Sergipe tem taxas elevadas de desperdício de água

Ailton Rocha é superintendente de Recursos Hídricos da Semarh (Foto: Portal Infonet)

A gestão da qualidade da água e o monitoramento ambiental estão sendo discutidos em Sergipe, num evento que também destaca a necessidade de superação de três desafios: o desmatamento, a poluição e o desperdício de água. Os índices relacionados ao desperdício são alarmantes, segundo o superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Ailton Rocha, que participa do 2º Congresso Internacional de Gestão da Água e Monitoramento Ambiental (Resag 2015), realizado até o próximo dia 11, na Universidade Tiradentes.

“Temos taxas muito elevadas de desperdício de água no Brasil e em Sergipe também. No que diz respeito ao abastecimento humano, a média em que se trabalha com desperdício está na ordem de 50%, enquanto que em outros países esse indicador é muito menor. Na Europa, é de apenas 20%. Em Israel, de 0%, porque além da tecnologia e da excelência no monitoramento, os israelitas estão praticamente reutilizando esgoto em sua totalidade, especialmente na produção de alimentos. Um exemplo a ser seguido”, considerou o gestor.

Além desses três desafios, um agravante para o Nordeste atende pelo nome de El Niño, fenômeno que está diretamente ligado à seca. “Os nordestinos estão enfrentando uma verdadeira escassez hídrica intensificada pelo El Niño, que representa chuvas em grande quantidade na região Sudeste e seca intensa no Nordeste. Esse efeito trouxe problema grave na produção de água para o Rio São Francisco, uma vez que grande parte da bacia hidrográfica se localiza no Semiárido. A vazão do São Francisco, que atualmente está na ordem de 900m³/seg, tem perspectiva de redução para 800m³/seg, caso não venha ocorrer chuvas em dezembro”, explicou Ailton.

Preocupação

O superintendente ainda assegura que em função desse panorama, a situação para o sergipano é configurada como grave.
“O que preocupa não é, necessariamente, o aspecto da quantidade, mas o de nível, visto que adequações nessas tomadas de água deverão ser realizadas, tanto para abastecimento humano quanto para irrigação e uso industrial. A tomada de água para Aracaju também está inserida nesse contexto de adequações e com a redução dessa vazão, lidamos também com a qualidade da água, já que num efeito físico, quando se reduz a vazão na foz do Rio, há avanço das águas do oceano e junto com ela a salina, que apesar de estar sendo monitorada, pode trazer problemas muito sérios, inclusive, para água de consumo”, explicou.

Ailton Rocha enfatiza que a situação dos reservatórios que compõem a bacia do São Francisco é, de fato, muito crítica.
“O reservatório de Sobradinho, na Bahia, está chegando a 0% do seu volume útil e se não chover é provável que tenhamos que utilizar a água do que chamam de ‘volume morto’ da bacia. Morto, por sua vez, para a geração de energia, mas é vivo para outros usos, a exemplo do abastecimento humano, em que se pode usar tranquilamente. No mais, Sobradinho nunca chegou em situação tão caótica. O mesmo acontece no reservatório de Três Marias, mas da forma como foi concebida, em Minas Gerais, nem o volume morto pode ser utilizado. É preciso garantir sempre volume útil”, alertou ainda.

A expectativa de representantes de diversos órgãos envolvidos na problemática é de que as próximas chuvas possam recuperar as reservas de água, elevando a vazão do Rio São Francisco para patamares mais sustentáveis. “O Estado de Sergipe, através da Adema, do ITPS e da Deso, está monitorando a água do São Francisco, não só a montante das suas tomadas de água em Xingó, como entre Xingó e a Foz do Rio, com apoio da Chesf. Ações estão sendo dinamizadas para minimizar impactos e, apesar da escassez hídrica, por enquanto, a situação está sob controle”, assegurou o superintendente de Recursos Hídricos da Semarh.

Ailton Rocha destaca ainda que 90% da população sergipana tem acesso à água potável com abastecimentos regulares, mas 10% da população moradora de comunidades dispersas ainda que não tem acesso. A meta do Governo, segundo ele, é universalizar o acesso à agua para que em médio prazo, 100% da população tenha água potável.

Por Nubia Santana

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