UFS 2004: Motivação para concretizar os sonhos

As batalhas que milhares de candidatos travam em busca da aprovação no vestibular podem guardar um componente que determina seu sucesso ou fracasso: a motivação. Existem pessoas que já se sentem derrotadas mesmo antes de participar do processo, outras não estão nem um pouco interessadas no que vai acontecer, enquanto uma outra parte sabe o que quer e deve fazer. Essa teoria é defendida pelo terapeuta holístico e analista transacional, Eduardo Shinyashiki. De passagem por Sergipe, onde ministrou uma série de palestras, o especialista em auto-estima concedeu uma entrevista ao Portal InfoNet, falando sobre o perfil dos vestibulandos e como isto afeta o desempenho durante as provas. Confira: PORTAL INFONET – O senhor acredita que exista um padrão, nas personalidades, que acabaria afetando a maneira como os candidatos encaram o vestibular e suas futuras carreiras? EDUARDO SHINYASHIKI – É por aí. Para exemplificar isto vamos observar o que acontece em um campeonato de futebol. Nós vamos perceber que sempre existem os times que entram para fazer parte do campeonato. Os times que entram para não serem rebaixados, pois não são nem campeões, nem perdedores, e os times que jogam para vencer. São certas identidades que os grupos assumem. Este mesmo padrão pode se repetir com candidatos ao vestibular. Existem aquelas pessoas que vão fazer as provas, sabendo, por exemplo, que existem 200 vagas para aquela faculdade, ao se classificar em 302º se sente confortada e diz para si mesma: “Foi por pouco”. E se conformam. E não é por aí. É importante que as pessoas percebam que existem certas motivações, que cada um traz dentro de si, que são um tipo de gerenciamento de objetivos. Elas se tornam nossas bússolas, dão rumo às nossas vidas. Por isso aqueles que têm um objetivo já definido saem com vantagem profissional. No sentido de que parece que vai ficando mais simples administrar esta bússola ao longo da própria jornada. Diferentemente de quem ainda não definiu qual rumo seguir na hora de prestar um vestibular. Então, presta o vestibular, entra na faculdade sem convicção e, daí, começa um frustrante jogo de tentativas e erros. INFONET – Identificar qual a sua motivação ajudaria o candidato a adquirir uma ‘identidade campeã’? ES – Certamente. Em um concurso que registra, por exemplo, mil candidatos para um certo número de vagas, eu costumo dizer que os concorrentes não devem pensar que estão concorrendo com todo esse universo. Desse número, uma grande parte está simplesmente fazendo parte do jogo. Outra parte, por sua vez, sabe de antemão que vai perder. Então, às vezes, o número de candidatos que estão participando efetivamente do concurso cai para 10% do total de inscritos. Então, na realidade, é como se os candidatos estivessem concorrendo com apenas outros cem estudantes. E isto faz uma enorme diferença, porque muda o referencial interno dos concorrentes. Traz uma tranqüilidade, que apazigua muito mais a pessoa com ela mesma. Quando a gente tiver, efetivamente, mil pessoas que se preparando para disputar o vestibular, estaremos tratando de outra dimensão de concursos e de vestibulares. INFONET – O senhor acredita que, por serem muito jovens, muitos vestibulandos participam do processo sem atentar a importância do mesmo? ES – Eu acredito que quando alguém vai prestar vestibular, ou um concurso qualquer, deve ter presente a seguinte questão: “Eu estou fazendo isso para chegar onde?”. Eu costumo dizer assim: existem pessoas que parecem que ter um objetivo de entrar na Universidade. Há pessoas que têm o objetivo de se tornar um profissional. Então, quando elas estão fazendo o concurso, estão se vendo clinicando, ou advogando, ensinando, enfim, essas pessoas já têm uma visão e um sentimento de algo muito real e concreto. Ela sabe que cada etapa de preparação – estudar, ler, interagir com o conteúdo que vai cair dentro do concurso, dentro do vestibular -, começa a fazer parte natural de um movimento que vai conduzir ela para a concretização do seu sonho. Isto é o grande e imenso diferencial: a motivação que uma pessoa tem ao prestar um vestibular. Ela quer ser um universitário ou um profissional de sucesso? Se você acha que te exige