Os motoristas aracajuanos que dirigem próximo ao Edifício Estado de Sergipe (conhecido como Maria Feliciana) não sabem, mas estão sendo observados. Do alto do prédio de 26 andares, agentes da SMTT utilizam binóculos e rádios-transmissores para repassarem informações para outros agentes, em terra firme. O processo de fiscalização vem sendo testado há alguns meses como parte de um novo projeto da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT). Marcelo Déda quer criatividade no trânsito
Hoje pela manhã, o prefeito Marcelo Déda explicou à imprensa os detalhes da operação. “Estamos buscando maneiras criativas de controlar o problema do trânsito na nossa cidade”, disse. Vale tudo, da construção de ciclovias até o re-estudo de vias. Quem circula pelo bairro Siqueira Campos, por exemplo, deve ficar preparado, pois algumas ruas passarão a ser de mão-única. Esse é o preço pago pelos motoristas para transitarem por ruas recapeadas.
“Recapeamos algumas ruas do bairro Siqueira Campos e não fazia sentido entregar estradas novas para suportarem um volume inapropriado de carros”, explicou Déda. Longe de utilizar tecnologia high tech para retirar a dor-de-cabeça que está se tornando dirigir por Aracaju, o superintendente da SMTT, Bosco Mendonça, aposta em medidas mais simples.
Novos postos de observação no alto dos prédios, recuperação dos Terminais de Integração, entrega de novas viaturas de fiscalização e a construção de ciclovias foram as ações anunciadas hoje. Déda aproveitou a oportunidade para assinar dois convênios: um de recuperação do quarto Terminal de Integração de ônibus – o da Atalaia – e outro com a Caixa Econômica Federal, que visa estender a malha cicloviária na cidade.
TERMINAL – Desde que iniciou o mandato, o prefeito já autorizou a reconstrução de quatro dos seis terminais existentes em Aracaju. O da Zona Oeste, por exemplo, será demolido. Ao seu lado, já foi iniciada a construção do Leonel Brizola, que será o maior da capital. Porém, o mais problemático dos terminais, o do Distrito Industrial (DIA), ainda não passou por uma revitalização. Prevê-se que ele também conheça uma reforma até a Prefeitura captar mais recursos.
O Terminal da Atalaia já é um velho conhecido de quem precisa se deslocar da área das praias para o Centro da cidade. A maior preocupação de quem utiliza o local é com a segurança, ou com a falta dela. A sujeira também não fica muito atrás. Para dar um jeito nisso tudo, Déda disse que será preciso, praticamente, destruir a atual construção. “Não gostamos de trabalho ‘armengado’”, sumulou. O custo da reforma ficará em R$ 540 mil.
CICLOVIAS – O projeto com a Caixa Econômica é bem mais simples, porém, exige da Prefeitura a mudança em várias vias da cidade para adequá-las às bicicletas. Denominado de “Programa Mobilidade Urbana”, pretende-se que os usuários de bicicletas possam transitar por grande parte da cidade sem utilizarem outros meios de transporte. O projeto custará R$ 670 mil e será executado em parceria com o banco. Bosco Mendonça
A primeira ciclovia urbana de Aracaju construída pela PMA foi a da Avenida Augusto Franco. Hoje, a cidade já conta com três: uma para lazer (a do calçadão da 13 de Julho) e outras duas para trabalho (a da Augusto Franco e da Avenida São Paulo). As duas últimas fazem uma ligação crucial: elas conectam o Terminal do DIA até os arredores da região metropolitana de Nossa Senhora do Socorro.
Agora, outros trechos vão compreender o espaço entre a Avenida São Paulo e os Mercados Municipais, no Centro da cidade; além disso, será levantada outra ciclovia entre o Terminal do Distrito Industrial e a entrada do Conjunto Augusto Franco, passando na entrada dos bairros Santa Maria e Orlando Dantas.
A administração municipal pretende que Aracaju ganhe uma malha cicloviária com cerca de 54 km de extensão, sendo que cerca de 16 km devem ser concluídos este ano.
VIATURAS – O terceiro e último projeto é o de engenharia de trânsito e fiscalização. O prefeito explicou, juntamente com Bosco Mendonça, que a cidade está sendo dividida em várias regiões. Cada uma delas terá à disposição um carro de comando para fiscalizar melhor a região.
Com o objetivo de facilitar esse processo, foram entregues novos veículos: seis motos e quatro automóveis a serem distribuídos em pontos estratégicos. Os carros mais antigos foram revitalizados para suportarem a nova rotina. Para driblar a falta de pontos altos na cidade (Aracaju é uma cidade plana, no geral), a criatividade ordenou: os agentes ficarão em prédios.
“Não se justifica comprar um equipamento caro, como um helicóptero, por exemplo, para uma cidade como Aracaju, com apenas 500 mil habitantes. Seria um desperdício. Nesse caso, tivemos que encontrar soluções criativas e mais baratas”, justificou Déda. Outra medida é a mudança no sentido das vias, solução que, acredita o prefeito, deve dar mais agilidade ao trânsito aracajuano.
Por Wilame Amorim Lima
Da Redação do Portal InfoNet