Silêncio de Déda

O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), vem adiando muito a indicação dos novos nomes que formarão a sua nova equipe. Tem guardado o mais absoluto sigilo sobre o assunto e praticamente paralisou as atividades para chegar ao melhor, em termos de assessoria. Dessa vez está adotando um estilo diferente e vai promover uma mistura partidária na Administração, acabando com o puro sangue que imperava em qualquer ambiente petista. Na sua equipe poderão ser encontrados, a partir do anúncio, cidadãos até mesmo sem partido, como fez Lula com o seu Ministério. Também vai aproveitar a mão de obra competente de determinados técnicos filiados a outras siglas, talvez até não tão dentro do perfil petista. Déda vai abrir o seu Governo. Deixa-lo mais voltado para as tendências políticas que possam manter uma força coesa que, futuramente, forme uma grupo político que ofereça mais segurança à sua reeleição. Assim como fez o presidente Lula da Silva, que não viu cor partidária para chegar ao Palácio do Planalto, o que não acontecia quando o partido fechava às portas a setores que não seguiam a programática petista. Marcelo Déda acha que não perdeu a popularidade e não aceita falar em rejeição, mas alguns políticos que o acompanham sentiram, na carne e nas urnas, que ele já não representava a quase unanimidade das eleições de 2000. O resultado da candidatura de José Eduardo Dutra, no segundo turno, principalmente com o raquítico índice de aumento que teve na capital, fez com que conselheiros do prefeito Marcelo Déda lhe abrisse os olhos em relação às eleições de 2004, principalmente porque tem à frente uma governador adversário e que joga com muita habilidade as pedras no tabuleiro da política sergipana, seja no interior e, agora, na capital, principalmente com um trabalho diretamente voltado para as comunidades mais carente da periferia, tendo à frente o trabalho permanente da primeira dama Maria do Carmo Alves. Na realidade, o prefeito Marcelo Déda pensou rápido em reestruturar sua administração, principalmente abrindo espaço para os partidos que integraram a coligação que apoiou José Eduardo Dutra na disputa pelo Governo no segundo turno. A idéia da cúpula mais soft do petismo sergipano é abrir o leque e tornar possível a convivência até mesmo com os opostos, embora haja alguma resistência de segmentos mais radicais do partido. O grande problema é que Déda hoje imagina que não será mais possível ter o apoio de outras legendas, sem que elas tenham uma parte no bolo. Hoje ele é candidato praticamente único dos partidos que apoiaram Dutra, sem risco de que alguém tente dividir as forças de oposição. E permanecer à frente da Prefeitura, é um dos seus possíveis trampolim para tentar o Governo do Estado em 2006, tudo dependendo de como será tratado pelo seu compadre Lula da Silva ou como o Brasil estiver com o presidente que representou a esperança de um povo desenganado com os políticos tradicionais. Evidente que o governador João Alves Filho (PFL) tem um estilo completamente diferente do seu antecessor, que sequer lançou candidato. Vai preparar um nome à altura, para chegar à Prefeitura, perdida desde 1974, quando ele a ocupou por indicação do então governador José Rollemberg Leite. Aracaju é um dos objetivos políticos de João e, nestes dois anos, a disputa será para valer. Uma coisa já se pode anunciar com a mais absoluta certeza: José Almeida Lima (PDT) não trocará os oito anos de mandato para tentar retornar à Prefeitura. Entretanto, Almeida se mostra disposto a sugerir nomes ou apoiar quem for consenso dentro do Governo. Por tudo isso, Marcelo Déda tem realmente que se preparar e até reconquistar os vereadores do seu partido, cuja as ações não favorecem a sua imagem. A reformulação na Prefeitura e o novo projeto administrativo municipal, com certeza será o início da mudança para que o nome de Déda permaneça na linha de frente dos políticos que representam a mudança no Estado. Só assim, ele poderá pensar em chegar ao Governo… Por Diógenes Brayner