Valor da passagem exclui cidadãos

Usuários reclamam do aumento do transporte (Fotos: Portal Infonet)
Com o aumento da tarifa do transporte para R$2,25, que entra em vigor a partir da 0h de domingo, 30, usuários passarão a sentir o impacto no bolso. O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luiz Moura, destaca uma triste realidade para milhares de pessoas que não podem pagar a tarifa. “Muitas pessoas vão a pé ou de bicicleta para o trabalho, basta observar o início da manhã para perceber a grande quantidade”, menciona.

Para o desempregado Gladston Santos Anunciação, que diariamente percorre vários quilômetros de bicicleta, o aumento não agradou. “Para quem está desempregado essa passagem é muito cara. Não tenho como pagar esse valor e com o aumento fica ainda pior”, conta Gladston que na manhã desta sexta-feira, 28, estava fazendo o trajeto do

Jilmara teme que o aumento prejudique seu emprego
conjunto Augusto Franco ao Eduardo Gomes, percorrendo cerca de 18 km.

Situação semelhante também é enfrentada por outro desempregado, Augusto César Santos. “Não tem como pagar essa passagem, então o jeito é andar de bicicleta ou a pé mesmo. É muito cansativo, mas com esse valor, não dá”, afirma.

Com um orçamento de apenas um salário mínimo proveniente do emprego do marido, a dona de casa Rosa Maria de Oliveira Lisboa, que é mãe de três filhos, enfrenta o sol forte da capital sergipana a pé. “Hoje tive que sair de casa para resolver um problema, paguei uma passagem até o Centro, mas a volta não tenho como pagar, tive que vim a pé. Esse aumento é um absurdo, faz com que a gente deixe de andar de ônibus”, conta Rosa que

Rosa diz que não pode pagar passagem e se descola a pé
mora no bairro São Conrado, Zona Sul da capital.

Rosa Maria lamenta não poder sair com a família. “Tenho três filhos e não dá para sair com todo mundo, porque meu filho de 12 anos já paga passagem. Meu irmão mora na Atalaia e quando quero visitar, vou andando mesmo”, diz.

Grávida, a doméstica Jilmara Santos observa que o aumento da tarifa pode colocar em risco seu trabalho. “A minha patroa com certeza não vai gostar desse aumento, então me preocupo porque fica pesado pagar essa despesa. Para chegar ao trabalho utilizo um ônibus muito ruim, que está sempre cheio e ainda assim, mesmo grávida, ninguém dá o assento”, reclama.

Impacto

Fazer o percurso de bicicleta é alternativa para quem não pode pagar

O economista do Dieese ressalta o impacto que o reajuste terá no bolso do trabalhador. “Aqueles que utilizam o vale transporte sentirão menos, porque parte da tarifa é custeada pelas empresas. Os estudantes, que geralmente tem a metade da passagem paga pelos pais, terão impacto. Como exemplo, podemos observar o que acontece em colégios distantes de onde os alunos moram, que com o passar dos anos tem diminuído o número de alunos. Outro público são as pessoas que não tem o benefício do vale transporte porque não tem a carteira assinada e pagam a integralidade da tarifa. Esses sentirão mais o aumento”, observa Moura.

Estudantes

De acordo com o presidente presidente da União Sergipana dos Estudantes (Uses), Aby Custódio, o aumento é abusivo e exclui a população que depende do transporte. “Na verdade o trabalhador vai pagar R$ 4,50 por dia. Os pais vão sentir no bolso a meia passagem para os filhos que estudam. Não vamos aceitar esse aumento, por isso, vamos fazer uma grande manifestação na tarde de hoje na avenida Rio de Janeiro”, promete Custódio, que já prever um ato na próxima semana, para chamar a atenção do poder público.  

Por Kátia Susanna

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