Servidores do Estado decidem por paralisação de 48 horas

Marcha pela Avenida Augusto Maynard
Uma grande marcha invadiu a Avenida Augusto Maynard. Após a decisão de organizarem uma paralisação de dois dias, os representantes dos servidores da Educação, Segurança, Serviços Gráficos, Agentes Penitenciários, Justiça entre outros, desceram a avenida gritando, “A luta continua”. A luta, a qual se referem os servidores estaduais, seria contra os baixos salários, as más condições de trabalho e a depredação do patrimônio público.

 

Hoje pela manhã, na sede do Continguiba, vários segmentos de trabalhadores do Estado se reuniram em uma Assembléia Geral Unificada. Dentre as categorias participantes, estiveram o Sintese, o Sintasa, o Sinpol, o Sindgráfico, o Sindsejes, a CUT e o DCE da UFS. O objetivo era um só: fortalecer o movimento de todas as categorias, que vinha sendo realizado de forma pontual por cada uma delas.

 

De acordo com o representante do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Manuel Messias, “a idéia é somar forças, fazer uma somação, porque até agora a gente vem fazendo movimentos isolados e o Governo do Estado, de certa forma, vem tentando minar as paralisações para ver se acaba com o 

Servidores comemoram decisão pela paralisação
movimento. Hoje, discutimos idéias para tentar ir contra isso”.

 

Porém, a partir desse objetivo de dar mais força à luta de cada categoria, os servidores buscavam, ainda, soluções viáveis contra a questão do reajuste salarial, que até agora não foi acenado pelo Governo do Estado. Com isso, acredita-se que outras questões, como as condições insalubres de trabalho e o descaso com o patrimônio também venham a ser solucionadas pelo governo estadual. Dentro disso, cada categoria apresentou, ainda, suas pautas de reivindicação.

 

Porém, as maiores discussões ainda eram relacionadas ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese). A assembléia foi coordenada por este sindicato e pelos servidores do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Saúde do Estado de Sergipe (Sintasa). Os primeiros lutavam contra a forma de avaliação imposta pelo governo do Estado e pela não sinalização da Secretaria de Estado

Ana Lúcia: Métodos utilizados são da ditadura militar
da Educação (Seed) de uma contra-proposta relativa à Campanha Salarial 2005. Já os profissionais da Saúde reivindicavam melhores condições de trabalho no Hospital Governador João Alves Filho (HGJAF), além, é claro, da revisão salarial.

 

SINTESE – A assembléia começou com a palavra do vereador Iran Barbosa, um dos diretores do Sindicato. Iran, assim como a deputada Ana Lúcia, que também estava presente, se ativeram, principalmente, à problemática da avaliação dos professores. De acordo com eles, a política de avaliação, da forma como está sendo feita, vai de encontro a tudo aquilo o que os professores sempre lutaram.

 

Segundo o vice-presidente do Sindicato, Carlos Sérgio Lobão, a avaliação funciona da seguinte maneira: os professores são julgados pelos diretores, alunos e pelos próprios professores, podendo

Vereador Iran Barbosa
receber a Gratificação Variável de Desempenho (Gravad) por isso. “A lei nem foi discutida com a categoria. Somos contra a forma e o conteúdo como as coisas estão sendo feitas, sem a participação dos próprios professores”, explica.

 

O vice-presidente disse ainda, que a forma como os professores estão sendo avaliados poderia prejudicar os próprios profissionais, já que o receio é que sejam analisada a pessoa, e não todo o sistema de magistério. Assim como ele, pensa a deputada Ana Lúcia.

 

“Isso não é uma avaliação, é um controle de comportamento. No questionário, temos perguntas como, por exemplo, ‘o professor é cortês?’, ora, o que é ser cortês? Os critérios de avaliação são totalmente subjetivos e voltados para o comportamento do profissional e não ao projeto pedagógico. Além disso, muitas coisas que são culpa da desorganização do próprio sistema são jogadas para o professor. Há casos, por exemplo, de alunos que já concluíram o ensino médio e se rematriculam apenas para conseguirem a carteira de passe escolar, ou seja, haverá uma transferência de culpa”, desabafou a deputada.

 

Uma outra reclamação da deputada é o que ela chama de transformação do processo educativo em mercadoria, assim como o próprio professor. Como forma de protestar contra isso, os professores decidiram que não irão se submeter ao teste de avaliação da Seed.

 

De acordo com o presidente do Sintese, Joel Almeida, a comunidade educacional já está se preparando para uma possível resposta do Governo do Estado, através de propagandas que possam vir a tentar prejudicar o movimento: “O governo está percebendo que estamos nos organizando e ele precisa, de alguma forma, se contrapor a isso. O Estado tem poder financeiro para fazer a propaganda que quiser. Sempre houve a tentativa de se jogar a sociedade contra as categorias”, explica.

 

SINTASA – A questão da saúde também é algo que vem preocupando os sergipanos, principalmente aqueles que necessitam utilizar os serviços do Hospital Governador João Alves Filho. Para Augusto Couto, presidente do Sintasa, o sucateamento do serviço público está insuportável. “No João Alves, são 600 pacientes por dia. Ninguém consegue entrar, é praticamente é uma

Ubaldina Santana
guerra”, falou.

 

Outro problema, também alocado no HGJAF, é a questão da contaminação hospitalar. “Deixar acontecer isso dentro do hospital, diante da contaminação, é um absurdo. Se você juntar pacientes de vários tipos de diagnóstico e fizer um cruzamento, pode causar problemas piores. O servidor pode até ficar doente”, lamenta.

 

Diante destes e de outros problemas relativos às várias categorias profissionais, é que surge a paralisação. Depois dela, espera-se que casos como o que conta a professora Ubaldina Santana não se repitam: “A excelência, no Atheneu, continua cada vez maior. Ontem, os alunos tiveram que ser mandados para casa por causa da falta d’água no colégio. A revolta foi tanta que para evitar uma confusão maior, a diretoria mandou todos para casa”.

 

Por Wilame Amorim Lima

Da Redação do Portal InfoNet

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