
De 26 a 29 de novembro de 2025, o Ilê Axé Alarokê promove em Aracaju e São Cristóvão/SE a 9ª edição do Xirê da Consciência Negra, evento que se firmou como espaço de visibilidade, resistência e produção intelectual das comunidades de terreiro em Sergipe. Com o tema “Reflexividade e Contemporaneidade – O Uso da Fotografia e do Audiovisual na Construção de Epistemologias Plurais nas Comunidades Tradicionais de Terreiro”, a programação reúne rodas de conversa, minicursos, mostras artísticas, lançamento de pesquisa e experiências culturais e gastronômicas que conectam saberes tradicionais e métodos acadêmicos.
A abertura, no Centro de Criatividade, traz o espetáculo de dança “Oníré”, o espetáculo teatral “Mandinga”, do Grupo Hecta, e uma roda de conversa que debate o Xirê como território de representatividade das religiões de matriz africana. Na mesma noite, será lançada a nova logomarca do Xirê, criada por estudantes de Design Gráfico da UFS, e divulgados dados do Mapeamento dos Espaços de Culto de Religiões de Matriz Africana em Sergipe 2025, realizado pelo Observatório de Terreiro de Sergipe.
Os dias seguintes fortalecem o diálogo entre pesquisa e prática: minicursos sobre antropologia visual e recursos sonoros aplicados às religiosidades, exibição do curta “Sobre Plantas, Mãos e Fé”, e mesas que discutem como fotografia e audiovisual atuam na construção de epistemologias plurais e territorialidades nas comunidades de terreiro. As atividades artísticas, a exemplo de teatro, dança, capoeira e música, integram conhecimento e ritualidade, culminando no encontro comunitário no Ilê Axé Alarokê com cozinha ancestral e encerramento ao som do Samba de Caboco.
Para a comissão organizadora, o Xirê renova compromissos políticos e epistemológicos. Danielle Azevedo (Oyá Tundé), que também é mediadora da roda sobre audiovisual, destaca que “o evento permite aos povos de matriz africana afirmar seu modo de ver e de ser. A fotografia e o cinema são ferramentas de memória que legitimam as formas de saber dos terreiros frente às narrativas hegemônicas”. Já Lina Delé Nunes ressalta a importância do mapeamento e da visibilidade: “Mostrar onde estamos e como cultuamos é também defender nossos territórios, cultural, simbólico e físico, contra invisibilizações e violência religiosa”, afirma.
Para o professor e um dos organizadores do evento, Genivaldo Martires, a articulação entre prática ritual e produção de conhecimento: “O Xirê é um espaço onde prática ancestral, pesquisa acadêmica e arte se entrelaçam para construir políticas de reconhecimento e cuidado aos povos de terreiro”.
O 9º Xirê da Consciência Negra reafirma a capacidade das comunidades de terreiro de produzirem saberes próprios e de dialogarem com a academia e com a sociedade em geral, usando as linguagens contemporâneas da imagem e do som para amplificar memórias, territorialidades e formas de resistência cultural em Sergipe.
PROGRAMAÇÃO
26/11/2025 – Local: Auditório do Centro de Criatividade (Bairro Getúlio Vargas. Aracaju/SE)
18h30 – Saudação de abertura do Xirê (com ogãs do Ilê Axé Alarokê)
18h40 – Espetáculo de dança “Oníré”, do Grupo Ará Ìjo
19h – Roda de Conversa: O Xixê da Consciência Negra como espaço de visibilidade e representatividade dos povos de religiões de matriz africana em Sergipe (Genivaldo Martires Olware e Lina Delé Nunes)
19h30 – Lançamento da nova logomarca do Xirê da Consciência Negra (produzida por alunos do Curso de Design Gráfico da UFS)
19h40 – Divulgação do resultado do Mapeamento dos Espaços de Culto de Religiões de Matriz Africana em Sergipe 2025 (realizado pelo Observatório de Terreiro de Sergipe)
20h – Espetáculo teatral “Mandinga”, do Hecta-SE
27/11/2025 – Local: Sala do PPGS. Andar superior da Didática II / Universidade Federal de Sergipe (São Cristóvão/SE)
14h – 17h – Minicurso “Antropologia Visual nos Candomblés do Brasil” (Prof. Dr Carlos Caroso)
17h20 – Espetáculo “Colheita”, da dançarina Elisa Araújo
27/11/2025 – Local: Auditório da Adufs / Universidade Federal de Sergipe (São Cristóvão/SE)
19h – Roda de Conversa: “Reflexividade e contemporaneidade: O Uso da Fotografia e do Audiovisual na Construção de Epistemologias Plurais e Territorialidades nas Comunidades Tradicionais de Terreiro” (Prof. Dr Carlos Caroso, Babá TacunLecy, Cláudio Fonseca, Lucas Cachalote Ogunlájáiré / Mediação: Danielle Azevedo Oyá Tundé)
20h30 – Exibição de filme de curta-metragem “Sobre Plantas, Mãos e Fé”
21h – Espetáculo musical com MC Pardal
28/11/2025 – Local: Auditório da Adufs / Universidade Federal de Sergipe (São Cristóvão/SE)
14h – 17h – Minicurso “Recursos Sonoros Aplicados na Pesquisa em Religiosidades” (Prof. Dr Luis Américo)
17h20 – Apresentação do Grupo de Capoeira Mestre Pinguim
29/11/2025 – Local: Ilê Axé Alarokê (Rodovia João Bebe Água, 1020, São Cristóvão/SE)
09h – 12h – Workshop “Povo de Sàngó: Diáspora e Ancestralidade Iorubanas” (Babá TacunLecy)
12h – Cozinha Ancestral (Experiência Gastronômica com Pratos Votivos de Terreiro)
13h – Encerramento com Samba de Caboco
Fonte: Assessoria de comunicação
