Violência doméstica: em Aracaju, 61 homens foram presos este ano

Em Aracaju, 61 homens foram presos este ano por violência doméstica (Foto: Pixabay)

O Departamento de Atendimento à Grupos Vulneráveis (DAGV) registrou a prisão de 61 homens, do início do ano até agora, por acusações de violência doméstica em Aracaju. Do total, 30 delas foram decretadas por mandado de prisão e 31 ocorreram em flagrante. A nível estadual, o  número de inquéritos policiais enviados ao Poder Judiciário, em 2019, chegou a 900, e a quantidade de medidas protetivas ultrapassou a faixa dos 450.

Estes dados mostram o resultado da pratica de crimes que vão desde ofensas a estupros. Apesar de serem altos, os índices ainda não retratam a realidade, por conta da subnotificação, que também é elevada. Propondo trazer uma reflexão sobre este tema, que afeta diversas famílias, é celebrado, neste domingo, 25, o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher.

A delegada Renata Aboim, da Delegacia da Mulher, conta que a incidência desta espécie de crime tem origem na educação e também no machismo. “A realidade só vai ser mudada quando a gente conseguir trabalhar essa mudança de paradigma. As pessoas têm que passar a ver o outro com mais respeito, procurar aceitar o comportamento do outro. Um dos fatores que fazem com que a mulher demore a procurar a delegacia é ela não ter identificado que já vem sendo vítima de violência. Quando começa um namoro, em que o homem começa a proibir que ela vista determinada roupa, vá para determinado lugar ou saia com certas pessoas já é um sinal de que virá uma coisa lá na frente. Não existe um companheiro exemplar que da noite para o dia vire carrasco. Ele vai dando sinais, e é a isso que precisamos estar bem atentas”.

Delegada Renata Aboim conta que violência doméstica tem origem nos problemas de educação e machismo (Foto: Portal Infonet)

No ano passado, foram aproximadamente 2.900 ocorrências de violência contra a mulher registradas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). É difícil, porém, mensurar a quantidade real, já que há um nível considerado de casos não notificados. “Sabemos que há vários casos que não chegam ao conhecimento da polícia. Os principais crimes são ameaça e lesão corporal, sempre seguidos de crime contra a honra, como xingamentos, difamações… A gente tem tentativas de feminicídio, casos consumados de feminicídio, mas felizmente não é a maioria dos crimes cometidos. O estupro é bastante subnotificado. O crime sexual sempre chega de forma inibida, porque é uma situação difícil para a mulher. Muitas vítimas se recolhem, preferem não tocar no assunto e tentar esquecer, e não têm a disposição de procurar a polícia para contar. Há a vergonha também, de forma equivocada a mulher se vê como culpada por ter sido vítima de crime sexual, muito pela cultura da sociedade de culpa-la pelo seu comportamento. Esse é um fator que dificulta a vinda das mulheres que são vítimas de estupros e abusos”, lamentou a delegada.

O ideal, portanto, é que a mulher, ao se sentir ameaçada, coagida e intimidada dentro do relacionamento ou por ex-companheiros, procure a polícia e faça a denúncia. “Mesmo que houver dúvidas, costumamos pedir para que nos procurem a partir do momento em que se sintam incomodadas. Talvez não seja possível fazer algo pela polícia, mas é importante que venha e converse conosco para que possamos orientá-las sobre a forma como agir, para que não se torne algo mais grave e irreversível”, finalizou Aboim.

Por Victor Siqueira

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