Nesta terça-feira, 8, é dia da Emancipação Política de Sergipe. É uma data comemorativa, exclusiva aos sergipanos, que marca a luta para a desvinculação do Estado da Bahia. Se tornou um marco e motivo para os nativos reconhecerem seu valor, entenderem o contexto sócio-econômico, além de terem um compromisso com a própria história da terra Serigy.
Mas mesmo com um movimento de luta para Sergipe se fazer reconhecer como independente e de fugir à regra de apenas servir como produtores de gado e cana para abastecer os grandes pólos como Bahia e Pernambuco, alguns sergipanos desconhecem a data histórica.
Questionados pelo Portal Infonet, alguns cidadãos da ‘terrinha’ se espantaram por saber que órgãos governamentais, estabelecimentos e afins seguirão a regra de parada das atividades no Estado em comemoração a uma luta histórica datada desde 1824.
A artesã Telma Santos e a desempregada Ana Cristina ficaram indignadas por não saber.
“Realmente sabia que tinha algum feriado em julho, mas não sabia que era agora, dia 8. Confesso que também não sabia que era referente a questões políticas do Estado”, conta a artesã. Já Ana Cristina diz que por vezes a falta de conhecimento é em decorrência da deficiência da escola. “Hoje em dia não se dá ênfase na história de Sergipe nas escolas. Há uma deficiência quanto à informação a respeito da nossa história que deixa a gente ‘cego’ para conhecer nossa história”, diz. Artesã Telma Santos e a desempregada Ana Cristina
Os estudantes de uma escola pública, Sônia Mara e Edickson Alves, também ficaram decepcionados por não estarem sabendo e justificam a ausência de resposta à falta de informação dos meios de comunicação e também das escolas. “Nós não tínhamos nem idéia que era feriado. E também não sabia da Emancipação Política de Sergipe, mas agora já estamos sabendo”, fala os estudantes admirados.
Fato Histórico
Pesquisador da históra de Sergipe, Luís Antônio Barreto
O historiador e pesquisador, Luiz Antonio Barreto, explica que a data é motivo de comemoração. “Sergipe sempre teve terras produtivas, presença de pastos para a criação de gado. Só que toda a economia que era gerada aqui no Estado era transferida para outros pólos, como Pernambuco e Bahia. Era preciso autonomia para gerar e permanecer com a economia aqui”, destaca completando que o processo se deu com a edição da Carta Régia de 8 de julho de 1820 e o efetivo reconhecimento de Sergipe como Província em 1824.
Depois desse episódio, “efeitos imediatos da Emancipação se mostram com o surgimento das cidades, a autonomia dos sergipanos de ver uma economia para o próprio sergipano, e a partir desse momento, o perfil sergipense muda seu modo de agir por cuidar do próprio interesse do Estado. É outra expectativa de vida”, diz o historiador.
Identidade sergipana
Traços artísticos sergipanos
Quanto à identidade, Luiz Antonio enfatiza que os sergipanos podem ser destacados pela inteligência. “Temos na história, representantes que se lançaram pela cultura, pelo alto grau literário e pela atuação política que dominaram o contexto nacional”, aponta o estudioso com representantes como Sílvio Romero, Tobias Barreto, Organez, entre outros, além de indicar grandes expoentes no município de Tobias Barreto e Simão Dias.
8 de julho ou 24 de outubro
Duas datas comemorativas, voltadas para as questões políticas do Estado, o 8 de julho e o 24 de outubro, permearam de dúvidas a comemoração entre os sergipanos. Luiz Antonio Barreto esclarece que 8 de julho é a intenção e 24 de outubro a consolidação da Emancipação Política.
Para ele, poderiam ser considerados como feriados cívicos as duas datas, mas por uma medida adotada em 2000, na gestão do Governador Albano Franco, apenas a de julho é considerada como feriado no território sergipano.
Por Karinéia Cruz e Gabriela Amorim