menos ser apenas universitário, se acredita que prestar o vestibular é apenas um movimento natural, afinal, é o passo que se dá após terminar o Ensino Médio, você está desfocado. Corre o risco de ser mais um daqueles que serão, naturalmente, absorvidas pelo vestibular e que fazem parte daquela massa que “tanto faz”. INFONET – Mas existem também aqueles candidatos dedicados que se esforçam muito e não são aprovados. Qual é o problema? ES – Realmente existe um grupo de vestibulandos que estudam muito para fazer as provas. Dedicam-se aos livros pela manhã, tarde e noite. Tudo isto, muitas vezes, para realizar o sonho dos pais. Bem, quando esta é a única motivação central, é provável que chegue o vestibular e a pessoa comece a ficar desesperada. Provavelmente vai dar branco. Isso porque ela está fazendo uma coisa que, acredita, é sua obrigação: corresponder às expectativas dos outros, e não as delas mesmas. Quem se enquadra neste perfil deve aprender com aquele outro grupo, formado por pessoas que têm a noção do que querem para suas vidas, sentem um imenso prazer com a idéia de se realizar fazendo aquilo, e acreditam que estudar passa a ser uma conseqüência para alcançar este objetivo. A lição desse outro grupo é a seguinte: não preciso, necessariamente, estar negando a minha vida para me dar bem no vestibular, ou me dar bem em um concurso. E é exatamente isso. Afinal, uma pessoa estressada rende muito pouco. Até mesmo com uma sugestão eu digo: faça coisas que te divirtam, te deixem bem e relaxado. Quanto mais a pessoa tornar o vestibular seu único objetivo, como se a vida tivesse que parar, elas começam a criar uma pressão muito grande sobre si mesmas. Por isso curta a vida, tenha amigos, saia. Mas sem exageros. Lembre que você deve, também, manter uma rotina de estudo, mas ela não precisa ser sufocante. Outro alerta: bebidas alcoólicas e drogas não combinam com o processo de aprendizagem. Porque momentaneamente tira a pessoa de um estado de atenção de foco. Quanto mais natural o candidato estiver lidando com a própria vida, mais centrado estará para enfrentar o concurso. INFONET – O senhor fala que as expectativas dos pais não devem nortear a escolha dos filhos. Mas, infelizmente, este é um fato comum. Como pais e filhos podem resolver este impasse? ES – Geralmente os pais pegam os filhos e levam para um orientador vocacional. Eu gosto de pensar que este é um momento no qual os pais deveriam, isso sim, sentar com seus filhos e perguntar para eles o que eles gostam de fazer. Antes de dizer: você vai ser engenheiro, vai ser médico, vai advogar. É importante que eles transmitam aos seus filhos que independente das escolhas que eles fizerem, receberão apoio. Infelizmente, sempre existirão pessoas que dirão: “Pô, ser professor de Educação Física não dá dinheiro. Eu não quero isto para meu filho”. É, talvez o movimento seja para que este filho seja mais um professor de Educação Física. Ou, talvez, ele se torne um preparador da próxima seleção de volley, ou preparador físico da seleção de futebol. Esta é uma coisa que compete aos nossos filhos definir, desenvolver seus talentos. Agora, quando os pais começam a criar uma pressão sobre escolher uma profissão que dá dinheiro e status, começa a tirar e minar a autoconfiança do filho. Imagine o que este adolescente pode pensar: “Se não tenho condições de escolher a minha carreira, será que terei condições de passar no vestibular?”. E este é um momento muito importante. É quando as pessoas escolhem o seu futuro. E para isso é preciso que elas tenham em mente que vão passar, no mínimo, cinco dias por semana, oito horas por dia, fazendo aquilo que escolheram. Você pode fazer uma escolha por dinheiro. Vai ganhar dinheiro e não vai ser feliz. Ou você pode fazer uma escolha por aquilo que te dá prazer, e quando você faz aquilo que te dá prazer e assume o compromisso de ser excelente, isto também te dá dinheiro. Daí, a pessoa trabalha seis dias por semana, doze horas por dia, e sente que é compensado. É importante que em nossas vidas possamos ter o compromisso de fazer o que é certo e o que é gostoso e pensar: “Eu olho para minha vida e vislumbro meu futuro com alegria”.

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