Artista belga explica pinturas sobre violência urbana

Artista aprecia o próprio trabalho, exposto na galeria do Sesc (Fotos: Ícaro Novaes/Portal Infonet)

No salão branco, enfileiradas ao longo das quatro paredes da galeria, a tonalidade degradê de cada pintura exige maior esforço do olhar. E é sob o efeito esfumaçado de cada uma das telas que está lá: cenários de vários tipos de violência, banalizados pela suas recorrências e indiferentes aos olhares do dia-a-dia. “Cenas de Violência: Silêncio” não é apenas mais um trabalho artístico da belga Marie-Ange Giaquinto, mas também um propósito de reflexão para o próprio comportamento de quem admira a obra.

Em exibição desde a noite da quarta-feira, 30, na galeria de arte do Sesc no bairro São José, as pinturas pela primeira vez estão suscetíveis a outros olhares, fator de orgulho para Marie. A artista diz que não precisou de tamanha inspiração para produzir o novo trabalho, mas sim abrir os olhos para os fatos que, no seu entender, passam despercebidos na rotina das grandes metrópoles. “Deparamos no dia-a-dia com muitas cenas de violência, de todo o tipo, e mesmo que você não vá atrás, elas de alguma forma chegam ao seu cotidiano. Pude sentir e captar essas imagens e então dei início a esse trabalho”, explicou.

20 pinturas compõem o trabalho "Cenas de violência: Silêncio"

O que mais causa inquietação em Marie, como a mesma diz, é o silêncio existente defronte casos de ‘violência’, aborrecimento exposto no próprio trabalho – perceptível em uma das pinturas, em que um negro é abordado pela polícia e, ao lado, permanece uma pessoa em tom de indiferença. “Quando eu desenho uma cena de violência eu mesmo estou em silêncio ao vê-la. Mostra como a violência se tornou banal e como a gente convive com isso e não percebe”, contou Giaquinto, que impôs como característica nesse trabalho, apenas cenários anteriores ou posteriores a atos violentos.

A estética do trabalho é inovadora para a própria artista. Ela abriu mão dos tradicionais quadros de chassis para usar telas semelhantes à proteção de janelas. “Eu propus sair do convencional e invés da tela de chassis, trago esse suporte maleável que até parece uma tela contra mosquito”, ri. No que tange a pintura em si, e esclarecendo a tonalidade degradê e efeito de fumaça, ela diz: “pinto com uma técnica de sfumato, onde a marca do pincel não fica visível. São sobreposições de camadas secas com tinta acrílica que dão esse perfil”, explica.

Uma das pinturas de Marie-Ange retrata a indiferença das pessoas

O trabalho de Marie-Ange fica exposto na galeria até o dia 25 de maio sempre entre às 10h e 18h. O Sesc São José fica localizado na Rua Senador Rollemberg, 301, São José.

Por Ícaro Novaes e Aisla Vasconcelos

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