Os números de registros de crimes praticados contra crianças e adolescentes em Aracaju se mantiveram estáveis durante os primeiros quatro meses de 2020 em comparação ao ano passado, segundo dados da Delegacia Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Deacav). Quem chama a atenção para os números é a delegada titular da unidade especializada, Annecley Figueiredo, é que os casos registrados sejam subnotificados por causa do isolamento social decretado em razão da pandemia de covid-19.
Um levantamento feito pela Deacav mostrou que os boletins registrados foram praticamente iguais em comparação com o mesmo período de 2019. De janeiro a 24 de abril de 2020, foram registrados 332 casos na capital sergipana e no mesmo período em 2019 os dados somam 333 notificações.
“Em regra, as estatísticas de violência sofrem um aumento de um ano para outro, mas até agora não é possível afirmar, através de números, que houve um aumento da violência envolvendo crianças e adolescentes em Aracaju, com base nas estatísticas dos meses anteriores à pandemia. É bem possível que isso ocorra em razão do isolamento domiciliar, o qual gera uma certa dificuldade para as pessoas realizarem as denúncias e registrarem as ocorrências, bem como isola as famílias em suas casas, diminuindo o contato com terceiros”, comenta a delegada.
Com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para o engajamento contra a violação dos direitos sexuais de crianças e adolescentes, 18 de maio foi estabelecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em 2019, só em Aracaju, foram registrados 976 casos.
Apesar do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertar que, em épocas de medidas de contenção contra surtos de doenças, crescem as taxas de abuso e exploração de crianças, como trabalho infantil, pornografia infantil e exploração sexual, a delegada confirma que as estatísticas de Aracaju não sofreram alterações. “Ao menos por enquanto não temos comprovação de que a violência tenha aumentado na nossa capital”, explica Annecley Figueiredo.
Ela ressalta também a importância da denúncia nesse momento de pandemia, em que as crianças ou adolescentes possam estar isoladas com seus agressores. ““Qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma criança ou adolescente sofrendo algum tipo de violência pode denunciar de forma anônima, através do 181 e disque 100, ou registrando a ocorrência no DAGV, qualquer delegacia de polícia, Conselho Tutelar, Ministério Público ou outro órgão de proteção”. Durante a pandemia, os boletins de ocorrência podem ser registrados através do Portal do Cidadão, com exceção dos crimes de violência sexual que devem ser registrados no DAGV, o qual funciona normalmente durante a pandemia”, explica.
DEACAV
A Delegacia Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Deacav) é uma das unidades especializadas do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV). O setor é responsável pelos casos de violência tipificada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), violência sexual e doméstica, tendo como vítimas crianças e adolescentes.
Fonte: Ascom/Adepol
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