SMTT denuncia servidores públicos como clandestinos

Tenente Silvan: fiscalização intensificada (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

A Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) denuncia o envolvimento de servidores públicos do Estado e do Município de Aracaju atuando no transporte clandestino na capital sergipana. De acordo com informações do tenente Silvan Nascimento, coordenador da SMTT, está constatada a atuação clandestina no sistema de transporte coletivo de policiais civis e militares, agentes penitenciários e até de guardas municipais. “Inclusive com reincidência”, diz o coordenador.

A versão do tenente foi confirmada pelo superintendente da SMTT, Nelson Felipe da Silva. Ele não revela nomes, mas garantiu que o órgão já está realizando um levantamento de todos os servidores públicos envolvidos para notificar os respectivos órgãos de origem para que as providências jurídicas sejam adotadas. Segundo Nelson Felipe, o servidor poderá sofrer penalidades que variam entre simples advertência até a perda do cargo. “Cada ente público tem uma lei e cada um agirá de acordo com a legislação específica”, observa Nelson Felipe.

Manifestantes furam pneus dos ônibus e causam transtornos nos terminais

A reação dos condutores que atuam clandestinamente no sistema de transporte de passageiro à fiscalização que vem sendo intensificada desde o dia 20 pela SMTT gerou grandes transtornos para a população nesta sexta-feira, 31, em vários bairros da capital sergipana. Os ônibus regulares que operam o sistema foram interceptados e muitos veículos tiveram pneus esvaziados nos principais corredores que ligam a zona sul ao centro da cidade.

Os motoristas dos ônibus informaram que foram surpreendidos durante o trajeto com um grupo de homens, ocupantes de vários veículos. “Eles interceptavam os ônibus e a gente até pensou que era arrastão. Muita gente correu e houve tumulto no terminal”, conta um motorista, que preferiu não ser identificado temendo represália. Como consequência, o número de veículos reduziu e grandes filas foram formadas nos pontos, especialmente no bairro Santa Maria e nos terminais de integração.

Lourival: prejuízos para a população

“Estou aqui há 40 minutos e não há ônibus, o que tem está com os pneus furados”, desabafou o aposentado Lourival de Souza, que tentou sair do Santa Maria para o centro de Aracaju. “A gente tenta trabalhar e ninguém consegue, só os trabalhadores e os estudantes estão prejudicado”, comenta o eletricista Olivério Morais.

Danos ao patrimônio

A SMTT também resiste às manifestações realizando blitz em vários pontos da cidade. Em poucas horas, cerca de 20 veículos foram apreendidos e guichados, segundo os fiscais da SMTT. De acordo com Nelson Felipe, a SMTT está fazendo um levantamento completo da situação e já identificou responsáveis pelos danos causados aos veículos. Segundo Nelson Felipe, a SMTT já possui provas do envolvimento de condutores de veículo que atuam clandestinamente no sistema nestes danos e todos serão responsabilizados criminalmente, devendo responder a inquérito policial por dano ao patrimônio.

Olivério tenta chegar ao posto de trabalho

Ainda é desconhecido o número de veículos danificados. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) ainda está fazendo levantamento, segundo informações da assessoria de imprensa. Ainda nesta sexta-feira, 31, o Setransp se posicionará oficialmente sobre a situação e que medidas pretende adotar com relação à questão, através de nota a ser enviada à imprensa, segundo a assessoria.

As manifestações continuam se proliferando nos bairros Santa Maria, Coroa do Meio e centro da cidade. Os condutores que lutam pela legalidade do sistema de transporte alternativo na zona sul da cidade não assumem responsabilidade pelos danos observados nos ônibus do sistema de transporte público. O presidente da Cooperativa dos Condutores Alternativos do Santa Maria, Cláudio Santana, disse que eles receberam apoio da população e que os próprio usuários teriam furado os pneus dos ônibus. “A gente só fazia conversar com os motoristas, eles paravam os veículos e a própria população furava os pneus”, relatou.

Cláudio nega envolvimento com danos

Os manifestantes continuam rodando toda a cidade. “Isso já era previsto, nós avisamos que isso ia acontecer porque não podemos ser perseguidos dessa forma. Somos trabalhadores e queremos trabalhar com dignidade”, enaltece o presidente da cooperativa.

Por Cássia Santana

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