mais do que simplesmente gay.

 

Às vésperas da Parada GLBT de Sergipe, que acontece no domingo, dia 28, na Passarela do Caranguejo, Reginaldo é enfático ao dizer que a questão do preconceito ainda paira no ar, mas que o gay tem que aprender a reivindicar os seus direitos. Porém, em um crescimento inverso, o presidente da entidade identifica que quanto mais o gay aparece, maior a forma de preconceito contra ele.

 

“A questão, entretanto, é como você aparece. Você pode sair por aí quebrando tudo, tratando os outros de forma desrespeitosa ou ser um gentleman. Tudo vai do seguinte: ou você aparece de forma positiva ou negativa”, garante Naldo. Talvez essa exposição negativa venha gerando, também, diversas formas de violência contra a classe.

 

Recentemente, um professor e um procurador foram mortos em um curto espaço de tempo. Suspeita-se que os dois tenham morrido em crime relacionados ao fato de eles serem homossexuais. Naldo diz que isso é mais comum do que se imagina, mas “como eles tinham nome, a coisa ficou maior”.

 

A proteção, neste caso, seria a opção pela verdade. O ativista conta que, geralmente, os gays que mais sofrem com violência são justamente aqueles que não são assumidos. “Ninguém vai atacar um travesti ou a mim, por exemplo. Se você me disser que vai contar a todo mundo que eu sou gay, eu vou responder que faça o que você quiser. Hoje, nós já temos como nos defender, mas a coisa nem sempre foi assim”, lamenta.

 

Quanto à questão da chamada Parceria Civil Registrada, que também vem sendo vendida como “Casamento gay”, Naldo só lamenta que muitos políticos ainda façam questão de atrasar o processo. “Cada vez que entra um deputado ligado a alguma denominação religiosa, é um atraso muito grande. A gente tem a maior parada gay do mundo, mas não temos o direito à união civil”, diz ele.

 

O ativista lamenta também o fato de que o gay ainda é retratado pela mídia da maneira mais negativa e dispara: o papel do ator Bruno Gagliasso, na novela global  América, “está longe daquilo o que queremos. Aquele é um gay sem auto-estima, que nega sua condição”, diz ele, complementando que a maior luta, hoje, é dar mais auto-estima aos homossexuais.

 

E o que essa baixa auto-estima gera? Muitos problemas, garante ele, como por exemplo o caso de gays soropositivos que mantêm relações sexuais com outros parceiros sem camisinha. “Nós temos casos de gente que sai pelo interior transando sem camisinha com pessoas sem instrução simplesmente para que essas pessoas contraiam Aids… Isso é triste”, resume.

 

Permeando todas essas diversas questões, Naldo só espera que a visão da sociedade em relação ao homossexual mude. E é para isso que vem trabalhando intensamente. “Para que o governo nos doasse aquela TV ali (diz apontando para o aparelho, onde são transmitidos vídeos sobre educação sexual), muitos gays tiveram que morrer, que ser assassinados. A igreja já pediu desculpas aos negros, índios e judeus, mas não pediu desculpas à confusão que vem causando na cabeça de milhares de pessoas”, pontua.

 

Por Wilame Amorim Lima

Da Redação do Portal InfoNet

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